A PRESENÇA MALDITA DA MÍDIA NO FUTEBOL O ESTRAGA (Pt.II)

Antigamente não tinha esse negócio de futebol ao vivo aos domingos e às quartas-feiras na televisão. Tanto é que os jogos eram realizados em outros horários. Mais condizentes com a realidade dos torcedores. Mas depois, viram não só um filão em matéria de audiência como também em matéria de doutrinação ou de engenharia social realizadas na população. Naquele momento virgem podia se esperar um contingente bem maior de pessoas a ser lobotomizado pela mídia pela imprensa televisiva juntamente com a escrita e a radiofônica. O marketing esportivo andava de fraldas e muitos dos que possuíam QI suficiente para entender o processo de aniquilação da inteligência popular estavam exilados, recém anistiados ou presos e com isso impossibilitados de alertar o povo quanto ao mal que se formava.

Em 1986 apareceu o Clube dos 13. Eram, inicialmente, 16 clubes a formar a entidade. Muitos dizem que o 13 tinha a ver com a maçonaria. Que esta organização milenar talvez estivesse no comando das decisões sobre o futebol brasileiro. Essa identificação já se podia ver nos treze pontos que se tinha que fazer para acertar na loteca.

O advento do Clube dos 13 deu origem à Copa União. Já na estreia do novo campeonato nacional de futebol se viu um impasse que cheirava a arrogância: De um lado a CBF a organizá-lo e de outro a agremiação formada. A mídia estava com o Clube dos 13 e permanece com ele. O campeão da temporada foi o Sport Clube de Recife para a CBF e o Flamengo para o outro organizador.

Depois a CBF regulamentou a disputa do novo campeonato e passou a fazer parte da confraria. Logo apareceram aqueles que hoje instituem o futebol. Os cartolas, dirigentes dos clubes, já existiam. Passaram a existir também os lobistas, que são esses caras que investem em formação e passes de jogadores, cuidam de dar visibilidade para eles fazendo chegar grana na mão da mídia para os enaltecerem em notas, comentários nas transmissões de rádio e de televisão e outras coisas. Esses caras também conseguem levar grana para outros interessados e com isso seus produtos chegam à Seleção, disputam Copas do Mundo, mesmo sem ter lá perfil adequado. A mídia cuida para que a opinião pública seja o contrário.

Mesmo até o final dos anos 1970, clubes do norte, nordeste e centro-oeste do país tinham dificuldades de deixarem de ser meros participantes nos campeonatos nacionais. Ter seus jogadores convocados para a Seleção diretamente do clube de origem era ainda mais difícil. Formou-se um eixo, Rio-São Paulo, com a participação eventual do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais, e propagou-se várias fraudes informativas que justificavam a ausência das equipes fora do Eixo nas disputas por títulos nacionais ou de seus atletas em convocações para a Seleção Brasileira. Uma delas era a de que essas equipes não tinham estrutura e recursos para encarar ir até o final das competições com força compatível. A preconceituosa definição de que elas davam prejuízo e que seria melhor se ficassem em módulos especiais do campeonato foi fundada então. Divisões do campeonato foram feitas e as de acesso à principal até hoje são predominadas por clubes dessas origens.

Com isso nasceu a Copa do Brasil. E aí, como o Romário disse uma vez: "Ficaram felizes o rei, a corte e o bobo". Todos os clubes brasileiros excluídos se sentiram respeitados por terem condições de serem vistos em uma competição nacional, da qual participavam também os de elite. A condição de ter atletas convocados para a Seleção continuou limitada praticamente ao Eixo. Em compensação, ir parar no exterior, europeu ou não, estava ao alcance tanto de atletas do Rio e de São Paulo quanto da Bahia ou de Goiás, por exemplos. Talvez por causa disso começou um tal de times do Eixo contratarem pérolas que jogavam nos que se situavam fora do Eixo e a partir daí esses jogadores embarcarem para o exterior ou serem convocados para jogar na Seleção ainda jogando no Brasil. Esta, até 1990, era formada basicamente por jogadores que atuavam no país. Depois, com a midiatização e o crescimento da exploração do mercado internacional do futebol, a Seleção Brasileira passou a ser tipo exportação. Na qual, como vimos este ano mesmo na Copa 2014, até quem é décimo reserva no clube que joga tem lugar. O lobby pago pela convocação passou a ser ainda mais forte. O requisito mais importante.

