Senna Vive

Eu não vi o Ayrton Senna correr. É importante deixar isso claro, afinal tenho 18 anos e era muito nova quando ele corria. É verdade, eu sempre assisti fórmula 1, quando eu era criança meu irmão me chamava pra assistir a corrida, eu via a largada e queria ver quem ganhou, não entendia direito mas gostava de assistir. E hoje já assisti muitas corridas dele e posso dizer: ele era um piloto foda. Mas não é do Senna piloto que eu vou escrever hoje.

E foi assim que eu "assisti" a fórmula 1 no dia 1º de março de 1994. Eu já tinha visto batidas de carro, na verdade elas nunca me impressionaram... E foi naquele dia, e eu me lembro bem, naquela tv daquelas antigas, com antena e bom bril na ponta que eu vi o Senna bater. E eu posso dizer, aquele dia eu vi as pessoas tristes. Não tristes como ficam quando perdem alguém da família, mas tristes como quando a gente perde um herói. Sabe quando a gente vai crescendo e perdendo a inocência? E aí descobre que nossos heróis não saem dos quadrinhos e vivem apenas em nossos corações? Pois aquele dia eu vi muitas pessoas com o olhar de quem perde um herói. Eu já perdi alguns dos meus, mas vivem alguns ainda em meu coração. E foi assim que ficaram milhões de brasileiros, eles perderam o seu herói.

Eu queria ter visto ele correr. Ele não era só um piloto que queria vencer, era um piloto que queria ser o melhor, e querer ser o melhor faz toda diferença. Talvez isso eu tenha meio que aprendido com ele, eu sempre tento ser a melhor nas coisas que eu faço, tenho agradar as pessoas do melhor jeito possível e tento dar o melhor de mim sempre. E eu falho, afinal de contas, não sou uma heroína, sou humana e humanos falham.

Mas eu queria falar um pouco mesmo é do Senna pessoa. Não aquele Senna que vocês viram correr, e eu depois de alguns anos vi em reprises mas o que ele fez como ser humano, não como herói. O Ayrton Senna da Silva. Da Silva, assim como eu. Sabia que eu também sou "da Silva"? Pois é, Fernanda Motão Sotero da Silva.

O que mais me faz admirar ele é o que ele fazia vamos dizer "escondido". As pessoas e instituições que ele ajudava, mas ao contrário dos "Didis Mocós" da vida, ele não fazia questão de expor isso. Ele fazia porque achava certo, não porque queria que a mídia soubesse, pra todo mundo ele era o herói piloto, o herói humano a gente só descobriu depois daquele dia em que o Brasil perdeu o herói humano e o herói piloto.

O héroi que eu depois de anos ao ver a reprise, vi que ele correu com o câmbio quebrado e ganhou na raça, que não foi superado por apenas um defeito no carro.

Hoje existe o Instituto Ayrton Senna, que é dedicado a ajudar todas as pessoas a quem Senna já ajudava antes de ninguém saber, pessoas que só apareceram depois de sua morte, para homenagea-lo e agradecer.

E eu tento as vezes ser humana, assim como ele era. Não tenho tantos recursos como ele tinha e admito, receio também não ser uma pessoa tão boa quanto ele era mas procuro dar o meu melhor, muitas vezes falhando e as poucas que acerto, espero que façam alguma diferença para alguém de quem eu goste, ou mesmo um desconhecido.

E queria apenas dizer o meu obrigado a esse herói, herói que não vi correr como piloto, não como muitos de vocês viram mas o herói que ainda vive em milhões de corações e principalmente aos beneficiados pela instituição que carrega seu nome.

Afinal de contas, para morrer basta estar vivo mas para permanecer vivo é necessário cativar muitos corações e por isso acredito que Senna ainda vive.

"Seja você quem for, seja qual for a posição social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre faça tudo com muito amor e com muita fé em Deus, que um dia você chega lá. De alguma maneira você chega lá."

Ayrton Senna da Silva.

Fernanda Motão
Enviado por Fernanda Motão em 02/05/2010
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