"FIO DE SAXOFONE"

"FIO DE SAXOFONE"

Só como favor a desocupada leitora ou o folgado leitor continuarão a ler estas mal traçadas linhas... afinal, ninguém desconhece que o instrumento que mais parece um "cachimbo de Itu" não tem FIO, tem no máximo uma palheta. Porém, no nosso caso, o jornalista (E.R.) que nos procurou em casa em 1997 para uma entrevista SOBRE CAPOEIRA conseguiu não só "entortar" quase todas as nossas declarações como ainda "titulou" uma das colunas do texto dessa forma. São "coisas da Vida"... inevitáveis ! Só me preocupa o fato de que pesquisadores (?!) AFOITOS levem a sério aquela "baboseira" toda. Mas, não fui nenhum santo... espalhei por meia Belém cartas (via CCCP) que criticavam abertamente 3 ou 4 mestres locais. De nada adiantou, continuaram exatamente como eram e eu só fiz "queimar meu nome" entre os Grupos.

Tudo isso "o vento levou"... contudo, ficaram as ESTÓRIAS ! Não, esse argumento não é meu, tem um dono. Ignoro que motivos levaram o magnífico cenógrafo do SESC-Doca Luís Carlos Moraes a me "escalar" como mediador (?!) num debate entre os 2 nomes maiores da Capoeira local, inimigos declarados àquela altura "do campeonato", 18 ou 19/nov. de 1987. É de um deles a frase bombástica:

-- "Vocês tão explanando um relato histórico, mas o que conta mesmo são... AS HISTÓRIAS" 1

O protesto tinha por alvo dois rapazes com pinta de universitários, que estavam a provocá-lo com perguntas capciosas, na intenção de irritá-lo. E conseguiram !

Deu-se o debate por encerrado pouco depois, passando a seguir breve documentário sobre o Maculelê de Santo Amaro. "Julinho" -- seu nome quando menino, me confessou em depoimento de 3/1989 -- "saiu bufando" ! ESTÓRIAS é o que não faltam na biografia desse grande mestre (na visão da maioria), que só chegava atrasado nos eventos, mesmo os seus, quem dirá quando convidado. Num dos últimos "nesse vale de lágrimas", marcado para 9 ou 10 da manhã, o foram buscar em casa... às 13 horas, dizem as más línguas e eu acredito.

Em meados de 1994 ou 95 me caiu nas mãos um convite, feito em gráfica, numerado, 476 no meu, a 5 reais a entrada. BATIZADO cobrando ingresso era novidade... 10 MESTRES de renome nacional convidados, evento no maior shopping do Estado, recém-inaugurado. Entendendo eu que a Capoeira sairia bastante prejudicada se houvesse confusão, preveni à Diretoria que o responsável costumava "atrasar um pouco" seus eventos. A Gerência ignorou a advertência... "se passar das 18 hs vai ter que sair" !, retrucou o diretor. Deu azar... não saíram e o pessoal do "skate" entrou na quadra, na Roda "e no pau" também. O assunto "rendeu" nos Jornais e na TV, num programa policial ! Não foi por falta de aviso... mas, realmente, o que conta na Capoeira são AS ESTÓRIAS !

Jamais contei sobre o "capoeira" que devorou 13 pãezinhos e meio, "lanche" do pessoal que faria shoe em nov./1990 no THW ou do "boxeur" que visitou o Grupo do mestre "JÔ" (por onde anda ?) em 1992 ou 93 e "desancou" seus alunos novatos. O sujeito seria aluno de um certo Reis, da Terra Firme, que praticaria também karatê. "Jô" treinou umas 3 semanas "jabs", "uppercuts" e convidou o talzinho para um jogo... ah, coitado ! Nunca apanhou tanto na vida ! O que conta na Capoeira são as HISTÓRIAS !

"NATO" AZEVEDO (24/abril 2021, 20hs)