Número histórico 7x1: Maracanazo e Mineiraço
*Sineimar Reis
A Copa do Mundo de Futebol de 1950 saiu vitoriosa a favor da Seleção Uruguaia de Futebol, deixando desolados os brasileiros. A partida ocorreu no estádio do Maracanã, isso mesmo, o mesmo país no qual sofreu a histórica derrota em 2014. As copas de 1950 e 2014 já são consideradas um dos maiores reveses da história do futebol.
O caminho para o título da Copa do Mundo de 1950 foi particularmente sui generis: Em vez do sistema de jogos eliminatórios (que é comumente usados atualmente em todas as competições, não apenas de futebol), o regulamento determinava que o campeão seria definido através de jogos entre um grupo de finalistas. Os quatro finalistas foram: o Brasil (país sede e grande favorito), o Uruguai (que precisava vencer apenas uma partida para chegar as finais, esmagou a Bolívia por 8x0), a Espanha (que deixou para trás a Inglaterra por 1x0 no seu grupo), e a Suécia (que venceu a Itália por 3x2). O início da rodada final foi mais do que promissor para o público brasileiro e para a imprensa, pois o Brasil tinha vencido com folga os jogos contra a Suécia (7x1) e contra a Espanha (6x1). O Brasil tinha marcado 4 pontos, e era o líder do grupo; seguido pelo Uruguai, que apenas empatara com a Espanha (2x2) e conseguira uma vitória magra sobre a Suécia (3x2). O Uruguai tinha, então, 3 pontos antes da rodada decisiva. Apesar de não ter sido estruturada dessa maneira, a rodada final tinha no jogo Espanha-Suécia a disputa do "terceiro lugar", já que ambas as seleções não tinham chances matemáticas de ser campeã do torneio. BrasilxUruguai era o "jogo decisivo". Um empate garantiria o título ao Brasil, devido ao número de pontos, e o Uruguai apenas a vitória para ser campeão da Copa. A equipe uruguaia jogou três jogos de futebol na Copa Rio Branco contra o Brasil alguns meses antes da Copa do Mundo, que resultou em duas vitórias brasileiras (2x1 e 1x0) e uma uruguaia (4x3). Assim, a diferença de qualidade entre as duas equipes não foi excessiva, embora a superioridade do ataque brasileiro fosse reconhecível.
Este acontecimento histórico, ocorreu no dia 16 de julho de 1950. Provavelmente, uma das suas mais amargas derrotas da história. No primeiro mundial realizado após o encerramento da Segunda Guerra Mundial, os jogadores da seleção brasileira estavam diante da chance de conquistar, dentro de casa, o primeiro título de Copa do Mundo. Em uma partida em que era considerado favorito, o Brasil recebeu o Uruguai no estádio do Maracanã, diante de um público de 200 mil pessoas, sendo que entre elas estavam somente algumas centenas de uruguaios. Ao time local, bastava um empate, mas mesmo assim a equipe da casa se lançou ao ataque. No jogo, o Brasil marcou primeiro com o atacante Albino Friaça, que balançou a rede logo aos 10 minutos de partida. Contudo, no segundo tempo, os uruguaios empataram com Schiaffino e depois sacramentaram a vitória e também a conquista do título mundial com um gol de Ghiggia, que calou a imensidão de torcedores no Maracanã. Era o fim da festa brasileira que havia sido armada antes mesmo do jogo e que teve o Uruguai como convidado mais indigesto. O lendário Estádio do Maracanã com um público de aproximadamente 200.000 pessoas, um recorde mantido até hoje, ficou registrado na história do futebol e em 2014, em plena copa em casa novamente, registra um 7x1 inimaginável.
Há relatos de jornalistas, em relação à copa do mundo de 2014 aqui no Brasil, os profissionais da área afirmaram que durante os treinos da seleção de 2014, ocorridos na Granja Comary, os assuntos mais recorrentes eram o fantasma da Copa de 1950 sendo assim eram a expectativa dos jogadores de poder enterrá-lo de uma vez por todas, mas foi impossível e o final igualou-se com o cenário atual que se encontrava o país e ao vexame dado na década de 1950.
O 7x1 ficou cravado na seleção brasileira por toda sua história, sem chance de apagar, e o que se sabe é que a seleção brasileira passou pelo maior vexame desde ao fato também histórico de 1950, lembro bem, estávamos em casa com amigos e assistindo pelo tablet, era uma terça-feira, 8 de julho, quando levou o primeiro gol e rápido se transformou em um 7x1, levou um chocolate da Alemanha, em pleno estádio do Mineirão (Mineiraço) em Belo Horizonte, desta vez deu adeus ao sonho do hexa em casa. A torcida, chorosa, levantou e aplaudiu de pé o algoz que jamais será esquecido. A Alemanha deu uma aula. Jogou com uma organização impressionante, disciplina tática, troca de passes, marcação sob pressão e, principalmente, determinação. Do outro lado, faltou gana à seleção brasileira no primeiro tempo, quando ainda era possível evitar, senão a derrota, pelo menos um vexame.
Outrora o 7x1 será discutido por longos anos, no entanto este número 7x1, entrou para a história como o maior da seleção brasileira em copas do mundo. O time entrou em campo sem seu principal goleador, Neymar, afastado por lesão. Além disso, o meio-campo brasileiro praticamente inexistiu no primeiro tempo, o que obrigava os zagueiros a chutar diretamente para os atacantes. Desta forma, a bola caía nos pés dos defensores alemães que faziam a saída de bola para o melhor meio campo do mundo. Vale destacar aqui que o Brasil era a seleção anfitriã da Copa do Mundo, sendo que esta era a segunda vez que organizava esta competição. Os brasileiros haviam ganho cinco mundiais, enquanto os alemães venceram três. Era a quarta semifinal consecutiva jogada pela Alemanha, enquanto que o Brasil não havia chegado a esta fase desde 2002. O fato Maracanazo ficou recordado frequentemente durante a Copa de 2014.
Como já mencionei, este fato será recordado e discutido por muitos anos, alguns serão claros. A começar pela formação escolhida por Felipão. Com Bernard no lugar de Neymar, abrindo mão da ideia de escalar três volantes, que parecia a mais provável, o treinador entregou o meio de campo para a Alemanha. Fernandinho nervoso e Oscar omisso desde o início da partida deixavam que o melhor meio de campo do mundo sobrasse. Para piorar com os erros cometidos, o Brasil terminou em quarto lugar depois de ser derrotado por 0–3 no jogo de terceiro lugar pelos Países Baixos em 12 de julho no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha e a derrota no mundial para os uruguaios com direito de alterar o nome do Maracanã e a derrota para os alemães por 7x1 com direito a chacota com certeza está entalada na garganta dos grandes dirigentes, comentaristas e futebolistas brasileiros. Como ocorreu em 1950 no Maracanazo, trouxe um novo marco numérico e histórico para todos os brasileiros, “a histórica goleada”. Entre 2014 e 2015, a expressão "Gol da Alemanha" tornou-se um bordão, para ridicularizar os problemas do futebol brasileiro (e de problemas cotidianos em geral), motivo de chacota gerando comparações com a atual situação brasileira e ao Maracanazo, a derrota para a Seleção Uruguaia de Futebol durante da final da Copa de Mundo de 1950 em pleno Maracanã. A expressão também foi usada para se referir aos estádios subutilizados. O silêncio dos 7x1 transformou o Mineirão em Mineiraço e se uma mosca passasse por lá podia se ouvir seu zumbido.