WALDENIR PORTO DE MORAES, o "carola"

VALDENIR PORTO DE MORAES, “o carola”

Veio do Rio de Janeiro, para jogar no “Muniz Freire Futebol Clube”, na categoria denominada “amadora”, recebendo em troca de seu bonito futebol, casa alugada e alguns trocados, para a sua sobrevivência., convivendo nesta terra, durante um bom tempo!

Já disputou a lª Divisão do campeonato estadual, na categoria e classe profissional, pelos times do Ibiraçu, Estrela e outros, depois que partiu de nossa terra, como amador.

Dos meninos que sempre mantêm mania de rodear jogadores craques - os mais adiantados na arte futebolística, tornando-se fã deles, este autor foi um desses (meninos) a viver “colado” com o “carola”, por alguns anos.

A gente curtia muito uma ótima amizade, em sua casa na Rua “Américo Mignone” (Hoje, residência do Natal Thomaz de Souza – o “gaguinho”, inesquecível técnico do Infantil do Muniz Freire FC, na DÉCADA DE 1970).

Estávamos sempre ao lado do “carola” nos treinos e jogos do MFFC. Em passeios e “papos” de rua e, principalmente, em seu quarto, no antigo “Hotel Montanhês”, à época, de propriedade do também saudoso senhor Gabriel Bolzan.

Num certo jogo, em Jerônimo Monteiro (Estádio do Atlético), numa manhã de domingo, chuvosa, ele teceu comentários (que nos foram passados, e a gente não esquece!) – comentários esses de que ele, carola, havia escolhido alguém, em seu conceito pessoal, como o melhor jogador de futebol de Muniz Freire, dentre outros juvenis da época. Tratava-se do menino de 13 anos, que sabia gingar, cabecear, marcar, arrancar, cruzar, dominar, servir de goleiro e tudo o mais que um atleta de futebol precisa realizar em campo! Mas hoje esse menino (homem formado) só sabe recordar o passado que muitos não o viram jogar e que outros nem acreditam tenha sido literalmente futebolista e craque, pois nada presenciaram das “peladas” ou das partidas amistosas que seu clube realizava! Um ex-menino que o tempo ensinou a documentar não somente papéis oficiais em seu trabalho, quanto a enfeixar em apostilas e futuros livros, as lições que a vida tem lhe ensinado, para servir (talvez) de exemplo, aos seus pósteros!

Reconheço que muito do que aprendi das manhas e traquejos com a bola, bem de perto, foi com o Valdenir dos campeonatos sulinos disputados a favor do Muniz Freire Futebol Clube – um amador, à época, mas para a gente e o resto da torcida alvi-anil, foi um verdadeiro profissional dos gramados, que trouxe-nos, além das fantasias múltiplas em torno das cores defendidas e preservadas pelo MFFC, em campo, legou-nos ainda, um pouco de divertimento nas composições musicais que redigiu e interpretou, no palco, em momentos sócios-culturais, tendo, angariado o primeiro lugar com uma de suas canções. (Salvo engano ele compôs 03).

Lutou, correu atrás, fez de tudo para que seus familiares fossem mais felizes, trazendo-os, algum tempo para perto de nós: o Neguinho, o bacurau (meu contemporâneo das gingas), os gêmeos, suas irmãs, pai e mãe, demonstrando ter sentimento e sincero cuidado para com os seus queridos que eram pessoas de visíveis carências, provando que sua estadia entre nós não era somente profissional, mas também afetiva e que é pessoa pobre, mas não destituída de sentimentos para com a sua origem humilde

O Valdenir Porto Moraes - o carola se foi, mas as marcas de futebolista, de craque, o melhor que por aqui passou, são inapagáveis! A notoriedade de sua passagem meteórica em nosso meio, foi marcante em nossas mentes e corações, merecendo ser festejadas e recordadas a bom termo. Ele nos legou as lições que o tempo dificilmente levará e assim poderemos revivê-las, nas páginas de alguma crônica, que alguém venha sobre sua vida refletir.

Viva o futebol do amador “carola”!

Muniz Freire, 22 de março de 2.004 Fernandinho do forum