Capoeira: A respeito das origens remotas da Capoeira!

Capítulo 7. Capoeira

Folclore do Brasil, Luís da Câmara Cascudo (1967)

...Vale lembrar aqui, que a marginalização da capoeira existiu até a década de 1930, quando o Estado brasileiro sobre as mãos de Getúlio Vargas a retirou do código penal. No entanto, vale lembra ainda, que como outras manifestações afro-brasileiras, a capoeira continuou, quiçá continua, em nosso dias, marginalizada.

Levantada a lebre, Cascudo afirmou a existência de três centros tradicionais de capoeira: Rio de Janeiro, local onde grupos de capoeira Guaiamuns e Nagôs estiveram sempre uma grande rivalidade e constantemente entravam em confronto; na Bahia, local que os capoeiras estariam agrupados e identificados pelo seu bairro de origem (Sé, São Pedro, Santo Inácio e Saúde); e por último Recife, em que relacionou a capoeiragem de até 1865 com a disputa entre duas bandas de música, a do Quarto Batalhão de Artilharia e a do corpo da Guarda Nacional (maestrada pelo espanhol Pedro Garrido). Facções “irreconciliáveis”!, segundo o autor. O Quarto Batalhão chamava os integrantes do Corpo da Guarda (Espanhóis) injuriosamente de “cabeça sêca”. As bandas teriam desaparecido, quando os integrantes do 4º Batalhão foram a guerra do Paraguai e não mais voltaram, sobre a outra banda o autor não menciona como se deu seu fim.

No exercício da capoeira, segundo o autor, os jogos de exibição obedecem regras inquebráveis, sempre ao som do berimbau e se valem de golpes de perna, pé, calcanhar e cabeça, raramente se usam as mãos. O nome de alguns chibata, armada, balão, bananeira. No entanto, quando a capoeira era usada em acertos de contas não se fazia o uso da musicalidade, podendo até terminar em morte, já que nesses casos era comum o uso de facas ou navalhas.

Lançando mão de seus referentes teóricos de folclorista, nosso autor afirmou que todos os elementos que davam forma a capoeira do inicio do século XX, aquela do notório Siríaco, tinham tomado de empréstimo “aspectos da antiguidade”, tendo como correlato a “valorização da agilidade disciplinada”. Na procura de um passado para essa manifestação cultural, lembrou que todos os povos tem lutas antigas e que elas estão fundamentadas na luta clássica greco-romana em que se procura retirar o adversário do solo, mas que nenhuma lembraria o jogo da capoeira.

Procurou, dessa forma, as referencias próprias da capoeira: Indicou, através das fontes brasileiras, que a capoeira veio de Angola. Em Salvador foi chamada de Capoeira de Angola (vadiação ou brinquedo) , tendo como variação a angolinha, mais simples, porém não menos difícil. Do Rio de Janeiro ligou a capoeira a Pernada, com golpes de perna e pontapés como no Savage francês,, e atribuiu a essa arte a preferencia de negros, mas que também, ao final do Império ela atraia muitos rapazes ricos que acabavam com os bailes ou desafiavam autoridades. Isso só afamou mais aquela forma de luta. Veio com a fama a repressão a capoeiragem do Rio de Janeiro pelo Chefe de Polícia Sampaio Ferraz, e com a coerção aos capoeiras da alta sociedade um crise ministerial entre Campos Sales protetor do Chefe de polícia e Quintino Bocaiúva.

Ainda na procura de especificadas para a capoeira, apontou a falta de informações africanas sobre a capoeira do Brasil. Em África, segundo Cascudo, ela teria sido uma manifestação ritualística, aspecto que se perdeu no caminho para o Brasil. Por intermédio de um autor africano, Albano de Neves Souza, Câmara Cascudo afirmou que o correlato da capoeira brasileira, do lado de lá do atlântico foi o N’golo. Luta no qual o vencedor escolhia para si uma menina entre as que atingiram a puberdade sem precisar pagar o dote. Segundo nosso folclorista, o autor africano afirmou: “O N’golo é a Capoeira...” e que, os africanos vindo para a América portuguesa pelos portos de Benguela, interagiram com a luta com os pés chamada de Bassula, trouxeram-na e que esta teria se transformado de peleja tribal e cerimonial para algo que lhes ajudou a subsistir e a impor-se nas terras tropicais. Outro fator que, segundo o autor, pode atribuir o N’golo como origem da capoeira no Brasil era o uso de instrumentos, o Berimbau. Chegando ao Brasil, os negros como escravos que vieram do sul de Angola e passaram pelos portos de Benguela ampliaram a agressividade, incluindo facas e preferencialmente navalhas. Em Angola, o N’golo não usava nenhum tipo de arma, somente os pés e a cabeça. As armas de mão como o cacete e paus foram uma contribuição portuguesa, dos jogadores de pau, famosos no norte de Portugal.

Visita obrigatória ao link abaixo, pois ele coloca o texto completo (acima é um resumo) com desenhos magníficos de Albano Neves e Souza e texto do pesquisador que não brinca em serviço:

Luis da Câmara Cascudo!

http://venenodanoite.blogspot.com/2015/06/folclore-do-brasil-1967-luis-da-camara.html

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A respeito das origens remotas da Capoeira

é interessante transcrever Albano de Neves e Souza, que escreveu de Luanda, Angola, a Luis da Câmara Cascudo, afirmando: “Entre os Mucope do sul de Angola, há uma dança da zebra N’Golo, que ocorre durante a Efundula, festa da puberdade das raparigas, quando essas deixam de ser muficuemas, meninas, e passam à condição de mulheres, aptas ao casamento e à procriação. O rapaz vencedor do N’Golo tem o direito de escolher esposa entre as novas iniciadas e sem pagar o dote esponsalício. O N’Golo é a Capoeira.”

Em seguida, Albano de Neves e Souza passa a expor sua teoria a respeito da evolução do N’Golo no Brasil: “Os escravos das tribos do sul que foram através do entreposto de Benguela levaram a tradição de luta de pés. Com o tempo, o que era em princípio uma tradição tribal foi-se transformando numa arma de ataque e defesa que os ajudou a subsistir e a impor-se num meio hostil”.

http://es.scribd.com/doc/231574/Origem-da-Capoeira

Fonte:

https://riachaotavacantando.wordpress.com/2011/03/17/origem-da-capoeira/