COMPREENDENDO A DISLEXIA PARA APRIMORAR A EDUCAÇÃO

UNDERSTANDING DYSLEXIA TO IMPROVE EDUCATION

 

Fabiano Willcker da Costa Teixeira Azevedo

 

 

RESUMO

Esta pesquisa aborda a dislexia em todos os níveis educacionais, destacando-a como um distúrbio que impacta a leitura e escrita. A análise revela a importância de adquirir conhecimentos aprofundados sobre a dislexia, visando compreender e facilitar o processo de ensino e aprendizagem das crianças afetadas. Esse entendimento capacitaria os educadores a implementar estratégias e utilizar recursos específicos em sala de aula. O estudo ressalta a necessidade de um diagnóstico preciso. Além disso, são discutidas diversas dificuldades associadas à dislexia, como a compreensão de direita e esquerda, assimilação de dimensões e realização de operações matemáticas. Destaca-se que, em muitos casos, a dislexia pode ser confundida com outras dificuldades de aprendizagem. No entanto, é enfatizado que a dislexia e os distúrbios de déficit de atenção não estão diretamente correlacionados com os problemas de desenvolvimento infantil.

Palavras-chave: Dislexia. Ensino. Aprendizagem

 

ABSTRACT

This research addresses dyslexia at all educational levels, highlighting it as a disorder that impacts reading and writing. The analysis reveals the importance of acquiring in-depth knowledge about dyslexia, aiming to understand and facilitate the teaching and learning process of affected children. This understanding would enable educators to implement strategies and use specific resources in the classroom. The study highlights the need for an accurate diagnosis. Furthermore, several difficulties associated with dyslexia are discussed, such as understanding right and left, assimilating dimensions and performing mathematical operations. It is noteworthy that, in many cases, dyslexia can be confused with other learning difficulties. However, it is emphasized that dyslexia and attention deficit disorders are not directly correlated with child development problems..

Keywords: Dyslexia. Education. Learning

 

1 INTRODUCÃO

     A educação representa uma prioridade social de impacto transformador na vida das pessoas. É crucial destacar que é de suma importância promover, nesse âmbito, a consolidação da escrita e leitura, proporcionando o acesso ao conhecimento, um elemento indispensável para a formação dos aprendizes.

Para garantir uma aprendizagem positiva, é essencial que o educador esteja consciente das possíveis dificuldades que os alunos podem enfrentar no processo educacional. A aquisição da leitura e escrita demanda habilidades linguísticas, motoras e cognitivas. É crucial compreender a distinção entre dificuldades de aprendizagem e distúrbios, pois isso auxilia na identificação se a origem é sintomática, decorrente de problemas emocionais influenciados pela abordagem educativa do professor, ou se o ambiente de aprendizagem está impactando negativamente no pleno desenvolvimento do aprendizado.

     É relevante destacar que os distúrbios de aprendizagem manifestados por algumas crianças não devem ser confundidos com deficiência mental. Essas crianças podem apresentar falhas no sistema nervoso central, como é o caso da dislexia, uma dificuldade que afeta a leitura e a escrita, impactando seu comportamento. Para obter uma compreensão mais aprofundada, é essencial realizar uma observação detalhada do aluno que enfrenta desafios em se tornar proficientes na leitura e escrita.

     Crianças com dislexia podem experimentar sentimentos de inferioridade em relação às outras crianças, o que pode levar à perda de interesse pela leitura. Identificar a dislexia e obter um diagnóstico precoce proporciona a oportunidade de mitigar suas dificuldades.

     Diante de tudo que foi apresentado, ressalta-se a importância de verificar e identificar a dislexia, com o intuito de aliviar as dificuldades enfrentadas pelo aluno e contribuir para o aprimoramento de seu conhecimento. O presente estudo se dedica exclusivamente à discussão dessa temática, enfocando definições, causas e desafios observados em sala de aula, considerando comportamentos diversificados e interesses variados. A abordagem inicial, no primeiro parágrafo, visa explicar o que é a dislexia, suas causas e métodos de diagnóstico. Em relação às dificuldades de aprendizagem decorrentes desse fator, abordaremos de maneira a discutir suas particularidades e complexidades.

