O G3 QUE VOLTOU A G4: COMO ENTENDER?
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) conseguiu, na segunda-feira 18, reverter a decisão da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) de remover uma das vagas do Brasil na Taça Libertadores. A malfadada medida foi instituída em pleno Campeonato Brasileiro, prejudicando clubes como Botafogo, Grêmio, Palmeiras, São Paulo e a.paranaense, cujas campanhas atuais lhes permitem sonhar com a última vaga na competição – na hipótese de Fluminense, Cruzeiro e Corinthians encerrarem o certame nas três primeiras
colocações. A vaga brasileira só será perdida caso o campeão da Copa Sul- Americana – a qual concede uma vaga na Libertadores – saia de Avaí, Goiás, Atlético/MG ou Palmeiras.
A atitude da Conmebol demonstra a falta de critério com que a entidade rege o futebol na América do Sul. No começo de outubro a Conmebol anunciava que seria difícil voltar atrás em sua decisão, ainda que a mesma fosse completamente desprovida de embasamento. Afinal de contas, alterar o regulamento de uma competição em pleno andamento de outra a qual está relacionada é uma péssima ideia e um ato extremamente anti-profissional, com exemplos semelhantes na história do futebol. Em 1987, o Clube dos 13 organizou um torneio à parte, a Copa União, a qual seria disputada pelos 12 maiores clubes do Brasil (mais Bahia). O Brasileirão da CBF, sem as equipes do C13, apuraria outro campeão. Entretanto, as regras foram alteradas durante
as competições e a CBF decidiu que seu campeão e vice (Módulo Amarelo) disputariam a taça com o campeão e vice do Clube dos 13 (Módulo Verde). A recusa destes em entrar em campo foi decidida por todos os seus membros, dos quais Flamengo e Internacional acabaram como campeão e vice, respectivamente. Enquanto isto, o Sport empatou nos pênaltis com o Guarani em 11 x 11 e, estranhamente, foi proclamado o campeão brasileiro de 1987. E a CBF jamais assumiu a patacoada.
A medida revela ser mister o prestígio desfrutado pela CBF no
continente, através do presidente Ricardo Teixeira. A Conmebol prejudicaria um futebol repleto de conquistas, ídolos e fama. Seleções e clubes que faturam estratosféricas cifras com amistosos e patrocinadores. Teria sido a entidade “máxima” do continente tão flexível caso a federação atingida tivesse sido o Peru, a Venezuela ou a Bolívia? A Conmebol, uma vez mais, transparece ausência de autoridade em seu comando. Esta é a mesma entidade que, na final da Copa Libertadores de 2005, não permitiu que o a.paranaense atuasse em seu estádio modificado às pressas, marcando a partida para Porto Alegre para atender ao São Paulo, o qual era o clube de maior peso político. É a confederação que não tomou qualquer atitude no caso Desábato na Libertadores de 2004, em um jogo entre Quilmes-ARG e São Paulo, quando o zagueiro argentino teria dirigido insultos racistas ao atacante tricolor Grafite. E na segunda eliminação corintiana para o
River Plate-ARG, em 2006, o clube paulista não sofreu qualquer sanção após integrantes de sua torcida quebrarem a divisória do Pacaembu entre as arquibancadas e o gramado.
Não há seriedade no futebol sul-americano. Seus verdadeiros
mandatários são as grandes confederações e clubes do continente.