A TORMENTA QUE ANTECEDE A CALMARIA

(Trecho da Coluna "Com Pé e Cabeça" - Ano V - Nº168)

Será justo subtrair nossas esperanças, de termos, no futebol cearense, dirigentes empenhados em levá-lo ao topo?

Ingênuos (?), sem dúvida não o somos. Sempre duvidei da tipologia da espécie humana a que pertenço. Saudável desconfiança a minha, salutar ceticismo o meu. Porém, conviver é preciso; sobreviver é imperativo; viver constitui desafio qualitativo.

O nosso direito e a prerrogativa de nossas escolhas com quem conviver, invariavelmente esbarra não no vasto território das almas viventes, mas, no estreito limite de seus valores.

Na verdade, são poucas nossas opções de escolha. E quanto mais seletivos formos, menos opções teremos. Para quem ainda não alcançou o ponto de vista proposto, devo esclarecer que falo sobre amigos, afinidade, lealdade, respeito, generosidade, retilineidade de caráter, falo, enfim, sobre valores.

É desolador vermos nossa sociedade ser tomada por uma onda de cinismo e desvalor, que transforma direita e esquerda política meramente em siglas partidárias, quase que inteiramente descaracterizadas de perfil ideológico e valoração. Dito isto, por analogia já se pode depreender que somos descrentes da “santidade” humana, embora não me veja como a medida do comportamento humano. Mas, também, não aceito que pessoas de qualificação moral e ética abaixo da minha queiram posar de paladinos do bem, nem que queiram reformar a ética com o objetivo de acomodar seus interesses inconfessos. Ou mesmo, os cinicamente confessos.

Chegamos ao ponto. Como elemento de adjetivação e substantivação, na federação não há nem jamais houve santos, a não ser no sobrenome. Mas isso não tira das pessoas que por lá passaram, nem das que lá estão os méritos que porventura possuam. Também não as nivela, pois sabemos que a meritocracia é condição que pressupõe relativização de valor. E, de fato e não de direito, não somos iguais. Pois, nossa igualdade se esvai quando confrontada com nossas ações, atitudes e comportamento.