Copa do Mundo de 2016 - já começou a gritaria... pelo dinheiro!
Copa do Mundo de 2016 - já começou a gritaria... pelo dinheiro!
A FIFA veio a público informar que as obras relativas à adaptação de estádios e construção de bens e equipamentos urbanos para a Copa de 2016 estão atrasados e, por isso, a entidade ligou o sinal vermelho para o governo brasileiro.
Em seguida, o Ministro dos Esportes veio a público para confirmar o fato e, acender a luz amarela, para a União, Estados e municípios envolvidos.
Desta, a população do meu estado escapou. Mato Grosso levou a sede da copa no centro-oeste, usando a grife e as imagens do pantanal, que fica no estado vizinho, Mato Grosso do Sul.
Mas, o que dizer? Isso não vai prestar. Fizeram um compromisso que muitos estados e municípios não podem cumprir. Essa história vai acabar lá no Palácio do Planalto e no bolso do contribuinte.
Muitos Estados e municípios assumiram compromissos financeiros que não podem cumprir. Ou seja, não vão comparecer simplesmente porque não possuem os recursos financeiros com os quais se comprometeram descaradamente.
Vai faltar verba para realizar todas as obras exigidas pela FIFA e, então, vai sobrar para a União, que vai comparecer benevolente, com a grana, sabendo que já não haveria tempo para licitar todas as complexas obras e serviços de engenharia envolvidos.
Mas, aí, vai começar uma jogada há longo tempo conhecida no Brasil (e que foi utilizada à época da realização dos Jogos Panamericanos, no Rio de Janeiro).
Seguinte: todos perguntarão em coro e com os rostos carregados, o que fazer, para cumprir o compromisso maluco assumido com a FIFA. E alguém saltará da coxia, gritando grave, afobado e festivo. "Caso de emergência! Utilize-se a Dispensa de Licitação prevista no Art. 24, IV, da Lei nº 8.666/93!
E, para as "artes" de engenharia e situaçõe que necessitem de tecnologias exclusivas, que se contrate tudo utilizando o instituto da Inexigibilidade de Licitação, constante do Art. 25, Caput, da mesma Lei!".
E se ouvirá um coro de gente aparentemente surpresa e contentes: "Oooh!, Ooh!, OoooH!... Sim, Avante Brasil! Teremos a Copa!...".
Direto para o final da história: no país que nunca precisou de maná, mas onde sempre sobraram espertos e manés, vai jorrar dinheiro, muito dinheiro. Muitas capitais brasileiras vão se transformar em impressionantes canteiros de obras. E muita empresa vai aumentar absurdamente seu capital - remediado vai ficar rico e muitos ricos, milionários.
No meio disso, os operadares do processo, desde a liberação de verbas em Brasília, até servidores responsáveis pelos processos de contratação direta (isto é, sem licitação) vão sentir o bafejo da sorte em suas vidas - e o estupendo aumento de suas contas bancárias.
E o paradigma, o modelo de prova das minhas alegações são os Jogos Panamericanos, realizados no Rio de Janeiro. O processo foi exatamente o que descrevi acima (onde a dinheirama envolvida na contratação foi administrada por uma única família, ligada a um proeminente dirigente do Comitê Olímpico Brasileiro - COB).
A onda de movimentação financeira gerada pelas obras dos Jogos Panamericanos decorrente chegou até o centro-oeste, onde muitas empresas de pequeno e médio porte de engenharia foram contratadas para executir serviços que as donas dos contratos terceirizavam...
Quero dizer: um esquema gigantesco já foi testado e deu certo. Daí...
E haverá Copa do Mundo. E os estádios estarão cheios. E o Brasil, num certo sentido, apesar de festivo vai continuar pobre.
E depois disso, vem as Olimpíadas. E mais emergência e, inexigibilidade. A menos que o Brasil venha a ter um Presidente da República com corajem e cabeça no lugar.
Juca Chaves, que anda tão esquecido, nos 80's, gravou uma música que tinha uma letra, cujas duas primeiras estrofes da letra, parecem feita para retratar a situação em questão:
"Assim é o Rio
Tem muita gente roubando
muita gente enriquecendo
de modo vil, a policia vai e prende
e a justiça vem e solta
isto é o Brasil.
Os de cima tão com sede
e os de baixo tão com fome
onde se viu?
A marmita pelo meio
e o maracanã bem cheio
assim é o Rio..."