DEBATES INÓCUOS
No meio da crônica esportiva não-literária, mas também não tão jornalística, assistimos a verdadeiras discussões bizantinas, que nada acrescentam ao futebol.
Promover o debate pelo debate, sem a clareza de seus objetivos, sem a devida e competente interlocução, e sem critérios para a escolha dos debatedores, representa, quando muito, dar eco a um tartamudear inócuo e improdutivo, que pode ser traduzido em perda de tempo.
Qualquer programa que tenha por objetivo promover o debate na área esportiva deve ter princípio, meio e fim; deve ter pé e principalmente cabeça; deve ter roteiro, enunciação, desenvolvimento e, se não conclusão, ao menos proposições que sirvam de encaminhamento a um desfecho. Enfim, produção e pós-produção – de preferência.
Em especial no rádio esportivo fortalezense, prosperam programas de baixíssima produção, em que um falso debate faz-se anunciar, numa flagrante atitude de desrespeito para com os ouvintes. Além dos falsos debates, alguns desses arremedos de programas ainda promovem falsas pesquisas, em condições em que os ouvintes são colocados na situação desconfortável de terem que falsear a verdade, para agradar a seus apresentadores.
Outros há que se colocam como programas de debate, mas promovem candidatos a puxa-sacos, que não emitem opinião e se limitam a reproduzir e a endossar os comentários de quem os produz e apresenta.
Entre os aspectos negativos ao aprendizado e à democracia, sobressai-se a profunda frustração do ouvinte, que quanto mais exigente e qualificado, mais se frustra e se decepciona com a falta de conteúdo desses programas.
Até mesmo veículos de comunicação do porte de um Sistema Verdes Mares, estão embarcando no desperdício de alguns de seus espaços na área esportiva, por falta de melhor produção e de bons debatedores. A propósito, o Domingo Esportivo dos colegas Jurani Parente e Gualber Calado, por falta de debatedores-substitutos, tem alternado seu desempenho, na exata medida de seus participantes.
Outro fator que empobrece o debate em nosso futebol são as idéias preconcebidas e a difusão de conceitos ultrapassados, prática comum a quem não se especializa nem busca novos conhecimentos.
Mais um fator restritivo à qualificação do debate, é a descontextualização e a falta de foco de algumas discussões, situação que acaba provocando certo desinteresse do ouvinte/assistente.