A educação brasileira: o pior ranking da América do Sul

Roberto de Queiroz

De acordo com um relatório divulgado, no dia 30 de abril, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em relação ao compromisso Educação para Todos, firmado em Dacar, no Senegal, em 2000, entre 129 países avaliados, o Brasil aparece na 76ª posição, o pior ranking da América do Sul, perdendo para a Argentina (27ª), o Chile (37ª), a Venezuela (64ª) e o Peru (65ª).

O país corre o risco de não atingir sequer três dos seis objetivos estabelecidos mundialmente na ocasião, com metas até 2015, a fim de melhorar a qualidade da educação, desde o ensino fundamental até a universidade. No ápice da pirâmide, encontram-se 51 países, uma vez que eles já atingiram esses objetivos ou estão prestes a atingi-los, ao passo que, na parte de baixo, 25 países, entre eles a Índia, o Paquistão e países africanos provavelmente não conseguirão alcançar tais objetivos.

Dados de 2006 revelam que 10,5% da população brasileira, de 15 anos ou mais, não sabem ler nem escrever. Porém, os problemas mais gritantes apontados pela pesquisa é a dificuldade de aprendizagem dos alunos brasileiros e a distorção idade/série, o que reflete a qualidade da educação. A pesquisa revela ainda que 82% dos jovens brasileiros entre 15 e 17 anos estão na escola, mas apenas 46,9% estão na série correta. E essa distorção acentua-se com os recortes regionais. Por exemplo: No Norte e Nordeste 34,7% e 33% dos alunos nessa faixa etária estão na série correta; no Sul e Sudeste os índices são de 57,7% e 54,8%, respectivamente.

A meu juízo, para que parte dos problemas sobreditos sejam solucionados, é preciso que haja uma parceria entre governo e sociedade. Quer dizer, em vez de apenas criticar, a sociedade precisa mobilizar-se, no intuito de reverter esse quadro, ou seja, dialogar com diretores e professores, procurar conhecer a realidade atual da escola, cobrar ações do governo, apresentar sugestões, etc. Um bom exemplo seria sugerir e cobrar do governo o cumprimento do que determina a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB-9.394/96).

Assim, o governo deveria acabar com o índice de salas superlotadas, com a falta de professores e oferecer aos alunos e docentes condições adequadas para a realização de atividades de ensino/aprendizagem, como, por exemplo, implantar, em todas as escolas públicas do país, bibliotecas, cedetecas, devedetecas, laboratórios de ciências, laboratórios de línguas, laboratórios de informática, quadras poliesportivas, e assim por diante.