Ciclofaixa de São Paulo
Aos domingos, o homem paulistano troca a gravata pela bermuda, o carro é substituído pela bicicleta. Bem disposto, acorda pela manhã e propõe a si mesmo e a família uma atividade diferente: pedalar sob a copa das árvores da ciclofaixa de São Paulo. Passeio terapêutico, que revigora músculos e cérebro. Na garagem, o veículo de quatro rodas espera tranquilo, a segunda-feira. No armário, deixa pendurado, o paletó; para as ruas, leva a mesma alma do dia a dia.
O homem, em qualquer lugar que o encontramos, do banco confortável de seu automóvel – nacional ou importado – ao selim de uma “bike” última geração, é o mesmo, com raras exceções: imprudente, leviano e vulgar. Corrompe as coisas mais sagradas; faz do paraíso um inferno; dos rios, um esgoto a céu aberto.
O Tietê, famoso por suas águas imundas e fedorentas, não é somente fruto da irresponsabilidade política, é a imagem do homem; reflete o espírito da sociedade mais rica da América Latina.
O homem é uma sofisticada máquina de dejetos: “Dirigindo” ou "Pedalando”, pensa com o estômago, defeca com a cabeça.