Chamusca busca chamuscar-se pelas bandas de cá

Chamusca busca chamuscar-se pelas bandas de cá

Opinião

BENÊ LIMA, especial para o Contexto Esportivo

As declarações do preparador técnico do Avaí, Péricles Chamusca, soam, com muito boa vontade, como meias verdades, que não são de todo mentiras, mas que também não são verdades.

Ao proclamar e eleger como bode expiatório da derrota do seu time para o Alvinegro cearense, a alta temperatura registrada no Castelão, Chamusca escamoteia a verdadeira razão da derrota de sua equipe, além de ter uma atitude no mínimo deselegante para com a equipe adversária, ao negar-lhe os méritos de uma campanha até aqui surpreendente.

Diferentemente do que diz ter visto o treinador do Avaí, foi-nos dado apreender um jogo de duas equipes com propostas de jogo muito parecidas, em que a prevalência da marcação sobre a criação foi fato notório.

Houve quem dissesse que a equipe do Avaí foi a melhor que por aqui passou até o momento. Discordo. O time catarinense me pareceu exagerar em sua pré-proposta defensivista, razão pela qual dificultou sobremaneira a evolução da transição ofensiva do Ceará, situação que foi alcançada com certa tranqüilidade, em razão do limitado repertório ofensivo do time de Porangabussu.

No entanto, a partir das atitudes reativas do técnico alvinegro, PC Gusmão, a dinâmica de jogo de sua equipe foi alterada para melhor, e ela não tardou a colher os frutos da lógica, do pragmatismo e da aplicação da cartilha básica das disciplinas técnica e tática.

O baixo rendimento individual de Geraldo e de Washington comprometia o desempenho coletivo do time. Com as entradas de Erick Flores e Lopes, o potencial de movimentação da equipe teve significativo acréscimo, fato que se cristalizou ainda mais com o novo fôlego e a passada larga de Tony, que entrou em lugar do lépido Misael.

A Chamusca, pois, o conselho para que aprenda a enxergar o jogo por seu aspecto dual. Ou seja, há um importante e irrecorrível processo de interação próprio do jogo, ao qual precisamos nos habituar, que provém da compreensão de que o jogo se explica pela atuação das duas equipes, e não só por uma delas.