Crônica de um fracasso anunciado
A expressão não contém nenhuma novidade. Afinal, quem nos acompanha sabe que bem antes do returno da Série B venho advertindo os dirigentes tricolores sobre o que esperava o time. De lá para cá, sabe-se que houve tentativas de qualificar o elenco e mais ainda o onze leonino. No entanto, quase todas elas deixaram de produzir os efeitos desejados.
Ainda há quem insista, e não são poucos, na tese da potencialidade do elenco tricolor. Ora, mesmo que isso fosse verdade em se tratando de Série B, a aparência de realidade não confere caráter de atualidade ao sofisma (mentira) criado(a).
Neste ponto, vale esclarecer a diferença místico-filosófica entre realidade e atualidade. Esta, necessariamente, inclui nossa percepção através da mente objetiva, por isso inclui também nosso conhecimento da(s) realidade(s). Nem tudo que é REAL, é, para nós, ATUALIDADE, pois a atualidade requer, além de percepção, nosso conhecimento da(s) realidade(s).
Outra distinção que as pessoas precisam fazer, para compreender a diferença entre a concepção com aparência de realidade e a realidade propriamente dita, é mergulhar em uma análise com fundamentação, buscando as causas do não-sucesso, e não desculpas e explicações infundadas para o fracasso.
O Fortaleza colecionou nomes, contudo, jamais nesse brasileirão teve um time que representasse o patamar alcançado pelo clube. Os números, corroborados pela baixíssima média de produção da equipe, mostram essa realidade irrecorrível.
Ao contrário do que vem sendo dito como verdade absoluta, o ataque tricolor não detém uma boa produção, bem como seu meio-campo, e pior ainda seu sistema defensivo, formado não só pelos dois zagueiros, mas, acima de tudo, pelo meio-campo-defensivo.
A boa vontade dos dirigentes sucumbiu diante daquilo que não temos outro nome a dar, a não ser incompetência. Até aceitamos o reclamo do presidente do clube, Lúcio Bomfim, quando diz que é constantemente avaliado, tanto pelo que faz, quanto pelo que deixa de fazer. Todavia, o que estranhamos é o fato dele não saber disso antes de assumir.
Não compartilhamos da atitude de execração dos dirigentes, até porque temos consciência do quanto é difícil a boa gestão de um clube de futebol, seja qual for o seu tamanho. Os desafios gerenciais são os mesmos para grandes, médios e pequenos clubes, embora as cobranças sejam incomparavelmente maior nos chamados clubes de massa.
Vale ainda a lembrança de que o Fortaleza Esporte Clube, esteja onde estiver, continuará a ser gigante, no contexto do futebol cearense. Se os nossos ditos pequenos clubes são grandes para quem os dirige – e é assim que deve ser -, o que dirá o Fortaleza, com tudo o que ele representa.
Sem dúvida, estamos e haveremos de estar sempre, ao lado do nosso futebol.