Efeito Titanic

Relembrando o recente desastre na Copa, não posso deixar de pensar que grande parte da culpa está na cultura do "já ganhou". Depois do que aconteceu em 1950 deveríamos estar vacinados.
Naquela época, na finalíssima com o Uruguai, a seleção foi sabotada involuntariamente pelos políticos. Os jogadores tiveram de escutar patriotadas, discursos inflamados, e não serviram almoço. Foral jogar com fome...
Não se considerou a hipótese da derrota. Se duvidam procurem ouvir gravações dos discursos. Numa delas o político diz, mesmo, que dentro de poucas horas eles seriam campeões do mundo - verdadeira profecia! Quer dizer, já se ganhava partidas de futebol por antecedência. O jogo com o Uruguai não era senão mera formalidade.
Daí o silêncio mortal com que as pessoas regressaram as suas casas, saindo do Maracanã.
Agora em 2014 vimos um ufanismo descabido, testemunhei um locutor esportivo da tevê declarando que, sem dúvida, ganharíamos a Copa. E para os técnicos também funcionou essse ponto de vista presunçoso.
Não ponho a culpa só no Felipão e no Parreira, fico pensando qual o grau de interesse de atletas que ganham fortunas incalculáveis e jogam na Europa. O fato é que o Brasil deu sorte de só pegar equipes fracas nos cinco primeiros jogos, mesmo o Chile que por sinal deu um trabalhão. Quando pegou uma seleção realmente forte, a da Alemanha, foi um vexame que ninguém previu. Um jogo entregue bobamente, foi algo espantoso para a opinião pública mundial. Mais prova de que nossa equipe estava despreparada, impossível. Depois, a fácil derrota para a Holanda na dispensável disputa do terceiro lugar.
Isso me fez lembrar o Titanic, pois seus construtores espalharam aos quatro ventos que o navio era insubmersível. E naufragou na primeira viagem, ainda por cima na ida
Faltou humildade lá e cá
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