UM ERRO DA CEGONHA

O povo brasileiro anda carente de ídolos e esta verdade fica mais visível em ano de Copa do Mundo, quando todos os olhares se voltam para os jogadores da Seleção Brasileira, que passam a ser cultuados como verdadeiros heróis. Época de Copa de Mundo deixa o povo anestesiado, de modo que todos os problemas pessoais e nacionais deixam de ser prioridade, porque o que todo brasileiro mais deseja é ver gol; é ver os jogadores brasileiros conquistarem uma estrela a mais para a camisa, como se isso mudasse a nossa vida em alguma coisa.

Embora seja brasileira, não vejo a menor graça em jogos de futebol e, particularmente, não torço pela Seleção Brasileira. Não consigo entender a razão pela qual o País inteiro para, com o intuito de assistir a um jogo que não influi nem contribui em absolutamente nada no andar dessa carruagem brasileira.

Também não entendo como tudo é paralisado a fim de acompanhar um jogo, mas ninguém parou num dos momentos mais cruciantes de nossa história: quando os camioneiros pararam seus veículos na estrada, lutando por uma redução no preço dos combustíveis. Aquele sim era o momento de todos os brasileiros pararem tudo, cruzarem os braços e mostrar quem é que manda no País.

Acho um desperdício de tempo, gente que sequer sabe como escrever a palavra HEXA, deixar seus afazeres para torcer e vibrar por um grupo de jogadores de futebol, como se fossem pessoas profundamente especiais e que, através do seu jogo podem modificar o rumo da vida de nosso País.

Não sei qual é a vantagem de termos o título de campeão, vice-campeão, tetracampeão ou hexacampeão. Qualquer título que o futebol brasileiro ganhe ou deixe de ganhar, em nada modifica o rumo da minha vida e a de milhões de brasileiros. Então, não consigo entender a razão desse orgulho besta por um título que não nos faz ganhar ou perder coisa alguma; que em nada altera o curso de nossas vidinhas.

Não vejo razão para se endeusar figuras como Pelé, Romário, Ronaldo Fenômeno ou Neymar Junior, entre outros considerados ídolos brasileiros. Sei que não me compete julgar as atitudes de ninguém, contudo, não tenho me abster de fazê-lo, visto que a mídia joga a histórias desses ídolos em nosso rosto a toda hora.

Pelé é idolatrado como um grande ídolo no Brasil e fora dele. Eu, porém, não vejo qualquer razão para respeitar um homem que renegou uma filha durante toda a sua vida até mesmo em seu leito de morte. Romário enriqueceu jogando futebol, mas segundo os noticiários nacionais, teve o desplante de despejar uma tia dele de um dos seus apartamentos, porque ela não tinha condições de pagar o aluguel estipulado por ele. Ronaldo Fenômeno afirmou em cadeia nacional, “que Copa do Mundo não se faz com hospital”. Tal afirmativa apenas comprova que jogadores de futebol estão preocupados apenas em ganhar dinheiro. O País que se exploda.

Neymar Junior, o mais novo ídolo dos brasileiros, caiu nas graças do povo pelo fato de fazer gol nos jogos que participa. Para mim, ele encarna tudo de ruim que um brasileiro pode ter: é debochado, mal-educado, dissimulado, arrogante, perdulário e, de acordo com a mídia, o maior sonegador de impostos do Brasil. Não há muito o que esperar de um País cujo povo idolatra esse tipo de criaturas.

Como se não bastasse admirar esse tipo de heróis, ainda existe quem admire a classe política brasileira, onde despontam figuram da estirpe de Lula da Silva, Eduardo Cunha, Paulo Maluf, Gleice Hoffman, Geraldo Alckmin, Michel Temer, Agripino Maia, Henrique Eduardo Alves e tantos outros que sugam o suor e sangue do brasileiro.

Portanto, cheguei à conclusão de que "os ídolos que cultuamos e as pessoas que admiramos nos dão a forma exata daquilo que somos". Logo, não tenho dúvidas: sou brasileira por um erro da cegonha.

(NL 02/07/2018)