Em tempos de Eurocopa, o mundo inteiro se volta para assistir as seleções do Velho Continente. Torneio interessante, com estrelas, craques de vários países e grandes jogos, mas é em tempos como esse que se percebe um fenômeno: quando o assunto é futebol europeu, o próprio brasileiro tende a supervalorizar tudo o que está relacionado.
     Os campeonatos europeus de futebol são o exemplo mais claro disso. Muito se fala em campeonato espanhol, italiano, alemão... São de fato atraentes, mas digo confiante que nenhum chega aos pés do Brasileirão. Ao menos 12 times começam o nosso campeonato com chances reais de título, enquanto os europeus não dispõem de tamanho equilíbrio. A taça da liga espanhola, por exemplo, raramente foge da dupla Barcelona/Real Madrid. Particularmente, temos jogos mais equilibrados e disputados, enquanto lá fora o Barcelona distribui goleadas entre os pequenos.
     E o comportamento da torcida na atual edição da Euro? Ouve-se falar muito de violência nos estádios brasileiros como se fosse um típico problema nosso, chegam a cogitar uma deficiência cultural, ao passo que nos países europeus, evidentemente, longe disso. No entanto, não é assim que acontece. Rússia e Polônia disputaram uma partida em meio a conflitos, agressões e briga de torcidas, assim como em alguns jogos do nosso campeonato. A polícia age de forma mais eficaz? Sim, mas isso não protege os europeus que também sofrem com o problema.
     Outro péssimo comportamento de torcedores europeus nos estádios: o racismo. Torcedores croatas gritaram ofensas racistas contra o atacante italiano Mario Balotelli, a confirmar que parte daqueles cidadãos não é tão civilizada como se pensa. Não me lembro de nenhuma torcida brasileira entoar cantos racistas contra um jogador adversário. Já na Europa, além dos insultos, também andam arremessando bananas contra jogadores negros. Talvez nesse aspecto também estejamos à frente deles.
     O brasileiro habitualmente subvaloriza tudo que é do próprio país e endeusa o que é gringo. Hábito que se repete no futebol, mas é preciso lembrar que somos o país pentacampeão do mundo, aquele que mais revela craques e, dúvidas à parte, o país do melhor campeonato nacional do planeta. Admirar o futebol dos outros países? Sim, claro. Mas sempre lembrando: quando o assunto é futebol, a grama do vizinho não é tão verde assim.
 
 Emílio Lins

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Enviado por mindasks em 28/06/2012
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