HISTÓRIA... DE QUÊ ?!
HISTÓRIA... DE QUÊ ?!
Definitivamente, 1990 foi um... ANO BOM ! Graças ao mestre "Robertão" -- que nos cedera de graça uma casa sua -- pudemos sair de uma garagem sem água, banheiro, porta ou janelas e ir morar num lugar decente. Enquanto jornaleiros, íamos gastando todo o dinheiro que sobrava em "coisas da Capoeira", tudo o que aparecesse. Montamos considerável acervo, una 15 discos LP, mais de 20 fitas cassette gravadas (cópias), umas 60 revistas, 415 páginas de jornais, sendo umas 80 do Pará, perto de 20 postais raros, umas 300 fotos e inúmeros brindes, cartões, uns 20 livros, cartazes em serigrafia e impressos, convites, decalques, folders, o "diabo a 4"! Eram 3 malas grandes lotadas !
Um belo dia decidimos vender tudo, por volta de 1994... enviei ofício para as maiores universidades de Belém, nas quais eu visitara a biblioteca constatando que pouco ou nada tinham. Como exemplos, a antiga ESEFPA - Escola Superior de Educação Física só possuía 1 obra, um livro de André Lacê e uma apostila em xerox e, na famosa UNAMA, nem isso ! Para nossa surpresa, NENHUMA delas se interessou pelo extenso acervo -- o CENTUR até enviou "casal" à nossa casa -- que iniciou custando R$ 1.500,00 e findou valendo apenas 1.000 reais, agora ofertado para o Museu da UFPA já em 1996, com o folclorista Vicente Salles dirigindo.
Segundo êle, não havia verbas, se eu quizesse DOAR... "doei" CD-ROM de livro de quase 1500 páginas sobre a imensa coleção de material afro de um Museu carioca, não lembro o nome, e mais 11 pags datilografadas com a relação (data e títulos) de uns 300 JORNAIS nossos, de vários Estados, com notas e reportagens sobre Capoeira. É o que deve estar lá no Museu paraense hoje ! Ainda não entendemos a recusa de tantos órgãos oficiais em ter um acervo que se afigurava ÚNICO em têrmos de Pará, talvez do Norte inteiro.
Esse material ficou conosco até um azíago dia de 2009 ou 10, quando decidimos "encerrar aquele capítulo" de nossa "história": o que não virou cinzas (ou foi rasgado) vendeu-se como "papel velho" para a RIOPEL, 900 kg e 1300 kg em duas viagens. Esse acervo poderia estar hoje no Rio mas, "graças a Petrobrás", isto não sucedeu ! A partir de projeto virtual, sugeri a venda/compra da coleção por ela, que doaria ao citado Museu. Por exigência dela (em 1996 ou 2008, não sei ao certo) paguei SEDEX caríssimo com o envio da proposta oficial... a empresa nem se dignou retirar de sua Caixa POSTAL. O Correio me devolveu lacrada! Como diz o Destino... "o que é pra ser, será" !
Mas, voltemos a 1990... envolvido com escritores de Ananindeua -- onde vivo desde 1986 -- conheci o jornalista Carlos ANO BOM, do nosso círculo, gentilíssimo, sério, uns 70 anos já e que, certa vez, filmara uma de nossas reuniões literárias. Aproveitei a "deixa" e lhe sugeri REGISTRAR a Capoeira de nosso bairro Cidade Nova VI, tido como perigoso na época. Não se negou, oferecendo sua casa como palco, pra lá êle não ía com sua valiosa filmadora. Graças à bondade deste "homem das Letras" boa parte do "Grupo "Berimbau de Ouro" foi registrado e, logo depois, findaria extinto.
O escritor do "Jornal de Ananindeua" gostou do que viu... assim que tornei a convidá-lo, agora para Marituba, foi com prazer e gravou para a posteridade o BATIZADO (como Mestre) do então prof. "Beto", do Grupo "Escravos Brancos", 30 ou mais capoeiristas e eu entre êles, "posando" de presidente de um Centro Cultural que só foi "dor de cabeça" e que a única coisa que fez bem foram as EXPOSIÇÕES de fotografias, tanto no CENTUR quanto dentro de EPs famosas de Belém, findando por volta de 1992 em Marituba, numa grande escola pública ao lado do hoje Ginásio Municipal. Para nosso "castigo", no mesmo colégio (o Ferrari ?) um espertalhão que recebera CR$ 92 MIL cruzeiros da época (uns 15 mil reais) mostrava o resultado, numa tenda, de seu trabalho (?!) com meninos de rua da capital... 3 vasinhos de barro e 2 estatuetas ! Foi ali que desistimos de tudo e "enterramos" nossos sonhos !
"NATO" AZEVEDO (em 13/dez. 2020, 16 hs)
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OBS: se não houver "surpresas" pelo caminho, em breve essas IMAGENS estarão na Internet, graças ao empenho do contramestre SAN, do Grupo MUZENZA, aqui de Belém.