AS GANGUES NAS ESCOLAS

byJCosta

Têm algumas coisas que preocupa a sociedade pelos efeitos nocivos e destrutivos, por exemplo, as gangues de escolas. Confesso que não tenho experiência em nenhum tipo de gangue, pois na minha época elas ainda não tinham o formato e as particularidades delituosas com que se mostram aos olhos da nossa sociedade.

Mas como eu considero a questão das gangues de escola um expediente improdutivo e de mau gosto, tomei a iniciativa de conversar sobre a questão como uma especialista em assuntos de crianças e adolescentes, para poder abordar o assunto, que me parece pertinente para o momento atual. E como tive uma surpresa boa em relação às perspectivas de tratamento para o caso, não poderia deixar de socializar os resultados dessa conversa. Vejamos o que conseguimos apurar em termos de causas e efeitos dentro do processo de gestação, nascimento, ciclo de atuação e proposta de tratamento.

Em resumo, os componentes de uma gangue seriam constituídos por indivíduos, que por algum motivo, não conseguem ou não conseguiram acompanhar o desenvolvimento das atividades de ensino/aprendizagem. Dentro desta dificuldade de interação com os conteúdos apresentados o aluno vai se afastando das questões pedagógicas até o ponto de não ter condições de acompanhar as aulas, culminando na impossibilidade de participação do processo de aprendizagem. Isto significa que ele está extra-oficialmente fora do processo, o que em outras palavras, estaria à margem do processo e, portanto, ele acaba internalizando a condição de excluído.

Na condição de excluído, o que pode estar atrelado a diversas causas, entre elas a incapacidade cognitiva de tratar adequadamente de questões intelectuais, ele, buscaria uma forma de se manter “vivo” e atuante perante a sua turma, o que o faz trocando o reconhecimento intelectual pelo poder de perturbar e aparecer pela imposição da força. Então, indivíduos com desvios semelhantes formam grupos para, desta forma, continuarem sobrevivendo dentro do contexto escolar. Assim eles acabam enganando-se a si próprios, por pensarem que estando dentro da escola, mesmo sem poder acompanhar a carga curricular, os colegas e a sociedade ainda os respeita e goza das prerrogativas sociais pelo fato de estar “dentro”.

Mas como tratar a questão? Os professores devem estar atentos no sentido de detectar as dificuldades de acompanhamento às aulas de cada aluno e, detectado alguma deficiência, interagir com o mesmo para buscar a melhor forma de orientá-lo. E, havendo dificuldade com o aluno, o caso deveria ser discutido com a supervisão pedagógica ou mesmo com a direção da escola, o que pode redundar em discutir o assunto numa proposta mais ampla ou mesmo a necessidade de ter que abordar o problema com os pais ou o encaminhamento para um profissional especializado.

Outra forma de tentar reverter situações já existentes seria o expediente de palestras dirigidas, onde fosse discutida com todos os alunos a realidade em pauta, sem, entretanto, em momento algum dirigir-se aos “marginalizados intelectuais” de modo a humilhá-los; pelo contrário, o momento seria de reforçar outras qualidades potencias destes indivíduos, como por exemplo, a capacidade artística de vir a serem grandes atores, um grande artesão, um empresário, entre mais uma centena de possibilidades boas. Esta seria uma proposta de deixar o problema bem claro a todos e, ao torná-lo público, induzir o aluno-problema a procurar ajuda.

Outro expediente que pode ser usado para amenizar ou mesmo tratar preventivamente ou corretivamente indivíduos com dificuldades intelectuais, seria a identificação e valorização de outras qualidades com o adequado redirecionamento para atividades esportivas, de música, teatro, etc.