DOM-DIM-DOM... ESTÓRIAS E HISTÓRIAS !

DOM-DIM-DOM... ESTÓRIAS E HISTÓRIAS !

"O Passado teima em se repetir...

algumas vezes como História,

outras vezes como farsa".

(de autor desconhecido)

"Quem não conhece o Passado

está fadado a repetí-lo" !

MACHIAVEL (in "Príncipe", 1530?)

Na Capoeira de Belém fui muito pouco visto, "mal visto" quase sempre ou nem sequer conhecido. Ao meu irmão Renato (vulgo "CARIOCA") cabem os méritos de ter colaborado em diversos Grupos, visitando-os ou, ocasionalmente, apoiando seus professores, adiante mestres. Mesmo nas raras vezes em que me atrevi a frequentar Rodas ou Academias (entre 1987/92), ainda assim as visitas foram por indicação ou insistência dele. Se eu, com pouquíssima atuação na Capoeira local, tenho estórias e fatos para contar, fico a imaginar quem viveu nela por 30 ou até mais anos.

Entretanto, os tempos de falar se foram... a "Lei da Mordaça", digo, "do MARCO CIVIL da Internet" veio calar definitivamente quem tenha algo para contar, agora só se admitem elogios. "Falar mal" pode custar caro ao "linguarudo", TUDO e qualquer coisa se transforma em "difamação", basta o "ofendido" interpretar (?!) dessa forma o fato relatado. Portanto, para evitar dissabores, "conto o milagre mas não revelo o nome do santo" que, no presente caso, nada tem de santo -- sem de Santos, parece ser Silva, pelo visto -- mais uma "peça" de um enganador profissional.

Soube há algum tempo atrás que teria morrido... "já foi tarde", pelo que "aprontou" na Capoeira local. Tive até pesadelos ! Sonhei ver o demônio-mor, o ex-"anjo da luz" Lúcifer aos pés de Deus, a implorar:

-- "Senhor, tire aquela "peste" lá do meu Reino... está mandando mais do que eu, transformando minha vida num "inferno" e "dando em cima" das minhas "Diabettes" !

É difícil falar das "diabruras" do sujeito... são tantas as que assisti -- fora as dezenas das quais ouvi falar -- no pouco tempo em que me vi "obrigado" a atender seus caprichos (umas 3 semanas, em 1988, a partir de um centro cultural que êle tentou criar e meu irmão mais eu concretizamos, para nossa desgraça !) que nem sei por onde começar. Estávamos num Grupo de Capoeira, num centro dito comunitário, aqui do nosso bairro, quando êle entrou feito um "furacão" em 1987, esbravejando contra o mestre local, "que lhe tomara o espaço"... a história real era outra !

Acostumado a inaugurar espaços e a deixar "qualquer um" ensinando no seu lugar -- como desculpa para não dar aulas um eterno problema no menisco -- foi o suposto aluno que cedera o espaço. Pouco depois, os Bombeiros requisitaram o prédio e o Grupo de Capoeira de dispersou ! Conheci o sujeito por ironia do Destino, pois só fui 2 vezes ao local... na segunda, 1 aluno pilantra do outro mestre "afanou" o relógio de amigo meu, que levei ao Grupo. Tive que denunciá-lo ! Tempos depois, em março/1988 meu irmão me informou sobre reunião em Belém para criação de um Centro Cultural que aglutinaria capoeiristas de todos os Grupos, sem distinção alguma, com o objetivo de organizar e fundar um grupo para shows em bares e empresas. Sabia eu que o "cabeça" do projeto era o tal sujeito, mas só então pude conhecê-lo a fundo.

Era uma "bomba-relógio" ambulante, prepotente, "auto-suficiente" (não ouvia ninguém), intolerante, nada educado, intransigente e "megalomaníaco"... participaram 13 pessoas de 7 ou 8 Grupos, sem nada se definir. O tal mestre mal sabia escrever, substituí-o na "ata" da reunião, escrita num papel de embrulho rosa (que guardei por anos), o indivíduo não levara nem caneta. A "estória" morreu ali !Pegando a sua idéia, fundamos o Centro (CCCP) em maio/1988 dentro do SESC-Belém... foram só aborrecimentos, nada se fez de efetivo, além de 2 shows "vergonhosos" -- os que se comprometeram a participar não compareceram -- e 3 exposições fotográficas feitas "na marra" por nós 2, com a colaboração do multiartista Nelson Guedes, já falecido. E foi o FIM do CCCP... mas não cessaram as "visitas" dele à minha casa, até meados de 1989.

Ao contrário de meu irmão Renato que declarou em 1993 num programa de TV "que em Belém não tinha mestre"... "se tem EU NUNCA VI"!, completou, convenientemente "editada" de má-fé só com o trecho inicial, eu sabia haver mestres em todos os lugares. A população vê com simpatia qualquer proposta de ensino de Artes ou ofícios e quem "se oferece" logicamente entende (?!) do assunto. Por isso espertalhões de todo tipo têm um vasto campo "de atuação", principalmente para golpes ou para "fazer o próprio nome" sem dar 1 aula sequer, pondo substituto iniciante ou despreparado em seu lugar. E não falo de ensinar em "buracos", locais humildes, etc... a "regra" valia nos anos 80 e 90 para colégios nobres, academias Classe A e até Universidades respeitadas. Mas, cuidar disso nunca foi da minha alçada ou da minha conta !