 

2 CONCEPÇÃO DE DISLEXIA

 

2.1 O QUE É DISLEXIA?

     A dislexia, um transtorno genético e hereditário da linguagem com raízes neurobiológicas, é caracterizada pela dificuldade na decodificação de estímulos escritos ou símbolos gráficos. Esta condição compromete não apenas a habilidade de aprender a ler e escrever, mas também a transformação precisa e fluente de símbolos escritos em expressões verbais, bem como a compreensão de textos. Em diversos graus, os indivíduos afetados por este defeito congênito enfrentam desafios na estabelecimento da memória fonêmica, isto é, associar fonemas às letras. Essa dificuldade pode persistir mesmo após lesões no sistema nervoso central, impactando pessoas que anteriormente possuíam habilidades sólidas de leitura.

     Entender profundamente a complexidade da dislexia é crucial para desenvolver estratégias eficazes de apoio e intervenção, buscando proporcionar um ambiente educacional inclusivo e adaptado às necessidades específicas desses indivíduos. Essas abordagens podem incluir métodos de ensino diferenciados, suporte especializado e o reconhecimento precoce da dislexia, permitindo intervenções adequadas para maximizar o potencial de aprendizado e superar os desafios associados a essa condição.

 

2.2 TIPOS DE DISLEXIA

 

• Dislexia disfonética é caracterizada por desafios na audição e análise de fonemas, envolvendo dificuldades temporárias, bem como nas percepções de sucessão e duração. Esses indivíduos apresentam trocas de fonemas e grafemas por outros semelhantes, além de enfrentarem dificuldades no reconhecimento e na leitura de palavras sem significado.

• Dislexia diseidética se manifesta na percepção geostática, onde há uma tendência a perceber o todo como sendo maior que a soma das partes. Além disso, ocorrem desafios na análise e síntese de fonemas, caracterizados pela leitura sílaba por sílaba, dificuldade na síntese das palavras, mistura e fragmentação das palavras, e trocas por fonemas similares. Esses indivíduos geralmente enfrentam maior dificuldade na leitura em comparação com a escrita.

• Dislexia visual refere-se a uma dificuldade na percepção visual e na coordenação visomotora, envolvendo desafios no processamento cognitivo das imagens.

• Dislexia auditiva caracteriza-se pela deficiência na percepção auditiva, na memória auditiva e fonética, resultando em dificuldades no processamento cognitivo dos sons das sílabas.

• Dislexia mista refere-se à combinação de mais de um tipo de dislexia, envolvendo múltiplos aspectos e desafios no processamento da linguagem, tanto na percepção visual quanto auditiva, resultando em uma manifestação complexa do transtorno.

 

2.3 SINTOMAS

 

• Não consegue associar o símbolo gráfico e as letras ao som que os representa.

• Sentir a necessidade de traças as linhas do texto com dedos.

• Quando a incompreensão na leitura ultrapassa a fase de alfabetização;

• Ler de forma silabada.

• Entender palavras diferentes trocando uma por outra por exemplo: “famoso” como “família”;

• Exclusão ou acréscimo de letras nas palavras.

• Separar palavras na escrita que não são separadas, por exemplo: “embaixo” por “em baixo” ou “uma” por “um a”.

 

2.4 CAUSAS

     A origem da dislexia está associada a uma alteração cromossômica de natureza hereditária, evidenciada pela recorrência de casos em uma mesma família. Estudos recentes indicam que a dislexia pode ter relação com a produção excessiva de testosterona pela mãe durante a gestação da criança, explicando, assim, a maior incidência do distúrbio no sexo masculino. Isso ocorre devido à tendência de fetos do sexo feminino serem abortados quando expostos a um excesso de testosterona. Os sintomas da dislexia variam em relevância e tornam-se mais evidentes ao longo do processo de alfabetização.

