Comissão da Copa 2014

Todo trabalho vitorioso naturalmente passa por processos de aprimoramento e aprendizagem, baseados em experiências boas e más; próprias e/ou de terceiros; complementados por ideias existentes ou inovadoras. No meio esportivo, mais especificamente no futebol, o talento é o grande diferencial para a obtenção de êxito, mas deve vir amparado por boa retaguarda, a qual lhe permita frutificar, caso contrário, ou encontrará sérias adversidades, ou tornar-se-á estéril.

O futebol brasileiro é “sui generis” no mundo, devido à profusão de talentos, técnica apurada, arte pura dos dribles e jogadas criativas. Basta resgatar isso tudo, que caracteriza a personalidade e natureza peculiar do nosso futebol arte, por meio de uma reformulação focada na Copa de 2014, transformando a desgastada ótica vigente. Nossa Seleção deve ter a personalidade do futebol brasileiro, e não a personalidade do técnico, marcas pessoais são deixadas, mas este deve ser, sobretudo, um facilitador do processo.

Esse preâmbulo anuncia a tônica da ideia inovadora e ponderada que passo a abordar, agregando uma reflexão a respeito do recente revés brasileiro na Copa de 2010, bem como os dissabores de Copas como a de 2006, eventos negativos contundentes e por demais desagradáveis...

Há circunstâncias em que os lampejos criativos e visionários de mentes fecundas (mesmo que de pessoas "simples" e que tenham lá suas deficiências...) são trilhos que conduzem a novos horizontes, por meio da locomotiva das ideias luminosas. Quem perde o trem, lamenta-se; os que nele embarcam, além da gratificante viagem, são agraciados com o destino do sucesso e a aurora de novas possibilidades. Vale destacar que a humildade e a auto confiança devem ser cultivadas em equilíbrio, pois nas ocasiões nas quais a seleção “amarelou”, contra França (2006) e Holanda (2010), detectou-se uma prepotência de treinadores e elencos, que diziam não esperar que pudesse ocorrer resultado de derrota, não esperavam por esse resultado; isso é um passo largo para o revés. Não é prudente subestimar os adversários, nem superestimar as próprias capacidades, cabe sempre a justa medida e o bom senso.

No contexto do futebol, trabalha-se com possibilidades de vitória, de acordo com um determinado encadeamento de ações vitoriosas, que pode conduzir à conquista efetiva do êxito máximo. Enfatizo que futebol não é propriamente justiça, matemática ou lógica, mas lida com variáveis e leis da probabilidade, visto que, apesar das distorções, é sempre mais provável que os clubes e seleções que desenvolvam bons trabalhos, sejam recompensados e coroados pela sorte e pela vitória.

Tenho cristalina em mente uma ideia ocorrida após o fatídico revés da seleção brasileira nesta Copa de 2010. Eis que proponho à CBF, o quanto antes, já iniciando o projeto de conquista da Copa 2014, a criação de uma equipe de bastidores, altamente qualificada, experiente e atrelada às vitórias. Nisso consiste o que denomino a “Comissão da Copa”, cujo contingente seria de 11 membros, um verdadeiro time de craques, a ser refletido dentro de campo, com a responsabilidade de convocação e montagem do elenco de jogadores da Seleção e a função de moderadora dos poderes do treinador, ou seja, daria todo o suporte ao técnico, atuando num sistema de “parlamentarismo” futebolístico. Se tal Comissão já existisse para a atual Copa, jogadores em excelente fase, talentosíssimos e aclamados por torcedores e grande parte da imprensa esportiva (por exemplo o Neymar, Paulo Henrique “Ganso”, Hernanes, Roberto Carlos), certamente estariam em campo aumentando as chances de sucesso da Seleção, ou diminuindo a probabilidade de um desastre como o ocorrido contra a Holanda...

A missão da supracitada Comissão é criar as bases sólidas para que o técnico da Seleção não seja absolutista (voluntária ou involuntariamente), e esteja menos vulnerável às influências do seu ego, de empresários, de patrocinadores, etc.; por mais idôneo que seja e mais personalidade que tenha, é importante para diminuir a carga de responsabilidade sobre o treinador. A escalação do time titular caberá ao treinador, evidentemente que prevalecerá o seu comando, mas devidamente moderado pela Comissão, e a ela deverá ser dado o Feedback sobre as atitudes em relação ao time que entrará em campo.

Vislumbro 11 expressivos nomes de possíveis membros da idealizada Comissão da Copa: Rivelino; Pelé; Sócrates; Casagrande; Gérson; Neto; Zico; Falcão; Zenon; Arnaldo César Coelho (a cuidar de questões de regras e arbitragem no treinamento extracampo dos jogadores); seria Armando Nogueira se ele não houvesse falecido, portanto, Juca Kfouri (a cuidar da captação dos anseios da torcida e da imprensa esportiva). Algo como a Academia Brasileira de Letras, mas no âmbito futebolístico.

Espero que essas ideias encontrem acolhida e gerem seus bons frutos.

CARLOS AUGUSTO DE MATOS BERNARDO

Augusto Matos
Enviado por Augusto Matos em 12/07/2010
Reeditado em 18/07/2011
Código do texto: T2372834
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.