PROFICIÊNCIA EM LEITURA E ESCRITA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

A leitura e escrita nos anos iniciais do Ensino Fundamental é a base para o desenvolvimento das diversas habilidades. Quando a criança lê com fluência, pode compreender o que lê e se tornar um bom leitor. No entanto, a reflexão que precisa ser feita sobre o processo teórico e a prática de sala de aula, em relação à leitura vai além do simples ato de ensinar a ler e escrever, é preciso ensinar a interpretar, a compreender o que se lê, para poder produzir de forma escrita com certa fluência.

A prática de leitura e escrita nos anos iniciais do Ensino Fundamental - EF é um desafio para muitas escolas brasileiras, no entanto há a necessidade de verificar

1 Graduada em Letras Português/ Inglês – Universidade Paulista – UNIP, Pós-graduada em Gestão e Orientação em Ensino à Distância -Universidade Paulista - UNIP, especialização pelo Centro Universitário Faveni em Pedagogia.

2 Email: franlopesdeoliveira@gmail.com

3 Professora da educação básica a sete anos, inciado em escola particular e atualemente na rede pública de Paraíso do Tocantins – TO. Email: francineidelvieira2023professor.to.gov.br

se há avanços na superação de enormes desafios da educação escolar no pós-pandemia, em relação ao trabalho de sala de aula no que tange à leitura e escrita na perspectiva do letramento.

O objetivo deste artigo é analisar a prática de ensino de leitura e escrita no 5º ano do Ensino Fundamental, em relação e interpretação do texto tendo como base as habilidades da matriz de referência do Saeb. Para tanto será necessário buscar compreender o processo de leitura e escrita, identificando estratégias pedagógicas que estimulem a formação do leitor, a partir da aplicação de atividades que tenham como foco o trabalho com habilidades da BNCC, e os descritores requeridos no Sistema de Avaliação Nacional da Educação Básica – Saeb.

A pesquisa se justifica pelo fato de que ainda é necessário compreender o processo de ensino e aprendizagem de leitura e escrita nos anos iniciais do fundamental e estratégias pedagógicas de sucesso para que todos os estudantes concluam a primeira etapa de estudo com uma base teórica em leitura e escrita que os capacitem a avançar com êxito na etapa seguinte.

A pesquisa foi realizada na abordagem qualitativa e exploratória a partir de estudos bibliográficos e pesquisa de campo com aplicação de atividades em sala de aula do 5º ano do Ensino Fundamental em uma escola da rede privada de Paraíso do Tocantins. A pesquisa de campo buscou compreender as estratégias de leitura e escrita, num processo de observação participante e aplicação de atividades de leitura e escrita, bem como um simulado em que os itens foram elaborados a partir da matriz de referência do Saeb.

Discute-se de forma breve o processo de leitura e escrita na etapa da alfabetização na perspectiva do letramento. O trabalho com a leitura e a escrita na sala de aula de forma que faça sentido para o estudante e a busca por realizar uma prática didática que ajude o aluno a desenvolver a proficiência em leitura e escrita no 5 ano do ensino fundamental para que possa prosseguir nas etapas seguintes com maior desenvoltura acadêmica.

Os resultados da aplicação do simulado com os descritores do Saeb foram analisados com base na pesquisa teórica realizada, com autores clássicos como Magda Soares (2000), Paulo Freire (1988), Vanderlei Geraldi (2006) Bortoni-Ricardo (2012) Bandeira, M. Á. e Portilho (2020) e documentos do Ministério da Educação (MEC), dentre outros.

Leitura e escrita no contexto da alfabetização

Pressupõe-se que o estudante do 5º ano do EF encontra-se num processo de alfabetização para além da decodificação dos signos linguístico, espera-se que já esteja participando de um processo em que ler e escrever são habilidades que lhes permitam uma maior liberdade na sociedade, como assegura Silva (2004),

A alfabetização é um processo de aquisição individual de habilidades requeridas para o uso da leitura e da escrita nas sociedades em que isso se faça necessário. Ou seja, aprender a ler e escrever são inserir-se no uso da escrita e da leitura para o desfrute de uma maior liberdade nas sociedades que funcionam mediadas por materiais escritos. (SILVA, 2004, p. 316).

