Hexa?

HEXA?
Miguel Carqueija

Muito se falou este ano no cobiçado “hexa” para a seleção brasileira, que se pretendia obter na Copa da Rússia — até a derrota para a Bélgica.
Mas está certo falar em hexa? Ou em penta, que teríamos logrado obter em 2002?
Quando eu era criança comecei a me interessar pelo futebol na Copa de 1958 na Suécia (ainda era a “Jules Rimet”), quando o Brasil se sagrou campeão pela primeira vez. Passei a acompanhar o Campeonato Carioca, pois ainda não haviam unificado o país para uma disputa a nível nacional. Tanto que existia o Rio-São Paulo, disputado entre os principais das duas metrópoles. Acabei me desinteressando em acompanhar essas competições (e tempo houve em que sabia de todos os resultados!) por volta de 1964, quando conheci a Rita Pavone e graças a ela me interessei em outros grandes artistas do rock, como Elvis Presley, Neil Sedaka, Brenda Lee, Petula Clark, Celly Campelo. E também descobri as literaturas policial e de ficção científica. Ou seja, ganhei novos interesses. Mas sempre continuei acompanhando pelo menos a Copa do Mundo.
Pois bem, naquele tempo eu ouvia falar sim em bicampeonato, em tricampeonato. O Flamento ganhara um tri nos anos 50, o Botafogo foi bi em 1961-1962. E em 1962 a Seleção Brasileira obteve o bi no Chile.
Foi em 1970 que a semântica aparentemente mudou, quando ganhamos no México e se falou no tri (perdêramos em dolorosas circunstâncias na Inglaterra em 1966, em boa parte por causa da violência que nossos craques sofreram, principalmente Pelé). Ora, até onde entendo essas expressões — bi, tri, tetra, penta, hexa — servem para títulos seguidos e não alternados. Ou seja, o Brasil só poderá ser hexa quando ganhar seis copas mundiais seguidas.
Ou seja, no Dia de São Nunca.

Rio de Janeiro, 28 de julho de 2018


imagem pixabay