A COPA É NOSSA?
O clima de copa do mundo a todos contagia. Dizer isso é mesmo lugar-comum. Embora existam pouquíssimas exceções, estamos envolvidos sim, mesmo após discussões incansáveis e infrutíferas sobre a convocação da seleção brasileira pelo Dunga, que a muitos não agradou, diga-se de passagem. Deixar para trás o futebol bonito e alegre dos meninos da Vila, Ganso e Neimar, com suas comemorações às vezes bizarras, deixou insatisfeita a maioria dos torcedores fossem quais fossem seus times do coração. O fato é que o comandante fez o que lhe aprouve e procurou justificar-se de toda maneira. Todos tivemos que engolir.
Ao largo de tudo isso, tão logo começou a Copa, os brasileiros entramos no clima e, por mais que não concordemos com certas atitudes do técnico, vestimos a camisa amarelinha e fazemos qualquer esforço para não perder a uma exibição que seja do “scratch canarinho”, como se dizia antigamente, a verdadeira “Pátria de chuteiras”.
Conforme alguns comentaristas, a Brasileira não é mesmo uma seleção que irá presentear nossa auto-estima viciada no desejo de grandes apresentações, mas é um time que tem um bom conjunto e que pode, de vitória em vitória, se não com facilidade, superar a muito custo as dificuldades, chegar lá, trazer o “caneco” pela sexta vez.
O próprio Dunga não está seguro do que pode acontecer de muito favorável, pois, numa copa em que a Itália, tetracampeã do mundo e a campeã de 1998, França, foram eliminadas na primeira fase e onde todos os times sul-americanos passaram para a fase seguinte, e em que um time africano, Gana, superou as oitavas, nenhum torcedor ou especialista pode estar certo de nada, embora esperemos sempre pelo melhor.
Entendidos afirmam que a Itália não tinha mesmo como se dar bem no campeonato, vez que a própria campeã da Liga italiana, Inter de Milão, é composta em sua maioria de jogadores estrangeiros, entre eles, vários brasileiros, como o goleiro Júlio César, Maicon e Lúcio e etc., sendo que não houve renovação e os veteranos não suportaram o peso e a exigência da competição, embora nem tão acirrada assim. A França que se classificou com um indiscreto gol de mão, também não teve suporte necessário para chegar lá e saiu de maneira melancólica da competição. Isso não seria tão definitivo, tivesse o País um time à altura de seus competidores.
Apesar do barulho ensurdecedor das vumvumzelas, que a muitos não agrada, segue a competição, aos olhos do mundo, uma expectativa que gera ansiedade pelos países que ainda se mantém vivos na disputa, inclusive o Brasil.
Passamos para a próxima fase, entramos na segunda-feira na “mata-mata” e, se o Brasil tiver passado ileso pelo Chile, estaremos enfrentando o próximo adversário, Deus queira que os bons ventos da vitória nos sejam favoráveis a partir de então, mesmo que enfrentemos a Argentina numa final, haja coração! Para isso, ambas as seleções vão ter de remover pedreiras pelo caminho.
Uma coisa é-nos realmente favorável: Não estamos experimentando o clima do “já ganhou” e nem nos consideramos derrotados com antecedência, o que nos garante que, se não desfrutarmos da felicidade proporcionada pela Copa de 70, também não sentiremos a frustração inenarrável da Copa de 82, o que pode ser um bom começo.