Para Soares (2000, p. 17), alfabetizar é ir além de aprender a ler e escrever e sim proporcionar o ingresso ao uso correto da escrita em todas as funções em que ela tem em nossa sociedade. Essa autora defende a alfabetização na perspectiva do letramento.

O termo letramento provém de literacy, uma palavra inglesa vinda etimologicamente do latim ‘litera’ (letra), com o sufixo – cy, que denota “qualidade, estado ou condição que assume aquele que aprende a ler e escrever”.

Segundo Soares (2000, p.17),

Literacy é o estado ou condição que assume aquele que aprende a ler e escrever. Implícita nesse conceito está à ideia de que a escrita traz consequências sociais, culturais, políticas, econômicas, cognitivas e linguísticas, quer para o grupo social em que seja introduzido, que para o indivíduo que aprende a usá-la. (SOARES, 2000, p. 17).

É notável que a alfabetização e o letramento sejam elementos diferentes, mas não inseparáveis, um precisa do outro para que o indivíduo possa ter autonomia e liberdade e é por isso que os professores também tenham autonomia e segurança neste processo tão importante e delicado na vida do indivíduo.

Segundo Tfouni (2002) o letramento focaliza os aspectos sócios históricos da aquisição da escrita, entre outros casos, procura estudar e descrever o que ocorre nas sociedades quando adotam um sistema de escrita de maneira restrita ou generalizada; procura ainda saber quais práticas psicossociais substituem as práticas “letradas” em sociedade.

Desse modo, o letramento tem por objetivo investigar não somente quem é alfabetizado, mas também quem não é alfabetizado, e, nesse sentido, desliga-se de verificar o individual e centraliza-se no social (TFOUNI, 2002, p. 9).

Nessa perspectiva, defende-se que a leitura vai além de decifrar os signos. Assim como Paulo Freire (1988, p.80), escreveu,

Quando pensamos em leitura, logo nos vem à mente a ideia de atividade mecânica de decodificação de signos. No entanto, ler é mais que isso, é atribuir um significado ao texto, seja ele verbal ou não verbal, o qual é entendido como processo e não como produto, já que é construído na interação com os demais sujeitos do grupo. Além do mais, a leitura é uma forma de percepção posto que ela não se reduz ao texto, mas também a realidade, ao mundo que nos rodeia.

No final da primeira etapa do ensino fundamental, os materiais de leituras propostas aos estudantes, conforme o currículo oficial do Ministério da Educação, são de diferentes gêneros e tipos textuais. As habilidades propostas para a área de língua portuguesa, vão além da leitura mecânica, mas contempla um ensino organizado por eixos temáticos. O eixo leitura é o primeiro a dar sentido a todos os outros eixos, que são produção, oralidade e análise linguística.

O Eixo Leitura compreende as práticas de linguagem que decorrem da interação ativa do leitor/ouvinte/espectador com os textos escritos, orais e multissemióticos e de sua interpretação (BNCC, 2019)

Assim, os textos que o professor deve propor na sala de aula precisam ser contextualizados com a vivência dos estudantes, para que façam sentido para ele, e assim facilite a produção escrita. Assim, os materiais pedagógicos de leitura, sejam escritos ou verbais precisam ser motivadores para que o estudante tenha interesse pela leitura.

Abordagens da leitura e escrita em sala de aula

Inúmeras são as formas de abordagem da leitura e escrita na sala de aula, o importante é que se faça com intencionalidade pedagógica que atraia o estudante para a construção do saber, pois de acordo Koch e Elias (2006, p.11),

[...] deve-se promover a motivação para leitura e escrita nos estudantes, pois, através do interesse próprio do leitor é que se pode alcançar um bom nível de compreensão textual que se reflita em proficiência na escrita, já que

o sentido de um texto é construído na interação texto-sujeitos e não a algo que preexista a essa interação.

