O jovem e a educação

Como professora tenho me decepcionado cada dia mais com o nível de educação dos meus alunos. Não falo do nível de conhecimento, que é indiscutível, mas da educação que têm recebido dos pais.

Costumo dizer que alguns não tiveram berço, pois o comportamento que apresentam nos dá tal certeza.

É bem verdade, que alguns nem pais tiveram, pois os perderam quando bebês, mas também não foram criados em chocadeiras, alguém os criou.

Quando tentamos falar com eles a respeito da falta de educação que permeia o grupo, seja em sala de aula, nos corredores, ou mesmo nas ruas, eles nos criticam, não dão a mínima atenção e acabam cometendo atos grosseiros, saindo da sala como protesto, falando alto, etc.

Os próprios pais estão desistindo.

Há pouco tempo chamei a atenção de uma aluna, e como não fui atendida, mandei um convite ao responsável para que pudéssemos conversar a respeito do comportamento da mesma. A mãe, que fora convidada outras vezes pelo mesmo motivo, apresentou-se e foi logo discorrendo sobre o problema que já estava enfrentando fazia tempo.

No final da conversa, a pobre mãe confessou que já desistira da filha, e que até a entregara ao Conselho Tutelar da cidade, visto que não conseguira sucesso em seus intentos.

Se os próprios pais estão desistindo de seus filhos, como nós, os professores, vamos agir diante de tal situação?

A Bíblia diz, em Provérbios, que o pai deve corrigir o filho com vara, quando necessário, para que não perca o controle mais tarde.

O que vemos hoje, são filhos que nunca levaram uma chinelada, quando deveriam ser corrigidos, e depois de adultos, não respeitam ninguém, nem mesmo aos mais velhos. Aliás, isto já virou piada entre eles.

Fico imaginando como serão esses meninos no futuro, pois hoje não conseguem pensar no amanhã. São meninos e meninas sem perspectivas de vida. Pensam que a vida vai até os dezoito anos apenas, assim como a de alguns colegas que se perderam nas drogas e se foram.

A educação passa primeiro pelo caminho de casa, depois pelo da escola, e o que vemos é o caminho inverso, são muitos os pais que têm transferido este papel para os professores, que muitas vezes têm centenas de alunos, e não conseguem sequer reconhecê-los pelos nomes, imagine educá-los.

Quando ouço alguém discursando sobre o papel do professor como educador, fico imaginando se aquela pessoa já passou por uma sala de aula lotada, com mais de 40 alunos, com famílias complicadas (pais viciados, presos, desempregados, etc). É facil falar, ou ditar regras, difícil é cumpri-las. Alunos completamente perdidos, sem rumo.

Às vezes, bate um desespero tão grande que não consigo dar aulas, fico conversando com eles, tentando descobrir alguma coisa que possa fazer para mudar a situação caótica em que estamos vivendo.

De uma coisa tenho certeza: alguma coisa deve ser feita pela educação desses jovens, e URGENTE!! Não sei o quê, nem como fazer.

Bethe Rocha
Enviado por Bethe Rocha em 20/05/2008
Código do texto: T998205
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