Melhor que Pelé
Incitação ao debate? Difícil, pra mim, difícil definir. E me recuso a mais além prosseguir. Uma única vez, vi Pelé em campo, ao vivo. No Mineirão, à noite, 3 de setembro de 1969, se não me falha a memória, e a Seleção, então sob o comando de um João, já qualificada para a Copa do Mundo no México, viera a BH fazer um treino-exibição. Pegou um inflamado Galo, e levou de 2 a 1.
Hoje, com as facilidades que nos proporcionam os meios eletrônicos, uma cascata infindável de informações gráficas está sempre à mão e, parece, todo mundo digitando já não é mais tão relevante ou revelante qualquer discussão. Cada um pode tirar essa conclusão.
Um reencontro raro dos componentes da linha de ataque do Santos dos anos 50 e 60, Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe, o ataque mais letal e produtivo de todos os tempos, consoante dados estatísticos indisputáveis, fez Pepe proclamar-se o artilheiro maior desse grupo, com 405 gols, seguido de Coutinho com 387, pois para ele, o Rei não conta, simplesmente passa do conto e da conta.
E na busca duma conclusão ou explicação, incluam-se Don Diego Maradona, Sir Bobby Charlton, Cristiano Ronaldo, Lionel Messi, Beckenbauer, e o próprio Negão. Mais uns tantos illuminati que deixaram este plano terrestre mais recentemente, feito Ferenc Puskás, Johan Cruyiff, Di Stefano, Eusébio, que para se pronunciarem, fá-lo-ão à sua maneira.
E do muito que ouvi, e vi um só lance trago aqui: em agosto de 1959, ocorrido na Rua Javari, SP capital, o Santos ganhou por 4 a 2 do Juventus, o Moleque Travesso de então, do Campeonato Paulista - e ano em que o título estadual, paradoxalmente, iria para as mãos do Verdão, a Sociedade Esportiva Palmeiras, a Academia do Divino Ademir. Pois bem, o Pelé recebeu um cruzamento da ponta-direita na entrada a área juventina e aplicou 3, sim, 3 sucessivos chapéus - o último deles no goleiro, inclusive - e, aparando de cabeça, fez o gol, que muitos consideram a obra-prima de sua prolífica carreira, e por conseguinte, do futebol.
Edson Arantes não tinha ainda completado 19 anos, e em preto e branco já havia no ano anterior estarrecido o mundo como fator decisivo na conquista da Copa na Suécia. Dentre os 22 que estavam dentro das quatro linhas naquela inspirada noite, o árbitro, incluído, ainda deve haver muito vivente para se regozijar de ter sido testemunha daquela proeza. Assim como das dezenas de milhares que se comprimiam nas arquibancadas e na geral.
E quem ousaria lhes perguntar se viram ou se acreditam na possibilidade
de responder à atrevida questão de ter existido ou existir alguém melhor que Pelé. Vai ver que nem o Reinaldo Aze(ve)do que, sendo da Coisa, e por teimosia, tudo contraria...