A MAIOR HUMILHAÇÃO NO FUTEBOL EM TODOS OS TEMPOS

Não foi pelo Brasil ter perdido, mas da forma como perdeu. Muitos fatores, entretanto, devem ser analisados. Primeiro quem escolheu Luís Filipe. É assim mesmo que se escreve, é tanto que o nome das Ilhas é Filipinas e não Felipinas que até o corretor de texto automaticamente corrige. Para se escrever, a língua tem regra e tais regras servem para nomes próprios e comuns. Não existem duas regras como querem. Mas, esqueçamos este assunto e vamos ao que interessa.

Quem escolheu Luís Filipe deu a ele um prêmio. Nos últimos tempos ele somente fez merda no futebol e, - não é futêbol como pronunciam nossos grandes locutores -, rebaixou o Palmeiras. Na realidade, nosso País hoje não tem treinador de ponta. Os bons treinadores do passado já estão superados. Luxemburgo que foi considerado bom, já está esquecido e pretendido por time de terceira categoria como o Bragantino, onde começou e provavelmente terminará a carreira de treinador.

Depois a CBF é um antro de negociatas, amparada pela imprensa amestrada e subserviente, que endeusa jogadores e elegia em demasia dirigentes para desviar a atenção do povo e também receber suas benesses, e pode ser considerada como das maiores culpadas por derrota tão humilhante. Perder faz parte do esporte. A humilhação é que não é admissível. E a humilhação foi tão grande que os próprios alemães se sentiam desajeitados fazendo gols. Não comemoravam por frieza não, mas por humildade e tristeza. Tristeza por verem o País que deu os maiores jogadores que o mundo já conheceu ser abatido, o termo é abatido mesmo, de forma tão fácil e humilhante.

Mas voltemos à imprensa que em nenhum momento teve coragem de falar a verdade: dizer que não tínhamos time, e ficava apenas no endeusando a Neimar, até mesmo menosprezando os demais jogadores. Aquela história das máscaras do Neimar, no meu entendimento, serviu mais ainda para fragilizar o que já era cristal; tirar o pouco ânimo de nossos pernas-de-pau.

Não estou aqui desmerecendo os jogadores, porém dizendo somente a verdade. Nós não tínhamos e nem temos time. Tivemos no passado. Não é possível um Hulk vestir a camisa brasileira. Se enaltecer Fred. Fred tem trinta anos. É atacante e fez somente 260 gols. Rogério Ceni é goleiro e fez 120. Roberto Dinamite somente no campeonato brasileiro fez 190. Alex, esse que joga hoje no Curitiba, não é atacante e fez mais de 400 gols. Portanto, Fred não é jogador para está na seleção brasileira. Não sou torcedor do Carniça, - para quem não sabe Carniça é o Ceará -, sou Leão, o Fortaleza, mas o Magno Alves é muito melhor do que Fred. Válter do Fluminense também. Nossa defesa, ou melhor, David Luís e Tiago Silva, não são ruins. O resto do time, exceto Neimar, é tudo jogadorzinho. Nunca vi um time sem meio de campo, vivendo de chutões. Os goleiros são bons. No resto é resto mesmo.

Por falar em Fred, como disse que tudo são interesses, o Globo traz uma matéria dizendo que Fred e o Fluminense tinham esperança de uma boa venda para o exterior depois da copa o que não vai ocorrer, muito menos uma transação no Brasil, porque nenhum time vai gastar dinheiro com um jogador sem expectativa de retorno.

Mas voltando ao assunto copa, tudo isso é culpa da CBF. Se a copa era no Brasil, o time tinha que ter começado a ser preparado há oito anos. E não deixar para a última hora e por conveniências deixar de fora bons jogadores. Ronaldinho Gaúcho tinha vaga tranquilamente no time, mas como está velho e não tem mais chance de ser negociado, levaram as bombas, para possíveis negociações, por interferência de empresários de jogadores.

