No futebol há dois elementos fundamentais a tática e a técnica. A técnica tem muito de arte, a racionalidade da técnica como se sabe, é diferente da racionalidade propriamente dita. No futebol diz-se que tem técnica o jogador que tem habilidade com os pés e intimidade com a bola. A técnica também consiste em elementos artísticos, por isso se diz que esse ou aquele jogador é um "esteta" da bola, como Pelé, Garrincha, Maradona, dentre tantos outros. O futebol, é dos esportes talvez o mais apaixonante, por isso arrasta multidões eufóricas aos estádios, hordas que nem sempre são amistosas, que falam mal da mãe dos juízes e a depender da ocasião mandam até autoridade tomar naquele lugar, a torcida é fundamental no jogo psicológico. Outro elemento fundamental e que se liga a disposição dos atletas em campo é a tática. Uma partida de futebol propriamente dita consiste na defesa e no ataque e muito lembra os movimentos de guerra, "artilheiros" remetem a artilharia, ao gol, ao ataque implacável ao "inimigo" que no futebol se chama adversário; nele tem-se a zaga ou defensores, que tem como tarefa defender o time dos ataques e contra-ataques do adversário em sua área, os alas, ou ponta esquerda e direita, o centro avante. O ponta de lança de um time é o atacante, o jogador que tem a função de receber a bola dos alas ou dos jogadores de centro, o “armador” e traduzir toda a jogada no gol. Esse homem de vanguarda tem a função de concluir com objetividade a jogada que muitas vezes começou lá atrás e que envolveu a equipe inteira e o centro avante tem a atribuição de cravar a lança no peito do adversário, ou seja, marcar o tão festejado gol. No futebol além da técnica, ou seja, a arte que cada um tem no trato com a bola, dribles, domínio de bola, fazer ligações com os outros jogadores, envolver o adversário... há a tática como já afirmamos que é como o time está disposto em campo. A tática às vezes é mais importante que a técnica. Mas o bom é o equilíbrio entre tática e técnica. Vale lembrar que a tática muda conforme a disposição do time adversário no correr da partida e cabe ao técnico, o décimo segundo jogador prever, se antecipar ao movimento do adversário toda vez que seu time esteja correndo perigo de sofrer uma derrota. Toda esta conversa foi para falar da Espanha. A Espanha a meu ver foi uma das grandes revelações do futebol dos últimos quatro anos, nessa copa do mundo deixou muito a desejar, sua boa disposição tática e técnica não foram suficientes. Talvez o que tenha faltado aos espanhóis foi um terceiro elemento, tão importante como a tática e a técnica – o coração, a vontade de vencer. O jogo abusado e sem objetividade, pois não adianta somente “trabalhar” a bola tem que traduzir tática e técnica em gols, e isto faltou aos espanhóis, o toma lá da cá não deu certo. Para completar o técnico Vicente Del Bosque, na partida contra a Holanda deveria ter tomado atitudes drásticas como substituir o centro avante “parado” Diego Costa, por outros jogadores, como Xavi, por exemplo; na verdade quem fez mais por todo o time foi Iniesta, este grande armador que não viu seu esforço ser transformado em gols pelos atacantes, justamente num momento em que a Espanha precisava virar o jogo, mas o técnico da Espanha autoconfiante naquele time vencedor achou que a técnica e a tática seriam suficientes para vencer a força tática e técnica da Holanda que mais do que os espanhóis estava desejosa por vencer a partida e assim foi. Eu que acompanho os jogos da Espanha, vi partidas memoráveis dessa seleção extraordinária, percebi que algo faltava e exatamente o que faltou à Espanha foi vontade, talvez porque esteja cansada de tanto ser campeã, ou porque sua tática e sua técnica já estão ultrapassada e obsoletas, talvez o calor tenha sido determinante, mas foi desgastante também para a Holanda. Pensei que seria um espetáculo protagonizado pela Espanha, mas acabou sendo um espetáculo protagonizado pelo bem montado time holandês.