     Os sinais mais comuns incluem dificuldades para ler, escrever e soletrar, compreender o texto escrito, identificar fonemas e associá-los às letras, além de reconhecer rimas e aliterações. Outras manifestações incluem a dificuldade em memorizar a tabuada, reconhecer símbolos e conceitos matemáticos (discalculia), problemas ortográficos como troca, inversão, omissão ou acréscimo de letras e sílabas (disgrafia), falta de organização temporal e espacial, e desafios na coordenação motora. A complexidade desses sintomas destaca a diversidade de manifestações da dislexia, demandando abordagens específicas para o diagnóstico e intervenção adequada.

     O diagnóstico da dislexia requer a avaliação de uma equipe multidisciplinar composta por profissionais como médicos, psicólogos, psicopedagogos, fonoaudiólogos e neurologistas. Antes de confirmar que uma pessoa é disléxica, é crucial descartar a presença de qualquer outra deficiência que possa interferir no processo de aprendizado. Essa abordagem holística assegura uma compreensão abrangente das necessidades do indivíduo, permitindo intervenções específicas e personalizadas para maximizar seu potencial educacional.

 

2.5 TRATAMENTO

 

     Atualmente, não há uma cura definitiva para a dislexia. O tratamento desse transtorno demanda a colaboração de especialistas em diversas áreas, como pedagogia, fonoaudiologia, psicologia, entre outras. Essa equipe multidisciplinar visa auxiliar os indivíduos portadores de dislexia a superar, na medida do possível, os desafios apresentados no mecanismo da leitura, expressão escrita e matemática. A abordagem integrada e personalizada desses profissionais é essencial para desenvolver estratégias adaptativas e promover o pleno desenvolvimento acadêmico e social dos indivíduos afetados por esse distúrbio.

 

2.6 PRECAUÇÃO

 

     Em alguns casos, as complicações que as crianças podem apresentar durante o período de alfabetização ocorrem devido à sua pouca idade e imaturidade, indicando que possivelmente não estão prontas para iniciar o processo de leitura e escrita. Caso as dificuldades persistam, é recomendável encaminhar a criança para avaliação por profissionais qualificados, a fim de identificar eventuais desafios e implementar estratégias adequadas para apoiar seu desenvolvimento educacional.

     Após o diagnóstico e a confirmação de que uma criança é disléxica, é fundamental compreender que isso não implica em menor inteligência. Significa, na realidade, que a criança é portadora de um distúrbio passível de correção ou atenuação. A colaboração entre escola e família desempenha um papel crucial nesse processo, buscando juntos maneiras e abordagens para superar as dificuldades enfrentadas.

     O tratamento desse distúrbio requer uma abordagem cuidadosa, com a escola e a família desempenhando papéis complementares. É essencial contar com a presença de profissionais qualificados, capazes de entender as necessidades específicas da criança. O atendimento abrange áreas como acompanhamento psicológico, psicopedagógico, psicanalítico e fonoaudiológico. Essa abordagem holística visa oferecer suporte integral, prevendo um processo que demanda persistência e atenção para ajudar a criança a superar os desafios associados à dislexia. Ao investir na compreensão e no apoio adequado, é possível proporcionar à criança um ambiente propício ao seu desenvolvimento pleno e ao alcance do seu potencial acadêmico e pessoal.

 

2.7 A DISLEXIA EM INFLUXO

 

     Essas palavras, conhecidas como palavras-gatilho para os disléxicos, são aquelas nas quais não conseguem formar uma imagem mental precisa, gerando confusão significativa. Exemplos incluem artigos como "o", "a", "um" e "uma", além de preposições como "por" e "pelo". Diante dessas palavras, o disléxico enfrenta um esforço considerável, resultando em uma desordem na concentração e um impacto negativo notável. Essa experiência pode ser comparada a um efeito hipnótico, adicionando uma dificuldade adicional ao reconhecimento das palavras durante a leitura, o que, por sua vez, estende significativamente o tempo necessário para a compreensão do conteúdo.