A Copa do Brasil nasceu e até hoje é preconceituosa contra os clubes fora do Eixo. É um campeonato com critérios duvidosos. O tal de nas fases iniciais um time grande fazer dois gols de diferença no primeiro jogo, que é imprescindivelmente na casa de um time considerado não competitivo, é para mim o critério mais imbecil e discriminativo dessa competição. Os casos de racismo que a gente vê hoje em dia a mídia plantar para esconder fatos ou para criar efeito psicológico na população são fichinhas perto dessa discriminação consensual que desfila livre e solta. O tal do gol fora valer dois soa como instrumento para gerar o jogo-covarde, no qual ninguém se arrisca e arranca campeonatos só com empates, ou como álibi para a administração fazer suas manipulações de resultados junta à mídia.

A Copa do Brasil também não livrou os clubes fora do Eixo da dificuldade de computarem títulos além dos estaduais entre seus troféus e com eles ganharem o respeito da mídia e aumentarem a carteira de torcedores e engrandecer com ela. Até se vê eles chegarem em finais, mas ainda há muita proteção e bondade para com os clubes do Eixo, do Sudeste e do Sul. E muita corrupção em favor deles também. Quando a conquista desse torneio passou a dar passaporte para a Libertadores ou a servir como objeto de chacota de torcedor para com o torcedor rival essa possibilidade de complô ficou ainda mais exposta. E a hipocrisia da imprensa é cada vez mais galopante.

Contudo, depois de várias tentativas de campeonatos nacionais frustradas, os que prevaleceram foram o Campeonato Brasileiro de Futebol e a Copa do Brasil. E históricas polêmicas foram viabilizadas devido ao caráter de negócio que o futebol brasileiro ganhou. O Fluminense do Rio de Janeiro foi parar na Segunda Divisão e dessa foi para a Terceira certa vez, o que fez com que o clube sofresse ameaça de extinção da torcida. Trataram de arrumar um aparelho que o levou de volta para a Primeira divisão sem sequer fazer o caminho reverso natural.

E esse tipo de acontecimento, condutas trapaceiras, passou a ser costumeiro no futebol empresarial. Este mesmo time, o Fluminense, aprontou das dele no ano passado. O Vasco caiu para a segundona, mas o CBFlu não. E eles que idealizam essas armações pensam que o público é idiota. A alegação do Fluminense para continuar na primeirona foi que o time da Portuguesa, de São Paulo, havia escalado um jogador indevidamente em uma das partidas anteriores, o que, conforme disseram, pelos estatutos puniria a equipe com perda de pontos suficientes para ser ela ultrapassada pelo clube do Rio. Para mim, a escalação não foi nada inocente. Ficou de sobreaviso. Se por sua própria conta o Fluminense não se safasse do rebaixamento, teria-se um álibi com total condescendência, e porque não ganho monetário, do time paulista. Acabou que a cartada teve que ser dada, pois embora o Fluminense tivesse ganhado seu jogo contra o Bahia (já já falo disso), o resultado fora insuficiente perto de outros resultados. E aí teve os números teatrais logicamente, com a Portuguesa dando uma de que não aceitava a decisão do corrupto STJD. Pois é, tá lá disputando a segundona 2014. E o Fluminense já esteve até entre os líderes da Série A deste ano.

O Cruzeiro, que fora o campeão da edição – talvez porque o rival Atlético fora o da Libertadores e por causa disso ele ganhou o consolo das instituições de caridade que regem o futebol brasileiro, a fim de começar uma campanha para salvar o governo das trapalhadas feitas com a reforma do estádio que antes era municipal e agora foi apropriado licitamente e de fazer inveja ao MST. –, tinha uma equipe que consideravam imbatível em casa. Jogara contra o Bahia, que precisava de uma vitória para se ver livre do rebaixamento. E, inacreditavelmente, fora derrotado no Mineirão, deixando o Bahia à vontade para deixar o Fluminense deitar e rolar em Salvador, que foi o que aconteceu. E você não acredita em maracutaia no futebol, como pode!

E agora está em foco a Final da Copa do Brasil deste ano. Para mim o complô exagerou na exposição da modelagem. Tenho em mente que um dos finalistas, o Atlético Mineiro, não que seja um escrete que não teria condições de ter chegado na Final, mas, tendo em vista a forma como foi, os fatos acerca da dívida municipal por causa da reforma do Mineirão e os adversários que pegou, fora beneficiado em um conjunto de ações. É claro, penso eu, que o mesmo aconteceu e acontece com todos os que já foram campeões ou finalistas dessas competições caras de pau que a CBF administra, por isso não deve o torcedor do clube se envergonhar. Começa com o fato de que times que disputam a Libertadores a partir do ano passado podem agora participar da competição nacional, já entrando nas oitavas de final.

