Não Nasci Pra Ser Goleiro ( ao amigo João Cyrino)

Futebol é e sempre foi ótimo. Principalmente de se praticar. No entanto, existem algumas posições que nunca foram bem vistas, por um grande número de adeptos do esporte.
Ponta esquerda por exemplo. Antes de extinta, havia um comentário malicioso de que, quando o indivíduo chegava a ocupá-la, é por que já estava próximo a sair do time. Dalí pra rua, era um passo. Já notou? Se por ventura o lateral rasga o ponta, coitado, este tem duas opções a cair; a lateral é muito estreita e não cabe uma pessoa, ou o cara cai dentro do fosso. Hoje não se tem mais ponta fixo, porém, jamais abolirão de vez os flancos, responsáveis pela maioria das jogadas resultantes em gol.
E a posição de goleiro então? Pela mãe do guarda...Esta é pior ainda. É bolada no peito, na cara, no saco, todo mundo pode falhar – menos ele – e como se tudo isso não bastasse, inventaram de agraciar ao atacante com “permisso” de ficar meia hora enrolando uma cobrança de pênalti, até que o goleiro cáia estirado ao chão, já sem a menor chance de defesa, por mais pobre que seja, a cobrança.
É uma posiçãozinha avarenta! E olha que meu filho Hermann é goleiro!
Eu bem que avisava: não engorda cara, se não seu futuro será parar no gol.
Sou defensor, mas do goleiro. Nas peladas, não são raras as vezes em que joga-se até mesmo sem os próprios. Ninguém quer ir pro gol.
Na hora da lista pra pagar a quadra, goleiro é isento.
Só me enfureço com a classe, quando acontece como na última sexta-feira. Jogando de pivô, estava na área um pouco deslocado para a esquerda do ataque, o último zagueiro colado em mim, quando Fabinho – conhece tudo – me lança a bola à média altura. Com a perna direita, num lance de mágica, dei uma puxada de calcanhar na redonda com a parte externa do pé, próxima ao tornozelo. A bola subiu aos céus, parece ter ido, em meu nome, agradecer a Jesus Cristo, sentado à direita de Deus Pai todo poderoso, tamanho o primor de jogada. Caiu pra mesma perna direita, bem à minha frente, que aguardava ansioso o descrever de sua trajetória. Amigo, não tive dúvidas em imortalizar o lance de volêio. O becão - Edmar - ficou perdido como se tivera caído de mudança.
Sabe em que deu? Deu em pizza, parecendo coisa de político.
O chute foi espalmado pelo Zé Luiz, no que maculou toda a jogada.
É nestas horas que eu fico com raiva de goleiro.
Tudo bem que o cara não precisava sair do gol, pra bola passar.
Mas poderia fingir, maquear, sei lá o que - né mané - sem desvalorizar o lance, mas que deixasse magistral redundar em gol. Jogada bola cheia, com certeza. Se estivessem filmando, tava no fantástico.
Se eu fosse o goleiro eu faria isso, nestes casos, deixava passar.
Os chefes mandam o piloto trombar a 300, 400 por hora, pô!
Não custava nada uma mãozinha só pra aparecer na...



Afonso Rego
Enviado por Afonso Rego em 13/01/2010
Reeditado em 03/04/2012
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