A bestialidade humana
Não quero falar sobre esse assunto com o intuito de fazer qualquer menção à equipe do Corinthians e nem quanto aos seus torcedores conscientes que se manifestam dentro dos limites suportáveis na hora da emoção. O futebol reserva emoções que devem ser vividas intensamente, mas dentro dos limites do ponderável.
Quero mesmo é execrar e tratar com profunda tristeza a conduta de torcedores que se mostram insensíveis sob o pretexto de serem torcedores e terem uma paixão árdua sobre o seu time. Não comungo de forma alguma com a ignorância e a violência dentro dos estádios. Muito menos com aquelas pessoas que vão para ver um jogo só pensando em sacanear ou deturpar o ambiente sadio que deveria permear o sentimento de um torcedor.
Ontem no jogo entre Corinthians x San José morreu um jovem de tenra idade que ali estava para curtir o espetáculo. Foi para o estádio de futebol para se divertir e gritar o nome de seu time, mas um torpedo em forma de sinalizador arrebatou-lhe a vida como se esta fosse algo insignificante para o autor da perigosíssima brincadeira. Algo idiota que só pode se protagonizar na mão de um imbecil que se intitula gente, mas que não passa de um animal. O seu gesto ignóbil calou o grito daquele menino que tinha uma vida inteira para frente, mas o seu direito à vida foi tolhido pela fagulha de um gesto impensado e inconsequente.
É certo que a delegação do Corinthians ficou abalada e seus jogadores jamais aprovariam conduta desse jaez, até porque eles próprios foram enfáticos em dizer que foram muito bem recebidos na cidade boliviana onde o jogo foi realizado. Não entendiam eles o porquê um torcedor atirar algo tão perigoso contra a torcida adversária? Com toda razão, já que o futebol é algo para produzir alegria e não tristeza. Ainda mais quando essa tristeza nada tem a ver com a derrota, mas sim com um ato selvagem que beira a insanidade.
Agora vejo no site globo uns brasileiros presos sob uma grade de prisão onde se dizem inocentes e que foram presos como bode expiatórios. Pode até ser que alguns deles nada tenham a ver com o episódio, afinal, tudo aconteceu quando havia um aglomerado de pessoas. Mas, outra coisa também é certa. Alguns deles, certamente, mesmo não sendo os autores da proeza assassina estão cientes de quais as mãos saíram as fagulhas que mataram um inocente. Assim, caso estejam protegendo o bandido que fez isso também merecem ficar encarcerados.
O que mais me deixa perplexo é que uma tragédia recente em Santa Maria que ocasionou a mortes de duas centenas de pessoas exatamente em face de um desses artifícios de pirotecnia não foi capaz de prevenir. O perigo - mesmo que tenha sido anunciado de forma tão trágica - não foi capaz de fazer com que esses torcedores do Corinthians se retivessem nesse propósito de expelir a bola de fogo.
Costumo dizer que alguns torcedores, especialmente aqueles que se agregam em torcidas organizadas, reproduzem nesse grupo de pessoas aquilo que eles fazem costumeiramente nas ruas. Promovem arruaças dentro do contingente de pessoas para que o autor ou os autores fiquem encobertos pela dificuldade de apuração dos fatos. Geralmente são pessoas que não trabalham porque a presença deles sempre é notada em horário de expediente ou em dia de semana em que deveriam estar trabalhando em seus locais de origem.
Isso não acontece só no futebol. Lembram o episódio recente de alguns grupos pró Chaves da Venezuela, quando a blogueira venezuelana desembarcou no Brasil. Lá estavam eles promovendo movimentos políticos em prol do governo em pleno horário de expediente. A pergunta que fica no ar é a seguinte: - Será que tanta gente foi dispensada do serviço num mesmo momento?
O fato é que essas atitudes de grupos que fazem arruaças têm de ser punida com rigor. Aqueles elementos brasileiros que estão presos na Bolívia devem responder pelo crime em conjunto, pois, não fosse o incentivo e o corporativismo de todos eles aquela mão assassina não teria acendido o estopim daquele fogo pirotécnico.