Uma viagem ao Nordeste de bike - o Hotel.
Chegamos enfim ao hotel. Por falar em hotel, este é um capítulo à parte...
Logo que contratamos o tal pacote da nossa viagem fomos dar uma olhada na internet no que seria a nossa moradia em Porto Seguro: prá nossa infelicidade resolvemos começar pelas opiniões dos hóspedes, o que eles haviam achado do hotel que nós, Eliana e eu, havíamos escolhido. Antes não tivéssemos tido tão malfadada idéia...
Pelo que desfilava diante de nossos incrédulos olhos parecia que havíamos comprado um pacote para a Transilvânia, bem no interior nauseabundo do ataúde do conde Vlad Dracul. Sim. Esse mesmo... o famigerado e sanguinolento vampiro devorador de mocinhas inocentes: (e outras nem tanto, diga-se de passagem, a bem da verdade.) o conde Drácula. Parecia-nos, à medida que íamos lendo os posts, que cada cliente que se hospedara ali havia estudado em alguma pós-graduação de terrorismo, especialmente para nos amedrontar, tal o grau de estardalhaço que faziam sobre as condições do muquifo, opsss, hotel, em que ficaríamos!!!
A essa altura do campeonato eu já via o pescocinho aveludado de Eliana nas garras sanhudas do tal conde, cujo nome me recuso a pronunciar outra vez... (vai que ele resolva vir sugar o meu pouco apetitoso pescoço... seguro morreu de velho, é o que sempre penso nessas horas.) e, previsivelmente, Eliana entrou em pânico, quase convocando uma conferencia internacional das agências de viagens para cancelar a reserva que havíamos feito. Mas, apesar de nossos ingentes esforços, não houve jeito: estávamos em final do mês de Outubro e não havia mais vaga em lugar nenhum de Porto Seguro... (aventamos até a hipótese de dormir na pracinha da cidade, mas acabamos desistindo da idéia amalucada; coisa de filme “noir” mesmo.) ou seja: tivemos de engolir o tal Bicho... desculpem, é que o nome do tal hotel é Beach Hills, nome que prontamente traduzimos, em nossa desolada frustração, para Bicho Grilo.
E foi no Bicho Grilo que nós desembarcamos de armas e bagagens. As armas, preventivamente, eram para a eventualidade de termos de combater denodadamente o tal vampiro desalmado da Transilvânia – para tão perigosa empreitada Eliana se munira de uma dúzia de dentes de alho roxo e umas quatro cruzes de madeira de dois metros de tamanho cada uma, além de dois barris de água benta que um padre, um cantarolante adepto ddo exorcismo tradicional e amigo de infância dela, lhe arrumara, condoído com a deplorável sina de minha mulher.
Depois de benzer o nosso apartamento com a parafernália que trouxera, Eliana, depois de pendurar dentes de alho por todo o aposento, inspecionou tudo cuidadosamente. E, só após escrutinar cada cantinho do apartamento com uma lupa de dois metros de diâmetro e não achar nenhum vestígio de vampirismo é que ela foi tomar um refrescante banho de chuveiro. Claro que o trabalho de montar as nossas bikes (e, consequentemente, sujar as mãos heroicamente de graxa) coube ao nobre mancebo que vos escreve essas mal traçadas linhas...
Bikes montadas, (com os freios meio mambembes, mas ninguém precisa saber disso...) banho tomado e roupa trocada lá fomos nós pedalar pela Avenida Beira Mar (nada a ver com o tal Fernandinho, cruzes!!!) em Taperapuan, deixando que a fresca brisa noturna de Porto Seguro nos desse, finalmente, as merecidas boas vindas.