RONALDINHO GAÚCHO X NEYMAR; QUEM É O MELHOR?

O ano era 1974, o clube de futebol o Flamengo, o jogador Zico; com a certeza do Galinho de Quintino no time, juntamente com uma porção de outros bons nomes, o Clube de Regatas Flamengo ganhou o campeonato estadual e começou uma arrancada para o sucesso máximo. Cinco anos mais tarde já era tri-campeão carioca, sendo que duas vezes encima do maior rival, o Vasco da Gama.

Naquela época a imprensa já noticiava que o Flamengo possuía a maior torcida do mundo e mesmo se houvesse qualquer tipo de exagero, nenhum outro clube do planeta se atrevia a dizer que tinha mais torcedores; o medo do aviltamento era e é muito grande até hoje. Somente em 1980 o “mengão” conquistou seu primeiro campeonato brasileiro; depois disso o Cobreloa do Chile viu de perto o grande motivo de toda aquela empolgação; Flamengo do Brasil era também o Campeão Carioca, Brasileiro e das Américas; tudo no mesmo ano.

Em 13 de dezembro de 1981, já tendo conquistado todos os títulos disputados no período e após ter massacrado o Cobreloa do Chile; o Flamengo foi até o Japão para derrotar o Liverpool da Inglaterra e se tornar Campeão Mundial de Interclubes; feito não somente histórico para a equipe, mas também um marco decisivo para a consolidação de ter sozinho o título de maior nação torcedora do planeta...

Na linha estavam Raul, Leandro, Marinho, Mozer, Júnior, Andrade, Adílio, Zico, Nunes, Tita e Lico; no comando daquela que foi considerada uma seleção brasileira, estava o competente Paulo Cesar Carpeggiani, o gaúcho de Erechim que conheceu a glória através dos meninos do Rio.

Quando eu comecei a escrever este artigo, me encontrava nos Pampas do Uruguai, curtindo um frio de menos 5 graus; lembrei da época de ouro do meu time do coração, mas somente hoje, em Salvador, depois do belíssimo jogo com o Santos, foi que percebi o porquê do Flamengo ser tão querido até os dias atuais. Resolvi fazer esta justa homenagem a turma do bem que conseguiu fazer com que meninos que nem nascidos eram, se tornarem fieis e apaixonados torcedores.

Eu era nascido e vi o Flamengo campeão de tudo; de minha influência familiar de meu Tio Cardeal, passei a enxergar que o mundo não era azul e sim preto e vermelho; vi que o Cristo Redentor também se vestia com o manto sagrado da nação Rubro Negro; e que o Rio de Janeiro sempre permaneceu lindo, porque o alô da torcida do Flamengo jamais a fez se sentir triste.

Há 30 anos a equipe brasileira precisa derrubar o estigma de que não era apenas um time do Maracanã, uma vez que a maioria de seus títulos até a época, somente haviam sido conquistados no estádio carioca. Entre a conquista da Taça Libertadores da América e do Mundial Interclubes, o Flamengo teve apenas 20 dias de preparação. Com um público de mais de 60 mil pagantes em Tóquio, no Estádio Olímpico, o Flamengo elevou o nome do Brasil para o outro lado do mundo. Após a partida a Bola de Ouro ficou com Zico e a Chuteira de Ouro com Nunes. O Liverpool, derrotado por dois gols tinha na equipe um jogador do Zimbábue, três da Escócia, um da Irlanda e oito da Inglaterra; todos do Flamengo eram brasileiros...

Muitos ainda perguntam por que o Flamengo sagrou-se tão glorioso com apenas uma única vitória da Taça Libertadores da América e um Mundial; eu acredito que se deva pelo fato de antes dele apenas o Santos de Pelé em 1962 e 1963 havia conquistado títulos internacionais. O Cruzeiro em 1977 havia chegado perto, mas viu o título escorregar na final para o Bayern de Munique.

Era uma época excêntrica em todo o mundo, onde as armas tomavam conta das ruas e o povo queria se apegar a algo que lhes desse prazer; o Flamengo deu ao povão brasileiro, além do povo de muitos outros lugares, este tipo nada excêntrico de prazer; ele reuniu em menos de dois anos todos os títulos possíveis e a massa, antes nostálgica, se revelava alegre. Até no cinema, para quem tem mais de 40 anos vai lembrar com certeza, antes das exibições costumavam passar o Canal 100 com os lances mais incríveis do futebol brasileiro; o Flamengo foi um destes poucos personagens que apareceram tantas vezes no Canal 100 e que fazia o público da platéia delirar.

Uma época em que não se ouvia falar em jogadores que ganhavam fortunas; as arenas sempre lotadas, como o Maracanã, que já recebeu mais de 100 mil espectadores; aplaudia de pé aqueles grandes heróis, do goleiro ao técnico, do massagista ao Presidente; porque sabiam que quem estava ali dentro, suava a camisa para agradar o público; no peito e na raça, cada clube disputava até a exaustão o título do jogo, ou o título da temporada.

Revendo as manchetes depois desta última partida; percebemos que o jogo do século tinha que ter o time mais amado do mundo. Longe de ser uma disputa entre Ronaldinho e Neymar; estavam em jogo duas equipes gloriosas, mas o nome FLAMENGO ainda pesa muito e custa ouro. O resultado, independentemente do vexame de 5 gols com 3 de Ronaldinho, mostrou que uma vez Flamengo, sempre Flamengo. A torcida foi receber os jogadores no aeroporto com barulho de campeões e assim será pela eternidade, porque dificilmente, algum dia; deixaremos de ouvir um gol do Mengão ou ver uma camisa rubro negro!

Como sabiamente Lamartine escreveu no hino: “Eu teria um desgosto profundo, se faltasse o flamengo no mundo. Ele vibra, ele é fibra, muita libra já pesou. Flamengo até morrer; eu sou!”

Carlos Henrique Mascarenhas Pires é editor do Blog www.irregular.com.br

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Enviado por CHaMP Brasil em 29/07/2011
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