O time não tinha liderança. Coisa mais feia e mais patética do que o Tiago Silva chorando copiosamente. Já imaginou numa guerra o comandante chorar perante seus comandados, com medo do inimigo. É claro que todo mundo vai sair correndo. Chorar se admite e não é feio, mas ele tinha que ter peito e chorar depois, sozinho e não na frente de seus comandados, depois ainda se omitir e pedir para não bater pênaltis. É demais. O Didi, que não era capitão da seleção brasileira de 58, quando tomamos o primeiro gol da França na semifinal, e nossos jogadores correram desesperados para pegar a bola nas redes, ele os impediu; e tranquilamente pegou a bola, botou debaixo do braço, caminhou lentamente para o centro do gramado e disse: “calma! Agora que o jogo vai começar. Ganhamos de 5 x 2.

O técnico foi apelar para psicólogo. Psicólogo? Teria que ser o Nenê Prancha, folclórico torcedor do Botafogo, que morreu nos anos setenta e dizia para seus jogadores de várzea: “meu filho, vá na bola como quem vai num prato de feijão.” O problema é que nosso jogadores comem caviar, hoje. Dizia ele ainda, quando o time começava a dar chutões: “ meu filho, a bola é de couro. O couro vem da vaca e vaca come capim. Portanto, bola no chão.”

Criticar é fácil, sei. E depois que tudo passou ainda fica mais fácil. Mas quem convive comigo sempre me viu dizer que esta seleção não prestava. Não tinha quem soubesse jogar, com as exceções já citadas. Nós queremos ganhar na malandragem. Achando-nos os melhores do mundo em termos de falcatruas, de esperteza. Mas na vida ganha quem tem competência quem luta. Nossos governantes passam isso para a população, incentivando a preguiça a esperteza, como suas esmolas... E o povo acha o máximo e não quer trabalhar para não perder benefícios, que na realidade nada mais é do que esperteza de político para se perpetuar no poder.

Quem manda no futebol brasileiro é a CBF, instituição espúria, com uma corja que se mantém no poder há décadas. Do famigerado João Havelange, passando por Ricardo Teixeira, que até fugiu do País, a José Maria Marin e todos os dirigentes de clubes que compactuam com tais administrações e a Rede Globo que dá cobertura a tudo isso para ter seus benefícios. As falcatruas são tantas, que juízes acertam resultados de jogos e fica por isso mesmo.

A tudo isso, somemos as mutretas para construção de estádios. As famigeradas arenas. Com denúncias e mais denúncias de superfaturamento. Sem contar os benefícios concedidos à Fifa, outro antro de denúncias de corrupção, e também à idiotice dos voluntários que foram trabalhar de graça.

Não só a seleção brasileira, mas todo o nosso País tem que ser reformulado, ou melhor, nosso povo que nunca foi cidadão. Nossas atitudes não são atitudes de cidadãos. Não respeitamos leis, infringimos tudo que podemos, desde pequenos delitos como furar filar, ou nos passarmos por inválidos, como foi visto durante a copa, para comprar ingressos mais baratos e obter local privilegiado, até roubar merenda escolar, superfaturar obrar e por aí vai. E a culpa não é de político é do povo, pois político não cai do Céu, vem do meio do povo. Do Céu cai chuva, e mesmo assim por estas bandas está difícil, como no resto do País.

Mas a lição não foi aprendida. Mesmo a Alemanha tendo jogado futsal num campo de futebol contra o Brasil, por falta de modéstia, honestidade e humildade, nosso treinador diz que foi um apagão de dez minutos, desculpa endossada pelas redes de televisão, quando na realidade foi ruindade, falta de preparação, mutreta, interesse pessoal, roubalheira, enfim, interesses escusos. E, por fim, o treinador ainda diz que houve evolução de nosso futebol, de 2006 a até agora, porque ñas duas copas anteriores não passamos das quartas-de-final.

HENRIQUE CÉSAR PINHEIRO

Fortaleza, julho/2014