Assim, trabalhar leitura e escrita no final da primeira etapa do Ensino Fundamental é prepara-los para prosseguir com desenvoltura, e isso tem sido um grande desafio para as escolas brasileiras, e ainda mais nesse momento pós-pandêmico, que se observa severas lacunas na aprendizagem, sendo necessário um trabalho intencional com bastante rigor para promover a proficiência em leitura e escrita.

No entanto, é preciso que o ensino de leitura e escrita seja algo prazeroso que faça com que o estudante possa alçar voos como bem lembra o eterno Rubem Alves (2004) quando assinalou que:

Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas. Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo. Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado. (ALVES, 2004, p. 29).

Nesse processo de encorajamento do estudante para que através da leitura possa conseguir ser livre, o professor tem uma função primordial no tipo de materiais e atividades de leituras propostas em sala de aula. É preciso ser dinâmico, ter diferentes materiais impressos e diferentes atividades de leitura para que a aula não seja enfadonha.

De acordo com Geraldi (1997), “A leitura deveria ser trabalhada na escola analisando quais as pistas do texto o fizeram acionar outros conhecimentos na produção de sentidos. Nesse sentido, ao propor uma leitura, o professor deve ter claro a habilidade que deseja desenvolver no estudante, bem como os eixo que deseja explorar. Em um único texto lido, várias inferências podem ser feitas e exploradas, como a finalidade do texto lido, o tema, alguma informação que esteja implícita, o significado das palavras e assim ir desenvolvendo nos estudantes habilidades requeridas pela BNCC.

Proficiência em Leitura e escrita no final da primeira etapa do Ensino Fundamental

A proficiência em leitura e escrita nos anos iniciais do ensino fundamental é de extrema importância para todo o desenvolvimento cognitivo das crianças. Portanto, os estudantes devem ser introduzidos ao mundo da leitura e escrita através de diferentes gêneros e tipos textuais.

Desenvolver a proficiência em leitura e escrita é considerar que a criança aprende a se relacionar com o mundo a sua volta. É o modo como se apropria e ressignifica a cultura na qual está inserida. Nesse sentido, a leitura é parte integrante da construção de sua identidade, contribuindo para domínio de outros conhecimentos.

Nesse sentido, Geraldi (2006) assegura que:

Como adultos mais experientes, precisamos auxiliar os nossos alunos na apropriação da leitura e da escrita, ao desvelar o poder que há nas palavras e mostrar que a linguagem nos posiciona no mundo. [...] no Brasil temos um baixo nível de desempenho linguístico demonstrado por estudantes na utilização da língua, quer na modalidade oral, quer na modalidade escrita. (GERALDI, 2006, p. 39).

Nos anos iniciais do ensino fundamental a criança deve ser estimulada a ler diferentes gêneros e tipos textuais. Essa familiarização com os gêneros leva a criança a ler e escrever melhor e principalmente ir interpretando o que Lê. Nesse sentido, desenvolver no estudante habilidades na competência leitora e possibilidades na formação de leitores proficientes, pressupõe, na visão de Bortoni-Ricardo (2012, p. 90),

[...] ajudar o aluno a estabelecer as relações entre o texto e o próprio conhecimento de mundo; a reconhecer os elementos linguísticos; a perceber a progressão temática, por meio de elementos sequenciadores; a desenvolver a metacognição, ou seja, o controle sobre as informações já obtidas com a leitura do texto, sinalizando, quando necessário, pontos de inferências.

Uma proposta que ajude o estudante a participar ativamente de seu processo de construção do conhecimento. Ao professor, cabe conhecer as habilidades que

precisa trabalhar nas propostas didáticas e levar o estudante a ter a proficiência certa para a etapa em que se encontra.

De acordo com Bortoni-Ricardo (2012, p.68):

Mediar o desenvolvimento da leitura é exercitar a compreensão do aluno, transformando-o de leitor principiante em leitor ativo. Isso pressupõe desenvolver sua capacidade de ler com segurança, de decodificar com clareza e reconhecer com rapidez as palavras para uma leitura fluente. Realizar previsões, formular e responder questões a respeito do texto, extrair ideias centrais, identificar conteúdos novos e dados, relacionar o que ler com o que está subjacente ao texto, valer-se de pistas para fazer inferências, sumarizar, ser capaz de dialogar com outros textos são habilidades que vão construindo o sujeito leitor em formação em leitor proficiente. A mediação na leitura acontece na dinâmica da interação. O mediador apoia o leitor iniciante auxiliando-o a mobilizar conhecimentos anteriores para desenvolver as habilidades específicas para aquela tarefa.