Na fase que entrou, o galo pegou o Palmeiras fazendo em casa o jogo de volta. Em comparação com o outro campeonato, o Brasileirão, o Palmeiras virou avatar para que cedesse derrotas sem se levantar suspeitas. Um time que está quase rebaixado em um campeonato, no qual o adversário está entre os líderes, o que vão pensar que vai dar? É claro que com as contribuições alguma coisa o Palmeiras vai ganhar. Eu penso que seja não cair para a Segunda Divisão novamente no Brasileirão. O galo venceu o Palmeiras duas vezes nos jogos das oitavas da Copa do Brasil. Pegaria o Corinthians na próxima. Novamente com a segunda partida realizada em casa.

O Corinthians, time de grande torcida e que já havia sido algoz do galo em diversos mata-mata, inclusive tendo feito os dois times a Final do Brasileiro de 1999, tem boas chances de chegar à Libertadores ano que vem se participar do G4 – ou G5 com um dos times já classificado para a disputa sul-americana – no Brasileiro. Foi para Belo Horizonte com a vantagem de dois gols e perdeu por quatro a um, tendo marcado seu gol antes do primeiro do Atlético Mineiro. O jogo foi tal qual a mídia gosta de atribuir ao galo: dramatizando a classificação que pareceu impossível e que quando se tornou possível quase desmoronou nos acréscimos. Número que imortalizou o Atlético Mineiro e a sua torcida ano passado e que a frequente apresentação faz com que os mais radicais amantes do futebol tenham dúvida se realmente são sérias essas partidas. O Atlético, curiosamente, para mim, fez o jogo em casa no Mineirão em vez de seu estádio o Independência. Não me dignei a procurar saber qual foi o álibi usado para justificar a não convocação da torcida ao Independência, mas suspeito que a intenção era fazer chegar público ao Mineirão, que precisa se livrar das contas a pagar. Senão vão ter que jogar tudo no chão e devolver o terreno que era de propriedade da UFMG. Cá entre nós: é muito melhor construir escolas do que estádio, fala a verdade?

Depois veio o Flamengo para o Atlético enfrentar. Outro algoz do galo, sendo as vezes mais conhecidas a Final do Brasileiro de 1980, as quartas de final da Libertadores do ano seguinte e a semifinal da Copa União. Outro clube de grande torcida, de grande estádio e que faria a segunda partida fora de casa. Levou para Belo Horizonte, no Mineirão novamente, a vantagem de dois gols a zero. O público viu o mesmo jogo contra o Corinthians: O Flamengo começou marcando, o galo correu atrás dos quatro gols, fez o quarto aos 44 do segundo tempo e sofreu pressão, e quase o gol derradeiro, nos acréscimos. Com isso o galo vai enfrentar o Cruzeiro, seu maior rival local, na Final, que certamente dará o público pagante que a engenharia da organização da competição programou. E somando as rendas com as dos outros jogos dos dois clubes pela mesma competição...

Um detalhe desse confronto é que criteriosamente, por sorteio (é claro), o Cruzeiro fez a primeira partida em casa e o Atlético fora nessas fases que o Atlético precisou usar o Mineirão. O jogo que foi transmitido pela Globo para Belo Horizonte na primeira rodada da Semifinal foi o do Maracanã e o da segunda, quando todos esperavam que fosse o da Vila Belmiro, foi o do Mineirão. A engenharia parece ter sido feita para a exploração desse jogo como um objeto de persuasão da audiência. Caso que refleti na primeira parte deste artigo. Resta saber se o galo, novamente por sorteio, jogará como mandante a segunda partida no Mineirão contra o dono da casa e com isso obter o direito de colocar mais atleticanos dentro do estádio, que serão motivados por levar o clube a mais uma virada surreal.

Eu, que cada vez mais possuo o pensamento embasado na física quântica, é até por isso que me recuso a manter meu interesse por acompanhar futebol, pois é ilógico e irracional isso mesmo se fossem os acontecimentos dos jogos e campeonatos naturais, não consigo acreditar que sem a interferência de um manipulador se configurasse a probabilidade de o Atlético fazer por sorteio todos os seus segundos jogos em casa e o Cruzeiro o inverso para não atrapalhar a disponibilidade do estádio e ainda levar desvantagem de dois gols nos dois principais confrontos e revertê-la pelo mesmo placar, 4 x 1, tendo levado um gol antes de marcar os seus. Quem não conhece a máfia que está por trás de todos os times, entidades organizadoras e aparelhos de mídia que compre esses engôdos e continuem gastando seu dinheiro e seu tempo com teatro de péssima utilidade.

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