Lamento somente que a Federação recém-fundada (FEPAC) em 1994 não tenha se proposto na época a inscrever a Capoeira no "Troféu Rômulo Maiorana" de esportes, criado exatamente naquele período e hoje com repercussão nacional, além de quantias em dinheiro. Penso que a FEPAC, seja lá como fôr, foi um marco para a Capoeira, passo que tentamos em 1988 e que todos recusaram... queríamos iniciar "rebaixando" as graduações de todos para "corda azul" (instrutor ou professor), monitorando o graduamento a partir daí. "Foi um escândalo" !

Voltemos, pois, a 1989, "um ano cheio" ! O elemento queria inaugurar aulas numa modesta mas caprichada academia na praça de Marituba. Eu, mal almoçara, lá vem êle com mais 2 jovens e o futuro "mestre angoleiro", mero "saltador" que ficaria melhor num circo. Levei meu berimbau, até porque não tenho "nem cheiro" de jogador de Capoeira. Torcendo contra, meu irmão foi depois, só para assistir o "desastre" ! Tardezinha de domingo, praça lotada de desocupados e nós lá... 2 nos berimbaus -- êle com "problemas" no menisco -- e 3 jogadores meio inexperientes "se virando" na tal "Roda". Achou pouco: ofereceu DEZ VAGAS GRÁTIS na Academia, que nem era dele ! Resumo da "novela": jamais deu 1 aula sequer ("costume" seu) nem o suposto contramestre "rei dos saltos" foi substituí-lo. Pouco depois fui "reconvidado" para visitar luxuosa e enorme Academia, entre as melhores de Belém... o local ía fechar e o mestre (?!) decidiu fazer 1 "herdeiro", o tal, "gênio da Angola". Tivemos que lhe emprestas a calça e até a camiseta. O mestre, vestido de turista japonês, fez uma Roda enorme, uns 30 metros, de diâmetro, usando o salão inteiro. Pra encurtar a"estória", o sujeito usava a corda de mestre para amarrar a "cabeleira". Chegou na nossa Roda de sextas à noite, numa praça do bairro, com ela amarrada na coxa !

O azíago 1989 me traria vários outros dissabores, e até "casinha" me armaram, num Grupo de Belém. Convidado por mestre de renome, quando lá cheguei me deparei com 1 mesa de "interrogadores": "souberam" que eu pichava o Grupo lá no CENTUR, desaconselhando sua contratação para shows, quando era exatamente o contrário ! À frente 1 contramestre "nervosinho", que dias antes eu denunciara á diretoria da empresa onde trabalhava (na recepção), porque amassara totalmente minha carteira de identidade.

Para nosso azar, o CCCP e êles se apresentaram no mesmo evento messes depois, com meu irmão "empestando" o salão inteiro com archotes de estopa embebidos em querosene vagabundo, show que deu o que falar. Nunca mais nos chamaram para nada... a apresentação anterior, nas férias de 1988, foi outro vexame: 1 berimbau só e atabaque emprestado de uma Banda de rock !

ESTÓRIAS são "causos", fatos que vão sendo divulgados pelas "centrais de fofocas" com deturpações, acréscimos irreais, ocultação de trechos e até a troca pura e simples do personagem real do "caso" retratado. Infelizmente, nem esses podem mais ser contados, a não ser OMITINDO nomes e detalhes que possam identificar o "estoriado".

Mesmo assim não me saem da memória tantos "causos" que eu encheria 1 livro de peso com êles. Em set./1989 a mãe de jovem mestre veio de Fortaleza atrás do grande nome que formara o filho na Dança-Luta. "Tropeçou" conosco... me propuz encontrar a figura, lá em Belém, hora e meia de ônibus. Ela me deu fita cassette, máquina fotográfica e dinheiro para comprar filme 110, da KODAK. Queria levar de lembrança depoimento do "mestrão" e fotos. Só levou decepções... voltei 2 dias depois e o sujeito não fizera nada, nem 1 foto sequer. "Embolsou" a grana e ficou por isso mesmo !

Meses antes me fizera visitar seus ex-alunos famosos, queria deles apoio em dinheiro para remontar seu Grupo. Numa empresa enorme conseguimos sorrisos... numa mansão nobre de bairro chique uns 200 cruzados, algo perto os 120 reais hoje. Das 2 figuras históricas gravei hora e meia de depoimentos em fev./1989: chegaram a Belém "sabendo pouquíssimo", segundo suas próprias palavras ! O mais esperto EXIGIU a devolução da MINHA FITA cassette, ciente do conteúdo dela, pois dei-lhe cópia escrita com 11 páginas. O outro nem ligou, está "blindado" por uma fama inexplicável para pessoa que não se vê/via em alugar algum por anos. FICO POR AQUI... já falei demais !

"NATO" AZEVEDO (em13/jan. 2019)