Assim, pode-se dizer que a tarefa de mediar o ensino de leitura e escrita é desafiadora, requer do professor conhecimento de práticas metodológicas a e atividades que levem o estudante a exercitar a compreensão a partir do que se espera que ele aprenda, e esses objetos de conhecimentos pressupõem que adquiram a proficiência a partir do desenvolvimento de diferentes habilidades.

No contexto da Base Nacional Comum Curricular o eixo de leitura compreende as práticas de linguagem que decorrem da interação ativa do leitor/ouvinte/espectador com os textos escritos, orais e multissemióticos e de sua interpretação, sendo exemplos a leitura para:

Fruição estética de textos e obras literárias; pesquisa e embasamento de

trabalhos escolares e acadêmicos; realização de procedimentos; conhecimento, discussão e debate sobre temas sociais e relevantes; sustentar a reivindicação de algo no contexto de atuação da vida pública; ter mais conhecimento que permita o desenvolvimento de projetos pessoais, dentre outras possibilidades (BRASIL, 2017, p.69).

Nesse sentido é preciso repensar o papel dos professore. Eles devem ser capacitados para auxiliar os estudantes no desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita, promovendo atividades que despertem o interesse e o prazer pelo aprendizado. O acompanhamento individualizado e a identificação das dificuldades de cada estudante são fundamentais para o progresso da competência leitora da turma.

Apresentação e análise dos resultados

Era esperado que no final do projeto de intervenção sobre a prática realizada na turma do 5º ano do EF, com foco na proficiência em leitura e escrita, e que, a partir da aplicação de atividades práticas e um simulado, seria possível verificar avanços no processo de aprendizagem na proficiência da leitura e interpretação de texto. Neste propósito a pesquisa de campo foi realizada na Escola Pequeno Anjo, uma escola da rede privada que atende ao público da educação infantil e anos inicias do Ensino Fundamental.

O simulado foi aplicado na turma do 5° ano B da Escola Pequeno Anjo, sob a supervisão da professora regente Erica da Silva Rodrigues de Matos. A aplicação ocorreu após a realização de várias atividades de leitura e interpretação de textos e aulas de revisão, nas quais foram trabalhadas de forma dinamizada, através de metodologias ativas, sendo a técnica de rotação por estação, a sala de aula invertida, o teatro e atividades impressas para leituras e resolução de exercícios.

No dia da aplicação, os alunos mostraram-se entusiasmados e participativos, salvo algumas exceções. Os alunos empenharam-se na resolução dos itens e tiveram duas horas para a finalização deste. A maioria dos estudantes entregou no último momento. O Simulado foi retirado do blog do professor Warles2. No dia da aplicação, estavam presentes 17 alunos, que responderam os 12 itens propostos. A seguir, uma tabela com o percentual de acerto de cada item, e também o descritor3 que correspondia a cada questão.

Tabela 1 – Número de questões e percentual de acertos.

Nº. do Descritor/habilidade Percentual

Item de acerto

1 D1– Localizar informações explícitas em um texto. 94%

2 D6 - Identificar o tema de um texto. 58%

3 D1– Localizar informações explícitas em um texto. 47%

2 Blog do professor Warles disponível em: https://profwarles.blogspot.com/, acesso em maio de 2023.

3 Os descritores são as habilidades propostas na matriz de proficiência do Saeb – Sistema de Avaliação da Educação Básica.

4 D4 - Inferir uma informação implícita em um texto 88%

5 D11 Distinguir um fato da opinião relativa a esse fato 88%

6 D9 - Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros 58%

7 D5 - Interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso 82%

(propagandas, quadrinhos, foto, etc.).

8 D7 - Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos 52%

que constroem a narrativa.

9 D15 - Reconhecer diferentes formas de tratar uma 64%

informação na comparação de textos que tratam do mesmo

tema, em função das condições em que ele foi produzido e

daquelas em que será recebido.

