Seleção Brasileira

Com o alvorecer da Copa do Mundo de Futebol - 2010, o senso quadrienal de patriotismo aflora no seu apogeu. O grupo de jogadores, vestido com um ícone pátrio por adoção, simboliza a nação "que dá certo", o que temos de melhor para expressar uma coletividade populacional, por demais carente em muitos sentidos, mas que alcança seus êxitos em alguma coisa... É uma dicotomia, visto que um país que é referência no futebol, não pode tomar isso como resgate das suas mazelas cotidianas, mesmo sendo honorável a alcunha "país do futebol". Pondero sobre uma célebre declaração do também célebre estadista francês, Charles de Gaulle: "Le Brésil n'est pas um pays sérieux" ("O Brasil não é um país sério.").

Prefiro imaginar uma Seleção Brasileira que efetivamente represente a pátria, não a atual, mas a futura, que conquiste resultados sublimes e traga preenchimento às lacunas mais sensíveis da população combalida, contudo, esperançosa. A escalação seria algo como "um craque em cada setor do time". Com instrumentos linguisticos, em linguagem alegórica (sem qualquer trocadilho que remeta aos carnavais, pois estão longe de significar símbolos virtuosos de um povo), delineio uma épica esquadra brasileira, em parte utópica, mas que traduz com maior propriedade, os anseios por um país que verdadeiramente conquistará vitórias no campo, na cidade, no litoral...

Mas merece justa nota, tudo o que de bom e com competência, vêm sendo feito em nosso país.

Eis a escalação:

GOLEIROS-POLICIAIS (Segurança pública): defensores por excelência, com altivez e à altura da função no time, protetores, emocionalmente estáveis e com elasticidade e bom preparo moral para neutralizar os ataques adversários, feitos com bolas e balas...

ZAGUEIROS-MÉDICOS (Saúde Pública): zelosos pela integridade da retaguarda do time, capazes de estancar jogadas perigosas e ofensivas das doenças, etc. Assim, a torcida não "morrerá do coração", nem de outras patologias...

LATERAIS-LITORAIS (Turismo e Lazer): balizas de um ponto forte do turismo e que merecem atenção no time. Uma vocação natural que, se estimulada, se extende às outras áreas do "campo de jogo".

MEIO-CAMPISTAS DO CAMPO (Agronegócios, Indústria e Comércio): impávido colosso de nossa nação agricultável, que fazem o "meio de campo" da economia, entre os setores primário, secundário e terciário. Alimentadores natos, geradores de jogadas que abastecem o time e

deixam a torcida saciada.

CENTROAVANTES-PROFESSORES (Educação pública): mestres na arte de conduzir a bola na direção do gol, descrevem caminhos e trajetórias no campo de jogo, proporcionam encantamentos com suas técnicas e anseios que vislumbram algo promissor "lá na frente",

provando que é preciso avançar com maestria, ciência, arte, excelência, dignidade e exemplos de como se deve atuar com "a bola nos pés".

ATACANTES-POLÍTICOS (Política): reservei esta casta do time aos detentores mais expressivos do poder de destinar os esforços coletivos do time para dentro do gol... Eis um mistério histórico da humanidade! Gol, nesse caso, é ambiguidade, afinal, os tais atacantes-políticos tanto fazem gols-contra (no jargão futebolístico é o famoso "jogar contra o patrimônio"), como gols que geram benefícios próprios e os gols decentes em prol do time. "Atacar o adversário", pode também trazer oculto o "atacar o próprio time". Mas no time dos sonhos, esses atacantes são nossos exemplares artilheiros, por coincidência, 2010 é ano de Copa do Mundo e ano eleitoral, isso merece uma reflexão...

Há uma outra "Copa" que precisamos vencer... e com uma seleção assim, cada vitória reveste-se de significados especiais, e a torcida terá motivos para se espelhar nesses representantes, cujo uniforme amarelo-ouro possa simbolizar riqueza, virtudes e desenvolvimento humano.

CARLOS AUGUSTO DE MATOS BERNARDO

Augusto Matos
Enviado por Augusto Matos em 18/05/2010
Reeditado em 19/07/2010
Código do texto: T2264410
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