A cultura do 'JA GANHEI'!
Estou aqui para falar de um assunto que não me agrada, mas sou levado pelas contingências que me incentivam a abordá-lo. Caso o Santos tivesse ganhado a partida de ontem eu estarei quieto e esperando o jogo do próximo domingo, com maior expectativa de comemorar o título. Agora não! A derrota do time da vila, no domingo, leva-me a refletir sobre essa cultura brasileira que tem levado muitos times a sucumbir nos seus propósitos quando acham que o título vai vir sem o esforço e a garra que são necessários para se jogar uma partida de final.
Na matéria anterior sobre essa final do time da Vila, eu abordei a questão do regulamento que fez com que o time do Santos saísse de seu reduto para disputar a partida final no Pacaembu. Ficou visível pelas entrevistas dos jogadores e do técnico que essa decisão não os agradou. Seria esse um dos motivos para o time estar tão apático no jogo contra o Ituano domingo? Esse ingrediente não foi vantajoso apenas para o time do interior que ao jogar na Capital do seu Estado teve uma vitrine mais abrangente para mostrar o valor individual de cada jogador? Não sei se foram esses os fatores que levaram o Ituano a ser muito melhor que o Santos no jogo de ontem. Só sei que o time da Vila nunca jogou (nesse mesmo campeonato) de uma forma tão displicente.
O fato que mais chama atenção é a subjetividade do fator ‘já ganhou’. Trata-se de uma cultura de nosso país que já causou grandes surpresas até na seleção brasileira, mas, vez ou outra, repete-se dentro de campo. Os atletas jovens são os que mais sentem. Eles gozam de efusivos elogios da imprensa que precisa dessa projeção para vender a imagem relacionada com a magia da bola. Alguns deles não estão nem aí. Foi o caso de Neymar. Ele foi inteligente até nesse quesito, pois a imprensa podia idolatrá-lo que ele continuava correndo ‘como louco’ dentro de campo.
Já o atleta Geovânio que ultimamente tem sido a ‘estrela’ do time da Vila dentro de campo não passou de um jogador escondido, sem jogadas individuais, porque recebeu uma marcação mais severa. Entretanto, ele se escondeu dentro de campo. Não teve a vibração de uma final. Por isso sempre admirei o Neymar. Podia ser o jogo que fosse que ele ia pra cima do adversário.
O time santista se for jogar com a mesma disposição no próximo domingo, com certeza, entregará o título para o Ituano. Entretanto, é um time muito mais qualificado em termos de peças individuais. O próprio Cícero foi uma miniatura de jogador. Ficou mais preocupado em ser artilheiro por isso errou aquele pênalti. Ou seja, chutou a bola para sua própria projeção esquecendo-se que estava defendendo um escudo. Sua afobação é que lhe rendeu aquele desastre.
O Santos também sentiu a falta dos titulares Cicinho e Mena. São laterais que apoiam e por isso dão mais peso na marcação para o adversário. No jogo de ontem, como os laterais da equipe santista não apoiaram ficou fácil para equipe do Itauano ‘parar’ os jogadores de ataque do time santista.
Não se deve tirar, portanto, o mérito da equipe do interior. Eles foram mais eficientes nos passes. Foram mais efetivos na marcação. A jogada do gol foi uma das mais bem trabalhadas do campeonato. O toque sutil de esquerdinha foi algo que merece destaque porque deixou Cristian na ‘cara do gol’.
Entretanto, o jogo de domingo próximo é a chance de o Santos confirmar em campo sua posição que exercia antes desse primeiro jogo. Continua o favorito se jogar como jogou durante toda a fase classificatória. Mas, convenhamos, se não mudar de atitude vai sucumbir. Se não se colocar como um time precisando reverter o resultado, certamente, deixará que o título vá para o interior do Estado.
O Santos vai ter que trocar a cultura do ‘já ganhei’ pela conduta ‘pés no chão’ se quiser almejar o título.