Um Serelepe em Campo.

Não há dúvida alguma que o nosso futebol tupiniquim estava em baixa em termos de magia e de criatividade, enquanto não tinha surgido um moleque simples, mas, cheio de habilidades, tanto no que tange à sua desenvoltura dentro das quatro linhas, como no seu trato com as pessoas.

Apareceu Neymar para refazer nossa história futebolística. Até então, o torcedor brasileiro via seus ídolos perdendo força em termos de habilidade, já que a maioria deles estava, ou ainda estão se aposentando dos gramados.

Essa magia do futebol esteve presente na seleção de 70 e na seleção de 82. Daí em diante, o que se viu foram nomes individuais se destacarem como ídolos do torcedor. Assim, às vezes ganhamos, às vezes perdemos, mas, nunca em nossa história houve um atraso tão grande na entre safra, visto que o Brasil continua revelando seus jogadores, mas, o contingente é tão pequeno, que hoje, nossos craques saem para o exterior tão jovens que, muitos deles, só serão revelados caso tenham alcançado a fama em terras estrangeiras.

Isso assusta porque estamos perto da Copa que será realizada em nosso país e pouco se vê em termos de futuro da seleção brasileira. Entretanto, na contramão dessa história surge esse menino quase franzino, mas, de explosão e de arranques inigualáveis. De uma habilidade raríssima, já que a criação das suas jogadas surge de forma tão espontânea que desafia os lances corriqueiros que já se instalarem nos anãs futebolísticos, através de autores diversos que um dia caíram no agrado do torcedor (jogada de calcanhar, chapéu, pedalada etc). A cada jogada, o Neymar cria sua própria arte; sem imitação.

O Neymar é uma relíquia do nosso futebol. Alguns costumam dizer que o Santos é um time de ‘museus’ no que diz respeito ao contingente de torcedores, já que a maioria deles são pessoas mais velhas que aprenderam a gostar do Peixe, porque há décadas atrás tinham o Rei Pelé. Isso mudou. Hoje, o que se vê são garotos entusiasmados com o seu ídolo. O Neymar é quase unanimidade nacional.

Infelizmente, a sua ginga e a sua forma artística de desenvolver suas jogadas têm trazido muitas polêmicas, entre as quais, aquelas em que o jogador truculento reclama de lances que podem significar menosprezo. Isso soa autodefesa diante da perplexidade de não se poder vencer sem ser objeto de chacota do torcedor.

No jogo contra o Palmeiras, o Neymar não conseguiu jogar porque foi ‘caçado’ dentro de campo. No jogo contra o Botafogo de ontem, via-se o desespero dos mascadores que, ao invés de operar uma marcação rígida e dura, davam ‘botes’ como se quisessem ferir com presas felinas e venenosas. Sorte que o prodigioso jogador parecia serelepe, que gingava pra lá e pra cá, em trotes tão rápidos que o marcador era obrigado a apelar pro pontapé, que não alcançava o alvo em face da agilidade de Neymar.

O mais paradoxal é que os árbitros também são vítimas de tais circunstâncias e não querem ser driblados pelos falaciosos lances de dissimulação. Assim, ficam reféns das suas inseguranças e acabam deixando que o marcador intimide o craque.

Se o Neymar vai ou não ser personagem na próxima

Copa do Mundo ninguém sabe, o que se sabe é que tal jogador tem provado a cada dia que pode ter um futuro brilhante pela frente. Isso nos enche de esperanças, porque esse jogador, junto com outros de bom talento como Ganso e Lucas, podem ser jogadores que irão dar um pouco de magia ao nosso futebol tão burocratizado atualmente.

Machadinho
Enviado por Machadinho em 10/02/2012
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