Idéias sobre Gestão do Futebol

(Contexto: futebol cearense)

Opinião - I

Ô FUTEBOLZINHO COMPLICADO

Dirigentes que se comportam como torcedores; torcedores que querem exercer influência como se fossem dirigentes.

Nosso futebol se move a rogo – arrasta-se é melhor – pelo caminho arejado da dita e tão decantada modernidade. De moderno, muito pouco, e desse pouco que se vê só alguns segmentos da operacionalização das tarefas é contemplado. A mente do dirigente continua insípida e a natureza da externalidade do caráter temerária.

Nenhum dirigente tem coragem de enfrentar o maior dos desafios, que é o de se portar como condutor modelar de uma massa. Ao contrário, preferem fazer o “fácil”, escolhendo o investimento descriterioso num populismo vexatório, algumas vezes – e não poucas – cedendo ao anseio de um esboço de projeto político-partidário.

E por mais que os ditos dirigentes disfarcem suas verdadeiras caras, a ocasião de um clássico-rei os desmascara. E sabem por quê? Porque eles não seguram suas vaidades e findam por se revelarem.

Os dias da semana do maior clássico do estado do Ceará deram lugar a um besteirol indigesto, com o cheiro ardoroso do xixi de criança. Corda de um lado corda de outro lado, mas Evandro Leitão parece ter, neste episódio, superado o “antagonista” Lúcio Bomfim. Fez Lúcio escalar o “organograma morubixaba de anti-gerenciamento”, condição “armada” para o cacique tricolor bater e voltar. Tudo por conta da distribuição dos ingressos.

Neste brasileiro, os dois maiores clubes cearenses demonstraram que são incompetentes para evitarem o conflito quando a eles se dá certa autonomia. Tanto falam eles da FCF, e, no entanto, mostram que a presença dela é necessária, porque mediadora e pacificadora dos conflitos gerados entre eles.

(Personagem: Clarimundo D’Oitiva)

Opinião – II

COMENTÁRIO E BATE-PAPO SÃO COISAS DIFERENTES

Cada vez mais escuto treinadores queixarem-se (em off), com razão, da falta de conhecimento dos nossos comentaristas</b>

No auditório da Folha de São e em um dos salões do Hilton Hotel (SP) tive oportunidade de ouvir palestras, entre outros, de Wanderley Luxemburgo e do mestre Telê Santana. Wanderley, à época, grafava seu nome com a inicial “V” e com a final “i”, como era pra ser. Em minha biblioteca virtual já cheguei a ter ao redor de 1.200 textos de uma lauda em média, sobre muito que respeita ao futebol. Pesquisei e pesquiso a história da evolução técnica e, sobretudo tática do futebol. Recentemente enveredei pela literatura do mestre italiano Giovanni Trapattoni, valendo mencionar aqui que sou ‘iniciado’ nas idéias do filósofo português e humanista Manuel Sérgio, em quem Mourinho muito se inspira. Tudo isso para obter um mínimo de cultura sobre o aspecto tático do futebol.

Ademais, não basta ter um pouco de informação. É preciso transformar essa informação em conhecimento, e isso só se consegue pela reflexão, especialmente pela reflexão crítica. Pois, a mera repetição das idéias de outrem não significa que tenhamos utilizado o cadinho que possibilita a alquimia transformadora de metais inferiores em superiores (ou das idéias alheias em idéias renascidas em nós).

Na realidade, a capacidade de produzir intertextos supera em muito a de absorção de textos. Aquela (criar intertextos) pressupõe uma atitude mental predominantemente ativa, enquanto esta (leitura de textos) se caracteriza pela contemplação e passividade.

É preciso que esclareçamos que, os comentaristas que adotam a atitude sistemática de ridicularizar o conteúdo tático, o fazem por desconhecimento da matéria. Outros há que, além do desconhecimento, valem-se de uma dialética maquiavelista de perseguição a quem se dedica ao estudo da disciplina.

Apenas uma assertiva para ilustrar as ‘parcerias’ do futebol como disciplina. Neste sentido, a maior expressão do futebol foi, é e será ‘ad eternum’ a geometria. O futebol se expressa e se conduz, inexoravelmente, pela geometria. Toda a metodologia tática se serve de figuras geométricas, das mais simples como pontos e linhas, a outras mais elaboradas, como círculos, triângulos, quadrados, losangos, trapézios, etc.

Os maiores méritos de um planejamento tático são: a amplitude das jogadas; os atletas saberem quando e principalmente como correr ( o caminho a ser percorrido); a eficácia das formações geométricas, e as movimentações dessas formações sem a posse de bola.

Fica a pergunta: Quantos já observaram isso no atual time do Ceará?

Aliás, alguém duvida da presença da geometria a serviço da equipe alvinegra, pelos teoremas de Gusmão?

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