Capoeira: Macaco Besouro! (conto surreal)
Saí ligeiramente alegre do elevador do Edifício Central para visitar meu amigo "Guará"!
Já no corredor levo um susto danado. No fim do mesmo está uma figura monstruosa, um chimpanzé da minha estatura, com uma caixa torácica que media 3 da minha. Se nós temos 2 pulmões, aquele peste tinha 4 no mínimo.
Estranho mesmo era êle estar de kimono com faixa preta e tudo. Eu que fui fã da "Chita" do Tarzan e frequentador assíduo dos circos, sabia que os chimpanzés são dóceis, com reações quase humanas. Fui em direção ao mesmo com certo receio (devido ao tamanho da besta) enquanto o "micapeta" guinchava assustadoramente e sorria de orelha a orelha literalmente.
Embora o corredor fosse bem amplo deslizei rente à parede, tentando evitar um contato maior com o peste. Notei que seus olhos estavam "dando a maior bandeira", indicando que êle dera um "tapinha" num cigarro sem marca, a erva maldita.
Pressentindo um possível medo, aquele tapete ambulante partiu para cima de mim com os braços em forma de cruz credo. Se o capeta tinha uns 1,70m de altura, cada braço do símio tinha o mesmo tamanho. Vedada a minha passagem pelo corredor, estava explícita a provocação:
êle queria briga, então briga êle vai ter!
Provavelmente ensinado pelo instrutor a detestar capoeiristas, tinha me reconhecido pelo berimbau do tipo mestre Waldemar! Desarmei o "beriba" e esgrimei o estranho florete para cima da besta e "touché": Acertei duas estocadas magníficas, enlouquecendo a fera! Com gestos me mandou a mensagem que quem vive na guerra conhece o significado:
braço esquerdo ai, mamãe, braço direito, ui, papai!
Perna esquerda, hospital, perna direita, cemitério!
As estocadas tinham aberto a caixa de Pandora e possivelmente nem Mestre Bimba me salvaria. Ginguei bacana e mandei um "mata cobra", o golpe mais perigoso da Capoeira, a "meia lua" inteira. O problema é que a Capoeira é o Esperanto das Artes Marciais, pegando um pouquinho de cada Arte e esse golpe o macaco já conhecia! Mandou-me uma "contra-meia lua" que levou meu bigode e quase leva meu nariz junto.
Meti-lhe um "corta capim" e êle fez um rolamento com seus 60 quilos em cima de minha rótula, que ficou na mesma hora sem rótulo" Abri meu baú de golpes e peguei o "pulo do gato"... um golpe que êle não conhecia, o "vôo do morcego". Me dei bem: meus pés bateram em seu peito fazendo o som do tambor e deslocando-o 1 metro para trás, enquanto eu me estatelava de costa. Êle revidou com um mortal relâmpago, aterrizando com as 4 patas (digo, mãos e patas) no meu estômago.
Vi São Pedro abrir a gaveta e ouvi as trombetas dos arcanjos enquanto êle lia meu nome, mas me recusei a ir! Dei-lhe um galopante e meu reflexo de "capoeira" me salvou. Parei a mão a 1 centimetro daquela boca de orca e ouvi o cléckt das 48 "navalhas de marfim" se entrechocando, aonde deveriam estar meus dedos ou minha mão. Fiz um rolamento e tirei aquele tapete de pulgas de cima de mim. Botei "10 no coelho", 20 no veado", passei sebo nas canelas e disparei escada abaixo, só parando no 1º Supermercado que encontrei.
Comprei uma dúzia de bananas da terra (aquelas que pesam 1 quilo cada uma) e voltei a 120 km por hora, chegando no corredor com uma "gravata vermelha" de quase um palmo. Meti a mão no saco, retirei o cacho e virei uma "metralhabananadoura" mandando grananadas pra cima do dito-cujo. Era eu jogando e ele pegando! Pegou com uma mão, com a outra, com um pé, com o outro, com o rabo e finalmente com a boca! Sobrou meia dúzia de bananas, que joguei com força total no peito dele. Êle agasalhou com os braços, pernas, rabo, virando quase um tatu-bola. Aproveitei e passei pelo capeta, satanás, demônio, abri a porta da sala do "Guará" e gritei:
"Nunca mais eu venho aqui!"
FUI !
Link do texto com fotos:
http://professorleiteiro.blogspot.com/search?q=besouro
Comentários:
Fermino - 22 de setembro de 2013 16:35
Não sei qual foi seu interessem em relacionar o filme "Besouro" com planeta dos macacos. Antes de tentar fazer qualquer comentário e postar na internet, primeiro revise seu texto.
Leiteiro responde - 24 de setembro de 2013 08:33
Que pena FIrmino, mas num texto tão bom quanto este sobre o Besouro, voçe só tenha visto a foto fora do conTexto! Ela está fora porque o texto sobre Besouro termina no link: Penso, logo Brigo! A foto lembra Zira, figura feminina espetacular para quem (como eu) viu o filme na época! (1980?) Nessa época um menino de 13 anos não matava os pais e avós a sangue frio! O contrasenso é um macaco filmando os "humanos"! Note que ela está com um cigarro nas mãos, seu lado humano com certeza! Meu texto é sobre o macaco Besouro e mesmo revisado, lerás sempre voçe com ç, que eu chamo de assinatura invisível de meus textos! Grato pela visita, volte daqui uns 5 dias neste texto e não deixe de ler As peripécias e desventuras de Bebeto e Leiteiro no RJ!