     Comentando o trabalho de Nunes e colaboradores (2000), é importante destacar que o argumento em questão não pode ser utilizado no diagnóstico, uma vez que qualquer criança que não tenha acesso a uma aprendizagem gramatical adequada pode enfrentar dificuldades na compreensão. O desafio central para a criança disléxica está na dificuldade em estabelecer a correspondência entre o que está escrito e o que é lido. Durante o estágio alfabético, a criança disléxica apresenta erros, como trocas, omissões e esquecimento de letras, com uma frequência mais elevada em comparação com outras crianças.

     As desorientações na infância começam a resultar em erros, levando a criança a sentir frustração e desenvolver "soluções" para superar seus problemas, tais como concentração intensa e estratégias como a repetição da "cantiga do alfabeto".

 

2.8 DISLEXIA TEM CURA?

 

     A cura para a dislexia ainda não foi descoberta, mas é conhecido que existem tratamentos disponíveis. O processo é geralmente longo e requer um esforço significativo, sendo fundamental a busca de ajuda por parte da família. Uma abordagem multidisciplinar, envolvendo profissionais como professores, pedagogos, psicólogos, psicopedagogos e fonoaudiólogos, é essencial para superar as dificuldades enfrentadas pelos indivíduos com dislexia. Após o diagnóstico desses especialistas e a confirmação da condição de dislexia, os indivíduos e suas famílias tornam-se mais informados, o que melhora a compreensão no meio em que estão inseridos. Isso, por sua vez, facilita e aprimora o percurso do disléxico, reduzindo potenciais impactos negativos nas áreas escolares e sociais.

     Diversos exemplos de personalidades famosas destacam-se como inspiração de superação e vitória, evidenciando que a dislexia pode ser enfrentada com tratamento adequado. Walt Disney, renomado por criar icônicos personagens de desenhos animados, como Mickey e Pato Donald, além de ser um inovador produtor cinematográfico e empreendedor, é um desses exemplos. Fernanda Young, escritora, atriz, roteirista e apresentadora brasileira nascida em 1970, também figura como um modelo de sucesso na superação da dislexia. Tom Cruise, famoso ator americano e produtor de cinema, reconhecido por suas conquistas na indústria cinematográfica, é mais uma prova de que a dislexia não impede o alcance de grandes realizações, tendo sido indicado ao Oscar e vencido três Globos de Ouro, além de ter sido listado como a celebridade mais popular em 2006. Esses exemplos ressaltam a importância do tratamento e da determinação na jornada de enfrentar e superar os desafios associados à dislexia..

 

3 DISLEXIA NO PROCESSO EDUCACIONAL

 

3.1 DIFICULDADE NA APRENDIZAGEM

 

Os erros mais comuns de serem observados tanto na leitura como na escrita, são:

•Confusão de letras, sílabas ou palavras com pequenas diferenças de grafia: a/o, c/o, e/f, etc;

•Confusão de letras, sílabas ou palavras com grafia semelhante, porém com orientação espacial diferente: b/d, p/b, b/q, etc;

•Confusão de letras que possuem sons parecidos: b/d, p/q, d/t, m/b, etc;

•Inversão parcial ou total de sílabas ou palavras: me em vez de em, sol em vez de los, som em vez de mos, etc;

•Substituição de palavras por outras estruturas, mais ou menos semelhantes: salvou no lugar de saltou, sentiu no lugar de mentiu;

•Contaminação de sons: lalito em vez de palito;

•Adição ou omissão de sons, sílabas ou palavras: casa em vez de casaco, neca em vez de boneca, etc;

•Repetição de sílabas, palavras ou frases: mamacaco, paipai;

•Salto de linha, volta à linha anterior e perda da linha durante a leitura;

•Acompanhamento com o dedo da linha que está sendo lida;

•Leitura do texto, palavra por palavra;

•Problema de compreensão do texto;

•Escrita em espelho (em sentido inverso ao normal);

•Letra ilegível;

•Leitura analítica e decifratória. Quando lê silenciosamente a criança não consegue deixar de murmurar ou mover os lábios, pois precisa pronunciar as palavras para entender o seu significado;

•Dificuldade em exprimir suas ideias e pensamentos em palavras;

•Dificuldade na memória auditiva imediata.

