AS MULHERES NA EDUCAÇÃO CAXIENSE: LAURA ROSA (1884-1976) E TIA FILÓ (1910-1926)
AS MULHERES NA EDUCAÇÃO CAXIENSE: LAURA ROSA (1884-1976) E TIA FILÓ (1910-1926)
Luciana Brito de Sousa
Fernanda Grécia Ferreira da Silva
RESUMO: Neste artigo propomos trabalhar a contribuição da mulher caxiense na educação a partir do século XIX, para tal destacamos Laura Rosa (1844-1967), professora, poetisa, contista; e, Filomena Machado Teixeira (1910-1995) conhecida como Tia Filó, sendo figuras femininas que atuaram na educação caxiense. Contudo, sabemos que nesse período de escola normal, em que muitas mulheres tinham por formação o curso de magistério, essas professoras passaram por esse processo de formação. Dessa forma, para compreensão da representatividade da mulher no Maranhão buscamos analisar as transformações sociais, políticas e educionais. Dessa maneira, o objetivo é dar ênfase na colaboração dessas mulheres nas instituições de ensino caxiense. Estudo de cunho bibliográfico, com aporte teórico em NORA (1994), BOSI (1994), dentre outros. Assim, resulta-se da importância do papel da figura feminina no cenário educacional, renomadas educadoras, visando também valorização de nossa cultura em meio as dificuldades em que viviam para construção de identidade da região. Por fim, constata-se a contribuição dessas figuras femininas na alfabetização a sociedade maranhense/caxiense.
Palavras-chave: Mulheres. Caxienses. Educação.
INTRODUÇÃO
Há ainda muitos questionamentos históricos sobre a educação caxiense, mas temos uma problemática, ou seja, como se instituiu-se a educação a partir de mulheres na cidade de Caxias, visto que, em uma época em que a figura feminina não participava das configurações sociais. Nessa justificativa buscamos oferecer aos discentes e docentes a possibilidade de ter conhecimento a respeito das educadoras caxienses, especificamente Laura Rosa (1884-1967), respectivamente professora, escritora, conferencista, a mesma participou de várias esferas na sociedade ludovicense e caxiense, contudo nas Academias Maranhense de Letras-AML (1908) e Academia Caxiense de Letras- ACL 1997).
Além de mostrar que a história do educador é indispensável para o processo de obtenção historiografia das educadoras em questão. Devido à escassez de estudos dos marcos sinalizados na educação caxiense. Segundo, Edimilson Sanches, na obra Do incontido orgulhoso de ser caxiense (2014, p. 26), e há mais de século e meio a França é, sobretudo, para o mundo ocidental, o maior expectador de conceitos e cultura, entre os quais os de liberdade, igualdade, fraternidade e cidadania. Dessa forma,
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O trabalho apresentado é um estudo sobre a importância de trabalharmos a educação no contexto caxiense, através do papel da mulher em meio a conflitos econômicos, sociais e ainda sofrendo influência do patriarcalismo, de certa forma essas mulheres contribuíram para o progresso da educação na cidade de Caxias- MA.
Segundo, Pessoa e Melo (2010, p. 27), na década de 1950, a sociedade caxiense empenha-se em apresentar a mulher ideal em uma única palavra composta: esposa-mãe-dona-de-casa. Nesse contexto, ainda apresentava um olhar preconceituoso e excludente contra as mulheres, fator que se enraizou no período colonial. Assim, a mulher era vista como ser biologicamente “incapaz” de contribuir para o crescimento urbano, social, cultural e educacional da cidade.
Entretanto, o real objetivo que estava presente na sociedade da cidade, era que as mulheres pudessem somente encontrar um “bom marido”, cuidar do lar e contribuir para uma boa família. Vale destacar, que esse pensamento se seguiu com predominância durante todo o século XIX a seguir-se para o século posterior, onde eles ainda almejavam uma posição na sociedade.
Conforme, Salazar (2010, p. 51):
Partindo dessa premissa, podemos observar que os discursos em torno da educação em Caxias, percebemos que no início do século XIX traz consigo as consequências das políticas arbitrárias de Pombal com os descasos para a educação, embora pequenas ações apontassem preocupações no sentido de minimizar os problemas advindos das medidas anteriores. Já na Adesão de Caxias á Independência do Brasil (1823), a Câmara Municipal solicitou à Junta Governativa da capital, que criasse uma cadeira de primeiras Letras, mantida com os recursos da Fazenda Nacional.
Conforme citado acima, a autora deixa claro, que a educação é vista pelos estudiosos como meios de práticas de ressignificação do urbano, para tal a formação dos cidadãos, e para isso precisariam de discursos e práticas educativas.
Pessoa e Melo (2010, p. 35), afirma que: a elite caxiense colocava o homem como provedor do lar, sendo detentor do poder, que as mulheres nesses países fazem caminhar suas opiniões paralelamente a dos representantes do sexo forte. Logo mais, compreende que a figura feminina ocupava um espaço de submissão, onde seu pensamento, seu falar deveria ser inferir ao sexo masculino, pois os homens eram destinados as características, como “sexo forte”, o dominador e as mulheres sendo as dominadas.
Dessa forma, seus pensamentos não eram notados, aceitáveis no meio social, pois elas eram confinadas somente ao serviço do lar e adjetivadas como o sexo frágil. Assim, observa-se que viver nessa época, onde elas estavam sujeitas a ouvirem termos ofensivos, sofrerem opressão, explorações, humilhação era mostrar-se resistentes as desigualdades sociais que perduravam naquele cenário.
