Rogério Ceni está com a razão.
Tempos atrás na crise do São Paulo que gerou muitas discussões externas, inclusive expondo de maneira ‘escancarada’ as opiniões de Rogério Ceni contra ex-técnico já demitido (no caso Ney Franco), fui enfático em criticar a posição do veterano guarda metas, porque não comungo com essas histórias de jogadores (que se sentem donos dos clubes) se sentirem mais que a verdade em detrimento do coletivo.
Entretanto, vendo as noticias de hoje me surpreendi mais uma vez com o experiente goleiro do São Paulo. Só que desta vez a surpresa foi boa porque Rogério Ceni ‘dá a cara para bater’ no movimento dos jogadores marcados para ontem. Quem assistiu aos jogos deve de ter visto que os times saiam para o jogo e ficavam se movimentando aleatoriamente chutando a bola de um lado para o outro durante alguns segundos (ou minutos), até que a partida, em certo momento corria normalmente.
Pois é. Parece-me que pela primeira vez os jogadores estão aderindo aos movimentos de protestos que já estamos enxergando nas ruas há um bom tempo. Sucede que os atletas cansaram de serem vistos como segundo plano no contexto das competições internas e externas. Eles estão lutando para um calendário mais condizente com sua condição humana e para que os clubes pequenos sejam prestigiados com fórmulas com as quais possam sobreviver.
Mas o ponto alto da manifestação de Rogério Ceni está contida no site UOL.com.br. Pudera trata-se de uma mídia descompromissada das trapalhadas da Globo. Foi ali que Ceni expôs toda a ira contra essa Rede de televisão que tem tratado o futebol com uma caixinha de fósforo, já que seus palitos só servem para acender a irresignação dos torcedores em face de essa televisão aberta manipular as tabelas e, de quebra, transmitir seus jogos de forma parcial, visto que o torcedor não consegue ver os primeiros dez minutos de uma partida transmitida pela Rede Globo. E o pior. Ela vende parte de sua programação para a Rede Bandeirante que, fica refém do contrato e só transmite os mesmos jogos. E o mais lamentável com a qualidade dos comentários e das imagens bem inferiores.
Rogério Ceni abriu o jogo. Disse:
"Por que a Globo não pode ter jogo de segunda-feira? Futebol para o país, dá audiência todo dia. Os atletas se predispõem a ajudar, a jogar. Só não pode jogar quarta, domingo, quarta, domingo. Podemos desmembrar uma rodada no fim de semana. Campeonato Paulista não pode ter 23 rodadas. Isso não é encrenca, chama-se bom senso, que dá nome ao movimento. E não é nada político. Se tiver algo político nesse movimento um dia, eu sou o primeiro a ir embora". Disse ainda: "Se tiver mais jogos de times menores, que ficam parados durante sete meses, vai ter mais jogadores, mais arbitragem. O que a gente defende é mais partidas, mais mão de obra para todos, para vocês da imprensa também. A gente não está aqui para brigar. Não queremos chegar ao ponto de fazer greve. Queremos que se possa fazer um campeonato estadual para 80 times paulistas. Por que não, no meio do ano, para times menores? Estado de São Paulo tem mais de 100 equipes de futebol, com jogadores que ganham dois ou três salários mínimos. Isso é como injetar dinheiro na economia".
De fato a Rede Globo precisa repensar em sua grade de programas. Não dá mais para aguentar, Faustão, Ana Maria Braga, Xuxa, novelas das 18 hs até às 22 hs, BBBs etc. O pior é que essas ‘tranqueiras’ de programas é que têm impedido que a maior Rede brasileira em termos de extensão no território nacional possa levar aos brasileiros uma grade de programas mais compatíveis com a nossa realidade. O brasileiro precisa de um entretenimento mais rico de conteúdo. É certo que o futebol não reúne esse requisito, mas, também envolve cultura porque se trata de uma paixão nacional. As redes filiadas podem prestigiar os times de suas regiões, como já está acontecendo aqui em Mato Grosso do Sul. Creio que foi dado o primeiro passo para que o nosso futebol seja reerguido passa pelo interesse de sua divulgação. É o caso de muitas outras regiões do país.
Enfim, é profundamente lamentável que a própria seleção brasileira jogue em horário que a Globo quer, porque é ela quem paga melhor. É certo que um bom contrato é quem dita as regras. Mas, também é preciso ter atenção para essa falta de lógica de que o capítulo de uma novela seja mais importante que uma decisão de um campeonato. O capítulo está gravado e pode ser assistido mais tarde ou em outro dia. Já a decisão não. É naquele horário e ser for gravada perde a graça!