 

     Ao lidar com a complexidade da experiência humana, é reconhecido que, para a maioria, o processo de identificação e transformação de palavras a partir dos sons ocorre de maneira rápida, fácil e prática. No entanto, para aqueles que enfrentam a dislexia, esse processo pode ser desafiador, resultando em dificuldades de aprendizado que, por vezes, podem causar constrangimentos. Por outro lado, é importante ressaltar que os indivíduos com dislexia frequentemente desenvolvem habilidades excepcionais em outras áreas, demonstrando a diversidade e a singularidade das capacidades humanas.

O disléxico tem dificuldades para lidar com o tempo. Seu ritmo para organizar-se, copiar e concluir suas atividades é mais lento que a média da classe. Tem dificuldades para lidar com o espaço, com a própria utilização de material didático, com régua, caderno e livro ao mesmo tempo. Tem dificuldade com desenhos geométricos, mapas, aplicação teórica de conceitos, linguagem subjetiva, simbólica, apresenta disgrafia fora das pautas, das margens e disortográfica, omissão ou acréscimo de letras. Enfim, tudo para o disléxico é muito difícil. (FERNANDES e PENNA, 2008, p. 45).

     Adquirir conhecimento sobre uma criança que enfrenta desafios na aprendizagem proporciona oportunidades para melhorar suas habilidades de leitura e escrita. Torna-se essencial aplicar princípios metodológicos e intervenções dinâmicas que possam suavizar as dificuldades apresentadas, buscando promover um ambiente mais propício ao desenvolvimento dessas habilidades fundamentais.

     É crucial evitar atribuir culpa à criança que ainda não se alfabetizou, reconhecendo que a ausência de aprendizado pode estar relacionada a diversos fatores, como condições de saúde. Nesse contexto, cabe à escola, entendida como uma instituição social inserida em um sistema sociopolítico concreto, buscar maneiras de facilitar o processo de aprendizagem. É fundamental que a escola não se exima da responsabilidade pelos índices de reprovação e evasão, abordando de forma adequada as possíveis dificuldades enfrentadas pelas crianças, sem atribuir erroneamente a falta de progresso a supostas doenças.

            A ação educativa se desdobra principalmente na escola, tornando-se essencial, especialmente no contexto das dificuldades de aprendizagem, promover a integração de igualdades de oportunidades. Ao mesmo tempo, é crucial preparar os alunos para alcançar objetivos, levando em consideração as variadas diferenças e aptidões presentes entre eles, incluindo aqueles com dislexia. A responsabilidade pela prevenção do insucesso escolar não deve recair exclusivamente sobre a escola, mas é necessário que esta atue com cuidado e responsabilidade nesse processo.

     A comunicação e entendimento efetivos entre a escola e a comunidade são fundamentais para obter informações precisas. Isso possibilita que alunos e pais estejam cientes tanto das capacidades quanto das limitações da escola, permitindo prever horários específicos, consultas e encontros. A colaboração entre a escola, profissionais especializados, alunos com dislexia e suas famílias é essencial para facilitar a busca por soluções. Além disso, é importante disponibilizar e promover formação frequente para todos os interessados, como professores. As instituições devem, portanto, criar condições e objetivos comuns voltados para a melhoria das dificuldades associadas à dislexia, contribuindo assim para o sucesso educacional.

 

3.2 O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO NO TRATAMENTO DO DISLÉXICO

 

     O papel do psicopedagogo é de extrema importância ao atuar de maneira cuidadosa na identificação de dificuldades, proporcionando orientações e sugestões metodológicas. Esses profissionais oferecem suporte não apenas na escola, como parte de uma equipe multidisciplinar, mas também em ambientes hospitalares, onde podem diagnosticar e elaborar diagnósticos para pessoas internadas. Além disso, o psicopedagogo desempenha um papel crucial ao oferecer orientação vocacional, educacional e ocupacional, bem como intervenções terapêuticas, contribuindo para o desenvolvimento e o bem-estar dos indivíduos.