10 D2 - Estabelecer relações entre partes de um texto, 52%

identificando repetições ou substituições que contribuem

para a continuidade de um texto.

11 D14 - Identificar o efeito de sentido decorrente do uso da 70%

pontuação e de outras notações.

12 D1 - Localizar informações explícitas em um texto 76%

Fonte: elaborada pela autora

O resultado foi muito satisfatório, tendo em vista o percentual de acerto dos itens propostos no simulado. No entanto pode-se perceber que houve item abaixo de 50% de acerto. A questão 3 sobre a habilidade de “Localizar informações explícitas em um texto”, teve 47% de acerto, sendo o mesma habilidade na questão 1, teve 94%. O que se percebe que mesmo sendo uma habilidade fácil, para que o estudante tenha êxito em responder corretamente depende da forma como o item foi construído, qual o tipo de texto e gênero está no item e o comando da questão. O estudante precisa ler bem as informações solicitadas no comando da questão, questão proposta.

Os professores precisam ensinar a mesma habilidade com diferentes gêneros e tipos textuais para que os estudantes consigam superar as dificuldades.

Da mesma maneira pode-se falar da habilidade “Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros”, que a prática da sala de aula deve incluir atividades com a maior variedade de textos possíveis.

De acordo com o Plano Nacional de Educação (PNE 2014)

A alfabetização hoje não pode ser considerada uma (de)codificação mecânica de letras e sílabas; ela deve ser entendida em relação a efetiva participação das crianças nas práticas de letramento às quais se encontram expostas, dentro e fora da escola. Assim, torna-se necessário tomar os usos e as funções da língua escrita com base na elaboração de atividades significativas de leitura e escrita nos contextos em que vivem as crianças.

Com base nesse documento, o ensino deve levar as crianças a terem uma participação ativa no processo de formação principalmente nos aspectos que envolvam a leitura e a escrita.

Observa-se que quando o aluno não é ensinado nas atividades didáticas a interpretar variados gêneros textuais, torna-se difícil para ele acertar um simulado com diferentes habilidades.

O item 8 (oito) do simulado trazia como habilidade a identificação do conflito gerador do enredo e os elementos que constroem uma narrativa. É uma habilidade não muito simples para quem não foi treinando a entender quais são os elementos de uma narrativa.

É preciso que o professor tenha em seu projeto didático o eixo da leitura e interpretação bem definidos, os livros a serem lidos, as interpretações levando em conta todos os elementos que compõem a narrativa. Ou seja, atividades de leitura e escrita que gradativamente leve o estudante a compreender o que lê e seja capaz de desenvolver as habilidades propostas pela BNCC.

Na concepção de Bandeira, M. Á. e Portilho, R (2020) para que ocorra o avanço da prática de leitura em sala de aula, e assim amenizar o número de pessoas que tem dificuldades na aquisição desta, “é necessário que os professores sejam mais comprometidos com a desmistificação das relações sociais, que busquem ter clareza teórica sobre sua concepção de leitura”, para que dessa forma estimulem as discussões, as pesquisas, as hipóteses, o debate e o enfrentamento de tudo que constrói o ser.

A leitura no contexto da BNCC é tomada em um sentido mais amplo, dizendo respeito não somente ao texto escrito, mas também a imagens estáticas (foto, pintura, desenho, esquema, gráfico, diagrama) ou em movimentos (filmes, vídeos e etc.) e ao som (musica), que acompanha e cossignifica em muitos gêneros digitais (BRASIL, 2017, p.70).

Para alcançar a proficiência em leitura e escrita, é fundamental que as escolas adotem metodologias adequadas, que envolvam atividades lúdicas,

interativas e contextualizadas. O estimulo à leitura desde cedo, a com a disponibilidade de uma variedade de livros e materiais impressos é um aspecto de maior relevância no ensino.

Considerações finais

O desenvolvimento desse estudo possibilitou analisar a proficiência em procedimentos de leitura no 5º ano do Ensino Fundamental, ao mesmo tempo em que foi possível identificar estratégias pedagógicas que estimulem a formação do leitor, a partir da aplicação de atividades que tenham como foco o trabalho com habilidades da BNCC, e os descritores requeridos na Prova Brasil.

