A CBF e seu atual Presidente.
Tive ocasião de assistir na última segunda-feira ao programa Bem, Amigos! (do Sportv). Interessei-me pelo programa porque lá estava José Maria Marin e eu tinha curiosidade de vê-lo se manifestando. Até então não tinha uma opinião formada sobre o novo dirigente da entidade maior do futebol brasileiro. Aliás, o antigo dirigente Ricardo Teixeira deixou um rastro de ingerências naquela entidade desportiva que acabou por arranhar o crédito daqueles que os acompanhavam na época em que era o ‘todo poderoso’.
O fato é que tive certa surpresa com os posicionamentos de José Maria Marin. Eu achava que era um sujeito tosco, sem conteúdo, que acabou se agarrando ao cargo em face do naufrágio de Ricardo Teixeira. Mas, confesso que depois de ouvir suas manifestações naquele programa fiquei com a sensação de que estava enganado.
Ele respondeu a todas as perguntas dos jornalistas com discurso de bom conteúdo, demonstrando que sabe o que quer na sua gestão. Descreveu suas bandeiras de luta que achei bem interessantes. Ele não mexeu em nada do que estava expresso na gestão de Ricardo Teixeira em termos de patrocínios etc, até porque existem contratos que não podem ser quebrados sem que isso implique indenizações. Assim, manteve os contratos com as empresas multinacionais, mas, através de uma gestão diplomática conseguiu fazer com que os investidores de fora agendassem jogos mais difíceis para a seleção brasileira nesta última arrancada de preparação para a Copa do Mundo. Figuram como adversários nesta temporada equipes como Inglaterra, Itália, Rússia, Chile e outras seleções importantes que não me recordo agora.
Além disso, não mudou a data de eleição do cargo em abril de 2014, ou seja, confirmando o fato de ter de deixar o cargo antes da Copa do Mundo. Mas, foi enfático em dizer que tem uma missão que vai levar a sério e que quer deixar como herança de sua passagem pelo cargo o título da Copa do Mundo aqui no Brasil. Disse que vai fazer de tudo para que isso aconteça. Afirmou que o Felipe Scolari é quem terá toda a responsabilidade da convocação e da escalação do excrete canarinho, em contrapartida disse que não vai abrir mão (como presidente da CBF) de interferir no setor comportamental do grupo. Afirmou que não vai admitir indisciplina. Repetiu a bom som que quer comprometimento dos jogadores. Não vai admitir que o atleta se coloque em grau mais importante do que a camisa da seleção.
Explicou que fez a escolha de Felipe Scolari e Carlos Alberto Parreira porque entende que os dois são os mais experientes que existem nesse setor aqui no Brasil, por serem técnicos premiados no Brasil e no exterior, inclusive com vastas passagens por selecionados mundiais. Afirmou que essa tendência já era cogitada há bom tempo. Disse que essa mudança era necessária, já que o técnico brasileiro teria de estar à altura desse selecionado, até porque a Copa do Mundo é no Brasil e nesse caso a importância do comandante (ou dos comandantes) é salutar na busca da conquista.
Um fato que me agradou foi a retirada de regalias no que diz respeito a interferência de empresários. José Maria Marin foi incisivo em dizer que não admitirá que tais empresários, a pretexto de serem os mentores financeiros dos jogadores façam qualquer tipo de interferência no trabalho de seus pupilos. Ele não vai admitir que estes empresários circulem nos hotéis ou nos treinamentos onde os jogadores da seleção estiverem trabalhando.
Garantiu que não cobrará os resultados imediatos e que compreenderá as dificuldades iniciais de Felipe Scolari. Admitiu que o novo técnico poderá encontrar dificuldade num primeiro momento para a preparação da seleção. Disse que se empenhará ao máximo nessa tarefa que chamou de missão.
O Presidente da CBF foi bastante expressivo no sentido de que comandará a CBF com mãos de um ‘presidencialista’. Ele quis dizer que quem estará no comando de todas as ações dessa entidade esportiva é o seu presidente e ninguém mais. Essa afirmação repele (nas entrelinhas) as atitudes de Ricardo Teixeira quando aquele dirigente se curvava aos fatores externos que costumavam influenciar no elenco e nos resultados dos jogos, como é caso de muitas marcas ou patrocinadores de jogadores que exigiam escalação e outras ‘coicitas mais’.
Vi nas palavras desse líder um discurso incisivo, de muita eloquência e de muita gana em melhorar as coisas para o nosso futebol Tupiniquim. Ela está fazendo uma reforma total da Granja Comary, melhorando muito o bem-estar e as condições de treinamento daquela arena esportiva. Vai montar um museu do futebol nacional. Permitiu e já está em andamento a Copa Nordeste. Já traçou metas para as categorias de base colocando Bebeto como coordenador geral e Alexandre Galo como técnico.
Enfim, para mim foi uma surpresa saber que José Maria Marin já foi jogador de futebol e, como tal, conhece pela prática aquilo que é necessário mudar na CBF, ao contrário de Ricardo Teixeira que era um homem ligado à elite e, como tal, agia apenas em favor de sua própria causa.