Sem mundo, sem América

Nem mundo, nem América.

Algumas doenças necessitam de remédios amargos durante o tratamento. Nosso país está doente há mais de 100 anos. A causa é conhecida: péssimos administradores públicos que se aproveitam da ignorância e inocência de um povo que não percebe que as “soluções” para nossa doença não passam de “esparadrapos” para esconder as feridas das chagas que contaminam nossa dignidade.

A realização da copa de futebol em nossa terra foi uma espécie de anestesia para esconder a dor que nos aflige. A conquista do troféu serviria como uma dose triplicada de morfina com uma duração de 3 ou 4 meses. O suficiente para que os aproveitadores que infestam os palanques virtuais usassem tal vitória como fato para receberem votos dos eleitores extasiados.

Felizmente uma nuvem de consciência coletiva assolou o time nacional no jogo contra a Alemanha. Cada atleta nosso, inconscientemente, evitou ser usado como instrumento para justificar os elevados gastos (com obras e desvios) com o evento que enriqueceu diversos signatários dos obscuros contratos atrelados à festa.

De alguma forma, perceberam que milhares de nativos ficaram sem atendimento hospitalar, sem escolas, sem habitação, sem segurança, sem dezenas de itens necessários às suas vidas para que suntuosas obras faraônicas servissem para encobrir desvios de verbas sociais.

Como nossos dirigentes estão sempre tramando furtar nossos impostos e distrair os pagantes, torceram para que nossa seleção conquistasse a copa América para “lavar” a alma depois dos 7x1. No entanto, mais uma vez a falta de comando, falta de objetivo, falta de garra, falta de compromisso com o povo que envolve o topo do poder, impregnaram nossos atletas que com uma atuação medíocre durante a competição, mais uma vez foram eliminados sem se sentirem preocupados, pois suas contas bancárias estão merecidamente abarrotadas pelo desempenho que exibem em seus clubes pagadores.

E nem assim o povo desperta para lutar pelos problemas que nos derrotam diariamente de goleada.

Haroldo P. Barboza – Matemático

Autor do livro: Brinque e cresça feliz.