Almejar algo que pudesse ultrapassar o que o poder impusera, era querer demais, pois o pensamento que se enraizar foi que a maior conquista que elas poderiam ter era um casamento, ou seja, não tinham necessidade de querer algo além daquilo. Ainda aos estudos de Salazar (2010, p. 52),
O crescimento de Caxias e a transformação do seu espaço, propiciaram novas sensibilidades, e dentro desses espaços projetados as mulheres vivenciam essas sociabilidades e as mudanças no modelo educacional, e uma dessas mudanças é o crescente número de escolas para o sexo feminino na capital e algumas nas pequenas cidades, propiciando a estes espaços de sociabilidades. [...] O estudo sobre a educação no mundo feminino, apresenta a dicotomia presente na mentalidade da época entre educar e instruir, que servia como base para justificar a diferença entre educação feminina e masculina.
Dessa maneira, a formação das mulheres que tem destaque nesse contexto educacional passara pela formação de magistério para ingressar a carreira de educadora, assim discorremos um pouco dessa formação, assim podemos ver que a educação faz parte de um poder centralizado de poder: com possíveis mudanças repetidas na ordem social brasileira, o cerne do pensamento conservador enxergava somente a centralização do poder uma saída para o Brasil, tanto que, meados do século XIX, já se configurava, de maneira plena, uma dupla centralização político-administrativa, e com o detalhe complementar de que ambas se reforçavam mutuamente. Sanches (2010, p.69)
Essa nova ordem veio a partir de organizações governamentais, e que muitos não tinham acesso. Contudo de destaca Laura Rosa (1884-1967), professora, poetisa, cronista e contista, tem ênfase na educação de Escola Normal nos anos de 1900 quando concluiu sua formação magistral, com maior representatividade na educação na cidade de Caxias do Maranhão, a mesma residiu na casa de sua amiga Filomena Machado Teixeira (1910-1995) conhecida como a Tia Filó, também professora, cronista e historiadora.
Portanto, o fazer pedagógico, ampliado por várias atuações de mulheres professoras, é um desafio contra a opressão de um sistema de ensino que insiste em tratar seus alunos como seus próprios alunos. Dessa forma, os principais participantes (professores e professores) como meros auxiliares na história da educação. Esse fato mostra as relações de poder e opressão nas relações de gênero, pois os homens tomam as principais decisões sobre os sistemas de ensino e têm autoridade majoritária masculina sobre as leis.
É evidente a importância de Laura Rosa (1884-1967), foi protagonista no processo de urbanização da cidade de Caxias, no que se refere a construção de prédios escolares nos primórdios do século XX.
O modelo de mulher virtuosa e admirável pela sociedade caxiense as vésperas da década de 1950 é o de uma mulher cristã, dedicada ao postulado, com uma moralidade imensurável, que não podia ser perdida ou manchada no ambiente fabril. (PESSOA; MELO.2010, p. 37)
O feminino para ser bem custa e aceitável e adicionada ao padrão de mulher, elas tinham que seguirem ideologicamente as regras masculinas, que era o adequado, o válido. Consequentemente, se elas fossem contra o ideal de mulher, ou seja, almejar se independente, faturar sua própria renda, era ser vista como imoral anti- ética eram manchadas socialmente. No entanto, essa exclusão do feminino do setor educacional, político e econômico, estava ligado a invisibilidade histórica dessas jovens, dando assim protagonismo aos homens.
CONCLUSÃO
O presente trabalho apresentou a importância das professoras caxienses, Filomena Machado Teixeira e Laura Rosa, destacando a linhagem história da educação caxiense, assim apresentando suas contribuições para o ensino caxiense e a história, valorizando a cultura local, tradições e a história da cidade.
Dessa maneira, resgata a memória da exclusão ou inclusão de mulheres professoras no debate acadêmico no espaço universitário do estado do Maranhão abordando a pesquisa feminista e as relações de gênero são cruciais para lidar com as instituições do sistema de ensino. Esse debate começou em aproximadamente na década de 1980, na Universidade Federal do Maranhão, e como esses profissionais foram incluídos desde então, sua trajetória e contribuições entraram em um certo esquecimento, mas que positivamente pesquisadores buscam dar visibilidade.
Este foi dividido em dois eixos: a recuperação da história no cotidiano escolar e a memória educacional e as relações de gênero na sociedade. Deste modo, tentamos promover o regaste da memória de mulheres professoras, a partir da criação de trajetórias e reprodução de vivências no cotidiano escolar e, simultaneamente, dar visibilidade ao legado educacional maranhense por meio da pessoa mulher.
Este trabalho foi muito importante para a discussão da educação na perspectiva de mulheres no século XIX e que de certo modo não são vistas com a aprofundamento devido os livros das escolas primarias não estarem em circulação, isso dificultou a reunião de suporte teórico, mas de grande satisfação e compreensão desse período da história.
REFERÊNCIAS
BOSI, Ecléa. Memória e sociedade: lembranças dos velhos-3.ed. São Paulo. Companhia das Letras, 1994.
NORA, Pierre. Entre história e memória: a problemática dos lugares. Revista Projeto História. São Paulo, v.10.p.7-28, 1993.
PESSOA, Jordania, MELO, Salânia. Percorrendo becos e travessas: feitios e olhares das histórias de Caxias. Caxias-MA. Edufpi. 2010.
MELO, Salânia Maria Barbos, SOUZA, Joana Batista, SALAZAR, Denise Cristina da S.C. Esquinas do tempo e narrativas de Caxias. Caxias: Edufpi, 2017.
SANCHES. Edmilson. Do incontido orgulhoso de ser caxiense. Ed. Ática. Imperatriz- MA. 2014.