O BRASIL SERTANEJO
A vida no campo também se renova, mas de maneira cadenciada. Roça remete
às situações dos habitantes rurais e dos trabalhos promovidos e realizados
por eles.
Roça existe em todas as regiões brasileiras e há muito do que falar, do que
aproveitar para o crescimento do Brasil. Em cada uma delas, as peculiaridades
existem de modo abrangente.
Roça, sertão, sertanejo, caboclo, roceiro, sertanista, caipira são sinônimos,
são termos utilizados para se referir às pessoas que residem nas áreas rurais,
nos campos; ou em alguma fazenda, ou em chácara, ou em algum sítio, ou apenas em um pedaço de
chão rural. Alguns têm o privilégio de conviver aleatoriamente em mais de uma residência rural.
O país considera o sertanejo o estereótipo do homem nordestino e faze comparações
com o caipira. Isso ocorre em quase todas as regiões brasileiras.
O Nordeste é dotado de nove estados: Bahia, Pernambuco, Piauí, Alagoas, Rio Grande
do Norte, Maranhão, Sergipe, Ceará e Paraíba; em uma amplitude territorial imensa! Há
quatro subdivisões nordestinas: Zona da mata, Agreste, Meio-norte e o Sertão.
Muitos indivíduos moram em áreas urbanas, mas prestam serviços na roça. Temos
vários donos que também residem em centros urbanos e administram de longe, porque
há pessoas confiáveis e competentes para substituí-los à altura.
É notório o êxodo rural, desde sempre; mas, atualmente aumentou. Muitas crianças
nascidas numa fazenda, por exemplo, e criadas, ali; quando adultos,
mudam para as áreas urbanas. Sofrem influências de colegas de escola, principalmente,
e resolvem, às vezes, morar sozinhos, ou com algum parente já habituado com a
vida na chamada cidade.
As situações tomaram esse rumo, porque a chamada escola na roça, está, quase
extinta, não há mais tanta tranquilidade nas áreas rurais. Não é difícil
encontrar exemplos!
Existe um aglomerado de conceitos sobre os ramos de atividades roceiras, como
trabalhos manuais e os mecânicos. A substituição de uns por outros, com a
finalidade, principal: obter lucros monetários. Isto, às vezes
atrapalha qualidades de alguns produtos da agricultura, de um modo geral.
Na roça há plantios, cultivos, colheitas, caatingas, latifundiários,
agrotóxicos, animais, zelos, comércios, exportações etc. Não podemos esquecer
que existem os pequenos e os grandes agricultores. As terras variam, em matéria
de qualidade. Os investimentos dependem do poder aquisitivo dos donos, ou seja,
dos recursos de cada um. Dependem de incentivos federais, como financiamentos de
máquinas pesadas e suas descrições, capacidades tecnológicas etc.
Quando o agricultor chega ao ponto de ser considerado grande, a maior
preocupação dele recai sobre as exportações: privilegiam os compradores e
consumidores
de fora, ou seja, do exterior; e não atendem aos anseios do nosso país.
Em que
pese exportações do gênero colaborar para com o crescimento do P.I.B. (Produto
Interno Bruto), altera muito pouco o resultado final. Como eles são capitalistas
ao extremo (o pessoal do agronegócio), não fazem questão que o Brasil melhore.
A grande variedade de ações na roça, não se restringe ao desenvolvimento apenas
da agropecuária, agricultura e mão de obra. Há muito o que aprender com os
lavradores, por exemplo. Muitos deles tornam-se cantores, atores, contadores de
causos, palhaços profissionais ou não etc.
É extensa a lista de pessoas que se sobressaíram, profissionalmente, e que nasceram
na roça, através da música, da culinária etc.
O estilo musical mais predominante é o forró. Cabe ressaltar o xaxado, o xote, e o
baião.
A vaquejada também é uma manifestação cultural bastante popular.
Motivo de grande destaque é a literatura de Cordel e o folclore em geral.
No aspecto culinário há várias histórias e tradições regionais. A simplicidade e
a rusticidade marcam presença em todos os pratos onde os ingredientes se sobressaem.
Os sabores da carne de sol, queijo coalho, manteiga de garrafa, baião de dois são
pratos que enriquecem a comida sertaneja.
Os acompanhamentos dos pratos são diversificados e envolvem alguns doces como rapadura,
arroz doce, doce de leite e todos os respectivos derivados. A rapadura, por
exemplo, pode ser feita com a fusão da cana de açúcar com cidra ou com abóbora. Há
também a de coco e a de amendoim.
Na cozinha nordestina existem as bebidas características da região como os sucos
naturais das frutas típicas (umbu, caju e outras), a cachaça e as variedades, os
coquetéis.
E por falar em sertão, temos várias vertentes que enriquecem o Brasil, a começar
pelas pessoas que residem lá e que optaram pela vida nas regiões urbanas. Alguns,
sim, por opções. Outros, não puderam. Os motivos variam.
O sertão foi a primeira região do interior a ser colonizada; o plantio e
cultivo da cana
de açúcar se sobressaía nas áreas úmidas e isto chamou a atenção de alguns agricultores; a criação de
gado era muito importante e se estendeu por toda a região e segue até a atualidade.
Grande característica do povo sertanejo refere-se à religiosidade católica com devoção a
vários santos como São José e a beatos como o Padre Cícero.
Tanto o Norte quanto o Nordeste são regiões importantíssimas para o desenvolvimento
nacional brasileiro não só pela culinária, mas, pela cultura e a educação que
lhes são peculiares, pela robustez através da qual se agigantam mais ainda,
quando os temas são trabalho, luta e outros. Ações rodeadas de honestidade, esperança, afinco;
e muitos objetivos em geral.
Já sofreram e algumas regiões ainda sofrem com a clima semiárido: seca por longos meses,
que dificultam a promoção da pecuária e da agricultura:
danificam plantios, muitos animais morrem, há problemas com água potável etc. São
situações que elevam as desigualdades econômicas e as sociais. Poucos gestores
se preocupam com os casos; tampouco, resolvê-los. A fome e a miséria caminham juntas.
O fator rios "temporários" dificulta o cultivo, porque eles desaparecem, caso a seca
dure muito tempo. Alguns deles: Açu, Apodi, Jaguaribe, Aracaju. Restam os brejos, uma
vez que ajudam a umedecer e promover fertilidades ao solo. Melhora o plantio e
o cultivo do milho, cana de açúcar, feijão, mandioca.
Os estados Bahia e Pernambuco, nas áreas próximas do rio São Francisco, promovem a
Fruticultura, por meio de cisternas de irrigação, graças a esse rio e de alguns açudes.
A caatinga predomina no sertão, pois, se desenvolvem apesar das secas.
Portanto, são inúmeras exemplos, situações e ações desenvolvidas na roça. Parte do povo
ainda sofre com a seca, com a escassez de oportunidades de trabalho etc. O êxodo rural
ocorre, frequentemente; mas os que ficam, se desdobram nas sua funções e profissões.
O que seria de nós, sem o homem do campo?
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Nilceu Francisco é professor, jornalista, escritor, ambientalista, poeta