     A partir de diversas análises sobre a origem das dificuldades de aprendizagem, Fonseca (1995) destaca de maneira precisa a distinção entre a criança que escolhe não aprender a ler e aquela que não consegue aprender utilizando métodos pedagógicos tradicionais. É imperativo evitar atitudes redutoras que neguem a existência da dislexia. Com efeito, a dislexia vai além de uma simples dificuldade na leitura; ela normalmente se manifesta dentro de um conjunto de problemas que explicam a manipulação deficiente do comportamento simbólico, algo intrinsecamente ligado à aquisição exclusivamente humana.

     O profissional, nesse contexto, desenvolve estratégias que estimulam as habilidades cognitivas muitas vezes subutilizadas no paciente, considerando também aspectos afetivos e sociais. O psicopedagogo desempenha um papel crucial na promoção da autonomia e independência, explorando as perguntas fundamentais de "como eu aprendo" e "como me relaciono com o conhecimento". Por meio de diversos encontros, utilizando recursos psicológicos como jogos, livros e tecnologia, o psicopedagogo busca identificar maneiras de desencadear o processo de aprendizagem do paciente, considerando ritmos individuais, hábitos adquiridos, motivações, ansiedades, defesas e conflitos relacionados ao aprendizado.

 

4 ASPECTOS METODOLÓGICOS

 

     A metodologia empregada neste estudo foi desenvolvida por meio de uma extensa pesquisa bibliográfica, envolvendo a leitura e análise de diversas obras e estudos de diferentes autores e pensadores acerca da dislexia.      A busca por informações foi realizada em sites e revistas especializadas, com o objetivo de compreender as abordagens de profissionais e aprimorar a forma de trabalhar com os alunos afetados por essa condição. A pesquisa incluiu uma investigação detalhada de metodologias que pudessem mitigar os desafios enfrentados no processo de aprendizagem, tanto no ambiente escolar quanto no cotidiano social.

     As leituras realizadas tiveram como objetivo proporcionar uma compreensão mais clara e explorar novas opções, buscando diversas abordagens e métodos que facilitem o processo de ensino para alunos disléxicos. O intuito é transmitir o conhecimento de forma mais simples e clara, tornando o aprendizado mais acessível e compreensível para o corpo discente.

     Realizando uma pesquisa qualitativa, valendo-se de estudos teóricos e observações informais em sala de aula, o objetivo é compreender a subjetividade do processo de ensino, especialmente para alunos que demandam maior atenção em diversos aspectos.

    A pesquisa qualitativa concentra-se principalmente no estudo e análise do universo empírico, abrangendo diversos aspectos, com ênfase no contexto natural. Nessa abordagem, a interação direta do pesquisador com o objeto de estudo adquire relevância significativa. No presente estudo, a focalização foi compreender a dislexia e a dinâmica do ensino, considerando as dificuldades enfrentadas por alunos que frequentemente demandam um acompanhamento mais humano e sistemático.

  Quanto à condução por meio de uma revisão teórica, discutimos sobre a interseção entre dislexia e aprendizagem, explorando ferramentas para lidar com casos específicos. Embora tenhamos realizado observações diretas de alunos diagnosticados com dislexia, é importante ressaltar que a pesquisa estava centrada em estudos teóricos. As observações foram conduzidas com o propósito de embasar conclusões relacionadas ao contexto educativo.

 

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

     Quanto à dislexia e ao papel da escola em diversas abordagens de acompanhamento, é perceptível que a instituição busca constantemente aprimorar seus métodos para proporcionar oportunidades mais inclusivas aos alunos que demandam maior atenção. No entanto, é evidente que ainda enfrentamos desafios consideráveis, uma vez que as diferenças individuais ainda não são devidamente respeitadas como seria desejável.

