Origem e Fundação do Clube do Remo - Belém - Pará
ORIGEM
Era início do século XX, Belém vivia prosperidade e modernização graças ao ciclo da borracha. Basta dizer que chegou a ficar conhecida como “Paris Tropical”. Também o esporte acompanhava esse processo com destaque para a modalidade remo.
Começava o surgimento de diversas equipes, entre elas uma das maiores potências náuticas daqueles tempos, o Sport Clube do Pará.
Em 1905, praticamente antes do início de disputa náutica na bela Guajará, ocorreram desentendimentos no Sport Clube do Pará, cuja consequência foi a saída de sete remadores da equipe: Victor Engelhard, Raul Engelhard, José Henrique Danin, Eduardo Cruz, Vasco Abreu, Eugênio Soares e Narciso Borges.
Nesse desentendimento, na saída dos sete está a origem do Clube do Remo, pois os mesmos não se conformaram e resolveram criar uma nova agremiação. À ideia e ao grupo, aos poucos, foram se juntando outros desportistas.
FUNDAÇÃO
Podemos dizer que o ventre gerador do Clube do Remo foi o Sport Clube do Pará. Ventre que expulsou os sete rebeldes e que, em outros dois ventres, o da ideia e o da realização, concretizaram jurídica e fisicamente a fundação do Grupo do Remo, como foi inicialmente denominado.
Em 05 de fevereiro de 1905 fundaram a agremiação idealizada com o nome Grupo do Remo.
O Diário Oficial do Estado, ano XV, nº 4 049, de 9 de junho de 1905 (sexta-feira) publica o Estatuto Social do Grupo do Remo e enumera seus vinte fundadores: José Henrique Danin, Raul Engelhard, Roberto Figueiredo, Antonio La Roque Andrade, Victor Engelhard, Raimundo Oliveira da Paz, Antonio Borges, Arnaldo R. de Andrade, Manoel C. Pereira de Souza, Ernestino Almeida, Alfredo Vale, José D. Gomes de Castro, José Maria Pinheiro, Luiz Rebelo de Andrade, Manoel José Tavares, Basílio Paes, Palmério Pinto, Eurico Pacheco Borges, Narciso F. Borges (primeiro presidente do clube) e Heliodoro de Brito.
Alugaram junto a Intendência Municipal o que seria a primeira Sede, que ficava na Rua Siqueira Mendes com os fundos para a baía do Guajará. No dia 1º de outubro inauguraram a Sede, batizaram e fizeram o lançamento à baía da primeira embarcação, a baleeira Tibiriçá.
Em 1907 o número de embarcações já eram nove, sendo duas delas importadas da Alemanha.
EXTINÇÃO E RESSURGIMENTO
No início de 1908 o Grupo de Remo chega aos limites de intensa crise, inclusive sem conseguir pagar o aluguel da Sede. Em Assembleia Geral realizada em 14 de fevereiro o desembargador Alfredo Barradas decretou a extinção da agremiação.
Pequeno grupo rebelou-se contra a decisão, sequestraram os barcos e os esconderam num depósito de inflamáveis de propriedade de Francisco Xavier Pinto.
Esse pequeno grupo, com mais algumas adesões, passaram a reunir-se em tradicional ponto da época, o Café Manduca, para manter aceso o objetivo de reorganizar a agremiação azulina. Assim que souberam que o contrato de aluguel da antiga Sede com empresa comercial terminara, entenderam que chegara a hora de recontratar a Sede e empreender ações para o renascimento do Grupo do Remo.
No dia 15 de agosto de 1911, onze azulinos navegaram em três embarcações – duas cedidas pela Liga Marítima Brasileira e a terceira pelo chefe do tráfego da extinta Port of Pará – ao depósito de inflamáveis, para rebocar todo o material que estava ali escondido.
O célebre Cordão dos Onze retirou todo o patrimônio e rebocou até a Sede. Esse ato concretizou a famosa reorganização do Grupo do Remo.
Oscar Saltão, Antonico Silva, Rubilar, Jaime Lima, Cândido Jucá, Harley Collet, Nertan Collet, Severino Poggy, Mário Araújo, Palmério Pinto e Elzeman Magalhães foram os realizadores da reorganização do, então Grupo do Remo.
É justamente por causa desse fato que, até hoje, a data de 15 de agosto é festejada tal qual o aniversário de fundação do clube em 5 de fevereiro.
No dia 16 de novembro de 1911, o Grupo do Remo iniciava sua história vencedora conquistando o campeonato paraense náutico.
ALTERAÇÃO DO NOME E APELIDOS
Em 7 de agosto de 1914, a Assembleia Geral analisou os argumentos e aprovou a proposta de Oscar Saltão, para alterar a denominação de Grupo do Remo para Club do Remo. Club era a grafia daépoca.
Mas, ao nome foi agregando-se apelidos, cada qual justificado por fato marcante:
“Clube de Periçá”, em homenagem ao grande atleta Carlos Ferreira Lopes, conhecido como Periçá, morto em consequência de competição de mergulho na baía de Guajará; “Filho da Glória e do Triunfo” expressão criada pelo, também criador do hino, o poeta Antonio Tavernard, quando para celebrar 15 de agosto, o de 1931, em artigo publicado na Folha do Norte, convoca a todos os azulinos, para repetirem uníssonos, a saudação: Ave Cluibe do Remo, Filho da Glória e do Triunfo;
“O Mais Querido” foi expressão originada por concurso promovido em 1947 pelo jornal A Vanguarda para que se conhecesse o clube mais querido de Belém. Dentre os 53 clubes votados o Clube do Remo foi o verncedor e passou a ser conhecido como “O Mais Querido”; e
“Leão Azul” o mais tradicional de todos, por estar relacionado à mascote do clube.
Essa é a história do nascimento da agremiação ícone do esporte paraense. Clube que a muitos marcou lembranças, não somente de suas competições esportivas, mas também de seus bailes de carnavais nas suas duas sedes, bem como de partidas entre pequenos torcedores do final da década de 40 e início da década de 50 com seus times de botão, cujo goleiro certamente era o uruguaio Veliz.
Ave Cluibe do Remo, Filho da Glória e do Triunfo!
FONTES:
LIVRO – A História do Clube do remo – Ernesto Cruz
SITES:
clubedoremo.com.br; e
wikipedia.org.