Vale ressaltar que é um tema que nunca esgota possibilidade de interpretação, pois quando se trata de leitura e escrita ainda é um fator que merece diferentes abordagens em relação à pesquisa. No entanto, leva a perceber que ainda há necessidade de exploração nesse campo de pesquisa, tendo em vista que a alfabetização e o letramento pressupõem um amplo espaço de discussão teórica bem como, na perspectiva do uso do currículo oficial proposto pela BNCC.

Pode-se concluir que a proficiência em leitura e escrita nos anos iniciais do ensino fundamental é um processo contínuo e progressivo, que demanda um trabalho conjunto entre a escola, professores, família e estudantes. A leitura e compreensão textual a partir das habilidades da BNCC se tornam uma base para o sucesso acadêmico e pessoal das crianças para o longo da vida, o que facilitará sua entrada na etapa seguinte do ensino fundamental.

REFERÊNCIAS

ALVES, Rubem. A arte do voo ou a busca da alegria de aprender. Edições asa 2004.

ARAUJO, Bruna Fleuri Castro, FLORES Maria Marta Lopes e COSTA Ângela Aparecida Dias. Leitura e escrita nos anos iniciais. Artigo publicado no II Nimpósio Nacional de Letras de Linguística. Universidade Federal de Goiás. Disponível em: https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/520/o/10.pdf, acesso em mar.2023.

BAJARD, É. A descoberta da língua escrita. São Paulo: Cortez, 2012.

BANDEIRA, M. Á.; PORTILHO, R. Concepções de leitura e formação do leitor nos anos iniciais do ensino fundamental nos documentos oficiais de ensino. Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 22, n. 1, p. 171-188, jan./jun., 2020. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/doxa/article/view/13977/9400, acesso em jun. de 2023.

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.

BORTONI-RICARDO, S. etal. Leitura e mediação pedagógica. São Paulo: Parábola, 2012

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília (BNCC): MEC. 2017. Disponível em:http://basenacionalcomum.mec.gov.br/imagens/BNCC_20dez_site.pdf. Acesso em: 26 set. 2019.

COSTA, N. Dificuldade de Leitura em alunos entre sete a nove anos. Disponível em:

FONSECA, João José Saraiva da. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza:

UEC, 2002.

FREIRE, P. A Importância do Ato de Ler: em três artigos que se completam. 22ª

ed. São Paulo: Cortez, 1988.

GERALDI, J. W. Concepções de linguagem e ensino de português. In: GERALDI,

J. W. (Org.). O texto na sala de aula. 4.ed. SP: Ática, 2006.

GERALDI, J. W. Portos de passagem. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997. http://www.webartigos.com/articles/32693/1/O-Processo-da-Leitura-nos-anosiniciais/pagina1.html. Acesso em março 2023

KLEIMAN, A. Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura. 11. ed. São Paulo:

Pontes, 2008.

KOCH, I. V.; ELIAS, V M. Ler e compreender: os sentidos do texto. São Paulo:

Contexto, 2006.

MARICATO, A. O prazer da leitura se ensina. Criança. Brasília. s/v, n. 40, set., p.

18-26, 2005.

SOARES, Magda. O que é letramento e alfabetização. Disponível em: < ttp://smeduquedecaxias.rj.gov.br/nead/Biblioteca/Forma%C3%A7%C3%A3o%20Co ntinuada/Artigos%20Diversos/O%20que%20%C3%A9%20letramento%20e%20alfab etiza%C3%A7%C3%A3o.pdf>. Acesso em:.jun. de 2023.

SOUSA, José Raul de. SANTOS, Simone Marinho Cabral dos. Análise de conteúdo em pesquisa qualitativa. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/RPDE/article/view/31559/22049, acesso em março 2023.

TFOUNI, Leda Verdiani. Letramento e Alfabetização. 5. ed. São Paulo: Cortez,2002.

Francineide Lopes
Enviado por Francineide Lopes em 15/10/2024
Código do texto: T8174423
Classificação de conteúdo: seguro