     É amplamente reconhecido que a dislexia representa um transtorno específico no âmbito da aprendizagem, com origem neurológica, que impacta o reconhecimento preciso das palavras, notadamente no processo de decodificação. As dificuldades associadas à dislexia têm suas raízes na fonologia da linguagem. Na fase pré-escolar, são observados comportamentos como dispersão e baixo envolvimento nas atividades propostas, além de desafios variados na aprendizagem de rimas e canções. Nas séries subsequentes, há uma notável preocupação em adotar estratégias mais adequadas para alunos com determinadas dificuldades.

     É evidente que as escolas, especialmente na atualidade, estão voltando olhares mais atentos para a necessidade de apoio, seja por parte das famílias ou da sociedade em geral. Destaca-se a importância de direcionar esforços para garantir que alunos com dislexia recebam suporte adequado. Nesse sentido, é fundamental que a escola, a família e a sociedade busquem formas de contribuir significativamente para a participação plena desses alunos em diversas atividades cotidianas.

     Diante da complexidade dessa realidade, torna-se crucial que as instituições escolares, ao identificarem indícios de dislexia em uma criança, orientem a família a buscar o suporte de um profissional especializado. O intuito é fornecer as devidas orientações e apoio necessários para enfrentar as demandas apresentadas pela criança, tanto no ambiente escolar quanto no âmbito social. Dada a possibilidade de impacto no desenvolvimento do ensino e da aprendizagem em casos específicos, é responsabilidade dos educadores e profissionais da saúde proporcionarem diagnósticos precisos e elaborarem atividades personalizadas para cada situação.

     Nesse contexto, é imprescindível uma abordagem aberta e colaborativa entre escola, família e profissionais especializados, a fim de criar um ambiente de aprendizagem inclusivo e adaptado às necessidades específicas de cada criança. A parceria entre todos os envolvidos visas garantir o pleno desenvolvimento cognitivo, emocional e social da criança disléxica.

     Além disso, ressalta-se a importância de promover a sensibilização e o entendimento acerca da dislexia, tanto dentro da comunidade escolar quanto na sociedade em geral. Isso contribui para a quebra de estigmas e para a criação de um ambiente mais acolhedor e compreensivo em relação às diferenças individuais.

     É fundamental destacar que o investimento na formação continuada dos profissionais da educação, incluindo professores e equipe de apoio, é um passo relevante para aprimorar as práticas pedagógicas e proporcionar um suporte mais eficaz às crianças com dislexia. A busca constante por atualizações e estratégias inovadoras permite criar ambientes educacionais que atendam às demandas diversificadas dos alunos, promovendo, assim, a igualdade de oportunidades no processo de aprendizagem.

     Diante desse cenário, é perceptível que a abordagem integrada e colaborativa, aliada à conscientização e formação especializada, constitui um caminho promissor para enfrentar os desafios impostos pela dislexia. Essa perspectiva ampliada contribui não apenas para o desenvolvimento individual da criança, mas também para a construção de uma sociedade mais inclusiva e empática.

 

6 REFERÊNCIAS

 

CORREIA, L. M.; MARTINS, AP. Dificuldades de aprendizagem: o que são? Como entendê-las? Porto: Porto Editora, 1999.

FERNANDES, R. A.; PENNA, J. S. Contribuições da psicopedagogia na alfabetização dos disléxicos. Revista Terceiro Setor, v. 2, n. 1, 2008.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário Século XXI: O minidicionário da língua portuguesa. 5ª. ed. Rio de Janeiro: nova fronteira, 2001.

FONSECA, Vitor da. Introdução às dificuldades de aprendizagem. 2ª ed, Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.

NUNES. T e cols. Dificuldades na aprendizagem da leitura: Teoria e prática. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2000.

Fabiano Willcker da Costa Teixeira Azevedo
Enviado por Fabiano Willcker da Costa Teixeira Azevedo em 03/04/2024
Código do texto: T8033954
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