COMEMORAR O QUÊ?

COMEMORAR O QUÊ?

É, este Brasil não tem jeito mesmo!

Posso não agradar muita gente, mas não consigo me silenciar. Essa data, dois de outubro de 2009 tem de permanecer na memória de todos nós, como um marco negativo de nossa história. Em meu ponto de vista, o nosso País não tem a mínima condição de sediar e, muito menos, patrocinar uma olimpíada. Se quiserem saber mais, entendo que nem a Copa de 2014! Olhem que sou um adepto fervoroso de esporte. Leio, diariamente, tudo e sobre qualquer modalidade. Principalmente, o futebol.

O cronista Juca Kfouri, em sua coluna na Folha de SP, já comentou sobre o assunto Olimpíada 2016, enfocando o lado social do esporte, afirmando que o Brasil não tem a mínima vocação, sob esse ângulo, ao tratá-lo. Isto é, o esporte não é encarado com o fito de aprimorar a qualidade física do brasileiro, procurando elevar as condições do nosso povo, sob o aspecto da raça. Enfim, com o objetivo de mostrar, como a civilização romana, nas competições esportivas, sua superioridade perante as demais, ressaltando o princípio da mens sana in corpore sano.

Muito ao contrário, o que se vê em nossa terra, com raras exceções, é o esporte sendo manipulado por uma classe de dirigentes interesseiros, que tem, como única finalidade, a satisfação de seu ego, e quiçá, também, objetivando cuidar de sua saúde financeira.

Por outro lado, deve ser igualmente observado, que o Brasil tem muitas outras prioridades a serem atacadas, principalmente nas áreas de saúde, de educação e de segurança. Sem falar em outras, como o transporte, o problema da falta de habitação.

A realização dos Jogos Panamericanos no ano de 2007 no Rio, já foi um triste exemplo que tivemos. A previsão de gastos para a construção dos equipamentos esportivos, dos alojamentos e de tantos outros, ultrapassou em muito o orçamento previsto, e, hoje, vemos a maioria deles completamente abandonados.

A bem da verdade, sem querer criar qualquer tipo de animosidade (mais do que já criei), os cariocas, na área esportiva, têm deixado muito a desejar, pois, hoje, os clubes, quase todos falidos, não possuem mais interesse em manter atividades, além do futebol, que já é altamente deficitário, sempre com os salários dos jogadores atrasados. O Rio, antes a maior força nacional no atletismo, na natação, e em tantos outros esportes amadores, já não mais representa a antiga expressão.

O Brasil, também, jamais se preocupou em preparar atletas visando a participação em torneios internacionais de renome, e muitas vezes, tem acontecido deles andarem por ai, de chapéu na mão, angariando verba, patrocínio, a fim de obterem meios para treinamentos, viagens, estadias e, até, para a própria alimentação.

O presidente do COB, cujo nome nem quero mencionar, um péssimo exemplo de cidadão (gostaria de ver a carteira de trabalho dele, se é que tem!), vem declarar que “vocês ficarão surpresos com tudo o que vamos fazer”. Ora, quanta hipocrisia. Imagino a surpresa que nos reserva, quando vier a conta!Todos devem ler o artigo do Dr. Alberto Murray Neto, na Folha de São Paulo, intitulado Uma Grande Hipocrisia, edição de 03/10/09, pág. A3, onde ele termina dizendo que “o Nu... agora vai virar o “Seu Creysson”.

Finalmente, diante de tantos casos de malversação do dinheiro público, estou deveras preocupado com tudo o que poderá ocorrer, vendo a quantidade dos gastos que advirão, para que os Jogos de 2016 tenham as mínimas condições de realização.

Será que o choro em que o Presidente caiu, ao ser anunciada a escolha do Rio de Janeiro, não seria de arrependimento? Aguardemos a euforia passar!

PS – 1. - Esta crônica foi escrita logo após a escolha do Rio 2016. Porém, ela não perde sua atualidade.

2. - Enquanto isso, nosso Museu do Ipiranga, monumento histórico da Pátria, orgulho do povo paulista e brasileiro, se encontra aos pedaços, necessitando de reformas urgentes. Todavia, gastam-se milhões e milhões na construção dos estádios.

Aristeu Fatal
Enviado por Aristeu Fatal em 03/05/2013
Reeditado em 03/05/2013
Código do texto: T4272438
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