LEGADO? EM QUAL CAMPO?
OPINIÃO:
Não faz muito tempo que escrevi um artigo sobre O MUNDIAL DE FUTEBOL que então se realizaria em "terras brasilis" no ano dois mil e quatorze.
Tratava-se apenas duma opinião pessoal, talvez não muito simpática mas legítima, frente a minha sensação dos entornos brasileiros daquele momento, os que eu vivia, algo que me preocupava não apenas pela retórica insistente, mas principalmente por ela destoar incrivelmente da nossa inserção no campo nacional de então.
Como de costume, na época, também uma triste tática nos campos sociais e políticos do país nos divida em cidadãos dos prós e cidadãos do contra, opiniões algo conflituosas, posto que se prometia no tão polêmico evento desportivo, a alegria de que teríamos a COPA DAS COPAS e que um grande legado nos seria deixado desde então.
OK.
Todos esperamos e torcemos, os a favor e os nem tanto.
Então escrevi sobre o que eu esperava para o meu país, não apenas nos campos desportivos das tão variadas e belíssimas modalidades que nos fazem campeões históricos, mas principalmente nos demais campos que edificam e solidificam uma Nação candidata a ser campeã em cidadania senso bem ampliado, como conceitualmente deve ser.
Todos sabemos que ninguém vive, muito menos sobrevive, só de falacias poéticas e de momentos históricos memoráveis.
Se bem que a poesia, que ela me desculpe pela comparação porque fui infeliz no ato falho: dia desses ouvi um conceito de poesia, que desconheço o autor, e que vale a citação:" poesia é a arte de tocar a alma através da visão de mundo.
Portanto poesia é instrumento de conscientização.
O que não vale é a FALSA POESIA FALACIOSA, portanto.
Penso que é mais que preciso turbinar as histórias com presentes alvissareiros para que as mesmas continuem a sobreviver com intensidade e realidade emocional pelos futuros...
Não vou chover no molhado de descrever aqueles meus sonhos, utópicos também por enquanto.
Mas poéticos, obviamente. Concretamente poéticos e conscientes.
Depois da "copa das copas" o que vimos foi o maior legado nunca dantes deixado ao país: a consciência do quanto estávamos sonhando em campos minados a contratar a conta alta de quem compra sonhos sem fundos para realizá-los.
Tivemos um grande legado histórico sim, o da consciência furtada e devolvida a juros altíssimos do caos social, após nosso fiasco na COPA das COPAS e após todos os fatos que dali fizeram história ao mundo.
A consciência foi a da surreal delapidação social que estava escondida por debaixo dos tapetes das corrupções e do tudo, fatos dos quais já não havia mais como deles nos escondermos.
Não tínhamos absolutamente nada, a não ser a esperança algo desavisada de que teríamos a melhor copa que o mundo conosco já havia tido, a poder todos juntos comemorar a felicidade vazia.
O legado foi um imenso elefante branco de passivo social.
A conta nos foi mandada sem dó...frente ao tudo demais que vivemos.
Agora, depois de mais um fiasco na Copa América, a perdermos a chance da COPA DAS CONFEDERAÇÕES, sonhamos com o CAMPEONATO PANAMERICANO de Toronto e as Olímpíadas mundiais para o próximo ano dois mil e dezeseis.
Com custos dum dinheiro que não temos num cenário de rescaldo!
Esperanças não nos faltam pois somos um povo talentoso e guerreiro silencioso no trabalho, nos furtos e nas dores perenes da Nação e o grande milagre, apesar de todo o legado da consciência adquirida às duras penas, é o esporte de continuar acreditando que podemos, remando contra todas a marés que nos arrastam em tsunamis sociais, SIM TAMBÉM PODEMOS! remar- sem nos esquecer de que o sucesso desportivo também é um fenômeno sustentável e um termômetro fidedigno de desenvolvimento social dum País, ainda que os IDHs possam ser comemorados pelas estatísticas dos crescimentos tão transparentes que ninguém absolutamente já os vê!
Um país delapidado não faz heróis em nada!
Nossas esperanças boiam sobre o tapete do nosso momento trágico, tanto quanto flutuam as impurezas negligenciadas na Baía da Guanabara para o mundo todo ver estupefato, local em que sequer conseguimos uma sustentabilidade razoável para receber com respeito os atletas velejadores olímpicos mundiais.
Eu não vejo outra modalidade para que nos tornemos campeões irrefutáveis, compulsivos e compulsórios: campeões no exercício da a boa fé de gente boa e no da "reesperança" de respeito maior com a cidadania como um todo. Quem sabe um dia...
Afinal o país é do povo, não é dos eleitos pelo povo.
E decerto que hoje já não nos satisfazemos com as meras promessas fantasiosas das tantas bolas perdidas nas traves das redes prioritárias, tampouco não nos confortamos em sermos navegadores exemplares e sobreviventes dos nossos tantos barcos sem rumo, que só sabem velejar marolinhas, mas sequer avistam maremotos.
Sorte Brasil.
É meu sincero desejo de brasileira que torce por troféus de verdadeira sustentabilidade social.
Só assim poderemos ser campeões legítimos em algum campo que nos valha a merecida e elevada qualidade de vida que nos foi prometida...mas que nos foi duramente furtada.