* Comentando a má sorte da seleção brasileira na Copa de 1982, que voltou a perseguir aquele genial grupo em 1986, Zico declarou:
_ Essa derrota fez mal ao esporte, porque, a partir daí, o futebol-força cresceu e passou a prevalecer.
 
Infelizmente Zico estava certo.
Em 1990, talvez a Copa mais feia de todas, assistimos a Alemanha, seguindo (na ocasião) uma tradicional cartilha truculenta, sem qualquer brilho, festejar o Mundial.
 
Nós vencemos em 1994.
Até hoje citam a conquista sem entusiasmo.
 
Começou a faltar o quê? O toque de bola fundamental, a beleza das jogadas, o encanto tão hipnotizante na construção dos lances, enfim, desapareceu o futebol-arte, que era a principal característica brasileira.
 
* Em 1998, mais uma vez a marcação e o conjunto levaram a seleção campeã ao título. A França foi a dona da festa.
 
O incrível penta brasileiro veio, em 2002, premiando grandes talentos individuais. As outras seleções seguiam pobres no quesito técnico.
 
Na Copa de 2006 a Itália novamente ressaltou a “bola feia” e eficiente. A geração vencedora de 2002 decepcionou e decidiu concluir os passos nessa oportunidade.
 
* Nos anos seguintes, o mundo finalmente aplaudiu algo novo.
 
O Barcelona desenvolveu uma equipe imbatível, expondo um modo de jogar o qual almejava fascinar e cativar os corações.
Ficamos acostumados a observar uma espécie de “balé” sensacional.
O Barça compôs a base da seleção espanhola que tornou reais títulos expressivos. A Espanha conquistou duas Eurocopas e a Copa de 2010, estabelecendo um domínio incontestável.
 
Vários críticos combinaram condenar o “excesso de toque” espanhol, o denominado tic-tac.
Toca pra lá, pra cá, mais uma vez cá, outra vez lá, vai, segue tocando, repete, continua tocando, incansável, abre alternativas até criar espaços rumo ao gol.

Invejosos eles condenaram, todavia não puderam evitar a supremacia espanhola nem deixaram de admirá-la.
 
* A Espanha, após a eliminação precoce na atual Copa, mostra que não vive mais a bela fase a qual embalou a seleção nos últimos anos.
 
Eles sinalizaram cansaço ano passado.
Agora ninguém nega que a brilhante equipe envelheceu, os adversários aprenderam a enfrentar a Espanha, o tic-tac enferrujou.
A superioridade deles cessou, é necessário admitir.
 
* Apesar disso, os espanhóis saem de cena pela porta da frente.
 
A Espanha foi a melhor opção futebolística após 1982. Seria injusto ela escutar zombarias. Os cinco ou seis anos de total sucesso espanhol não podem ser desprezados.
Parabéns, Espanha!
 
Não desanimem, pois tudo o que vocês fizeram...
Não foi tempo perdido!
 
Um abraço!
Ilmar
Enviado por Ilmar em 20/06/2014
Reeditado em 22/06/2014
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