INSEGURANÇA ALIMENTAR

O que será do amanhã nas mais variadas famílias vítimas das ineficientes ações federais, estaduais e municipais?

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É sabido que há, no Brasil, mais de sessenta milhões de brasileiros que passam por insegurança alimentar, ou seja, fome. Não têm como saber o que terão à mesa no dia seguinte, muito menos dali a um tempo.

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Segundo a VIGISAN (Inquérito Nacional Sobre Segurança Alimentar no Contexto da pandemia Covid-19 no Brasil), há mais de 33,1 milhões de pessoas passam fome no Brasil.

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A Insegurança alimentar não significa miséria. Ela pode ser moderada, leve ou grave. A insegurança grave (atinge 15,5% dos brasileiros): é a fome; não tem o que comer. A moderada representa 15,2% dos habitantes do Brasil: os alimentos começam a faltar, a família passa a fazer uma refeição por dia. Os pais deixam de comer, para que os filhos comam. A insegurança leve (28,%): quando, por exemplo, quem sustenta a casa, tem a renda diminuída. Ao invés de comprar uma mistura considerada boa, passa a consumir outra, bem inferior!

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Uma das principais causas que promovem a fome é o desemprego. Milhares de pessoas pelo mundo estão sem trabalho, sem a carteira profissional assinada. E, sem renda, não tem como adquirir alimentos, pagar luz e água, tampouco arcar com aluguel; daí, a necessidade de obter renda monetária para se sustentar e bancar a própria família. Em muitos casos quem arca com as despesas da casa é a mulher.

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Outra causa bastante forte é a desigualdade social: enquanto uns recebem milhões, mensalmente; outros têm que se virar com um salário mínimo. E outros, nem trabalho têm. Repito: desemprego.

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As mudanças climáticas também colaboram para que a ausência de alimentos em vários setores da sociedade ocorra, porque a quantidade e qualidade são prejudicadas. A escassez de chuvas afetam bastante as lavouras e o exagero, também.

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O que será do amanhã, se hoje a pessoa não sabe se terá como fazer um arroz com feijão ou uma misturinha? É difícil imaginar uma situação dessa, se não há perspectiva de melhora, justamente porque não há emprego; ou até mesmo, existe um "bico" ou "biscate", no entanto, não passa de um quebra-galho; não é renda fixa, não dá para contar com o valor, como se fosse salário mensal.

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A barriga, ronca e pede, a cabeça dói e roda, as pernas tremem, um copo de água provoca náuseas. O cabelo está grande, o desodorante acabou, o chinelo está furado, não tem como pagar passagem de ônibus para procurar emprego, a boca está seca. A fome é a culpada de tudo isso; do contrário, esse alguém estaria disposto; e muitas queixas não existiriam.

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Além das consequências no aspecto físico, surgem os problemas psicológicos, emocionais. Não são aparentes, porém, quem os sente, sabe que não são tão diferentes das questões físicas. Sem contar com a humilhação pela qual passa a pessoa com fome; e com muita fome. Basta ver alguém em um cruzamento de ruas, ao pedir ajuda em forma de dinheiro ou de alimentos. Muitos são chamados de marginais e há motoristas que fecham o vidro quando se aproximam de locais com pedintes. O número desses aumentou, consideravelmente, com a pandemia. Os conflitos socioeconômicos se agravaram. Mas isso não justifica, realmente, a quantidade de desempregados pelo país, subdivididos nos municípios. Faltam trabalhos eficazes dos gestores.

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O que será do amanhã, se as panelas estão vazias desde hoje, se o fogão está livre dos utensílios ocupados e talvez do gás, dali a alguns dias? Como adquirir alimentos, como comprar o botijão, como saciar a fome das crianças, como acabar com a desnutrição dos mesmos ou impedir que isso ocorra?

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Quais políticas públicas existem no Brasil no âmbito federal? E nos estados e municípios, o que os governadores e os prefeitos fazem para amenizar ou até mesmo findar a fome?

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Como fazer com que os alimentos estejam nos lares, se alguns prefeitos proíbem a doação de alimentos, via terceiros e alega perigo quanto ao envenenamento? Por que esses prefeitos não cumprem com os deveres locais relacionados ao tema, e resolvam os problemas alimentícios?

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O que será do amanhã se ao invés de gerir e administrar o país, não há medidas públicas fortes?

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Por que as pessoas são demitidas, como acontece nos bancos que, com a criação do PIX, mandaram embora milhares de funcionários, aumentando a taxa de desocupados?

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Onde está a eficiência dos estados em que vários governadores desviam, descaradamente, recursos de um setor para o outro, e alegam necessidade?

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O que fazem os prefeitos que preferem, juntamente com o presidente e com os governadores, demonizar a educação, ao invés de trabalhar, de fato, em prol da população brasileira?

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A fome não pode contar sempre com milagres promovidos pela população ao doar valores (mesmo contra a vontade de alguns) e alimentos através de cestas básicas, em muitos casos.

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As parcerias, com empresas (principalmente das redes alimentícias) têm que receber segurança de que essa "caridade" terá retorno (as pessoas comprarão, dali a algum tempo). Doação por parte das empresas em geral, chega a ser investimento.

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O que será que a família, seja em qual for a região, vai comer amanhã? Na dupla regional Norte e Nordeste, o problema é maior, mas a fome é a mesma.

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Muito desses desajustes econômicos movidos pela falta de alimentos nesses estados, se deve, também às terras secas, que em muitos casos, impossibilitam o plantio. Promover a irrigação, parece não ser o primordial motivo. O solo pode estar afetado; mas, e a criatividade e vontade resolver a situação?

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Outro conflito que assola o país e recai sobre os menos favorecidos está relacionado aos preços dos alimentos. Não há interesse por parte dos governantes, em resolver o problema: necessitam de mão de obra barata. Os esforços não existem, exceto na hora das propagandas eleitoreiras. Não estão preocupados, de fato, com as barrigas alheias vazias. Querem que efetuem as tarefas a preços irrisórios.

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Outro motivo que contribui, e muito, para que os alimentos sejam encarecidos referem-se às mudanças climáticas, a escassez de recursos hídricos, de um modo geral. A temperatura aumenta, quase não chove e não tem como produzir vários alimentos. Ou então falta sol; faz muito frio, ou cai água em demasia. A degradação do solo se faz presente e dificulta ainda mais a plantação e o cultivo de alimentos.

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A alimentação é necessária, todos os dias. É bem diferente de esperar por um tempo adequado para tal plantio. O agricultor ou cultivador sabe que em determinada época do ano deve plantar, por exemplo, milho e colher dali a alguns meses. Se a situação climática não ajudar, a colheita será afetada, diminuída, culminando em prejuízos. Os pequenos agricultores sofrem bem mais, em se tratando de cultivos, porque os grandes resolvem as inconveniências, com facilidade.

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A soberania alimentar deveria ser um direito humano adquirido pela Constituição, desde 2010; porém, as mazelas e a aprovação de inúmeros agrotóxicos (alguns, inclusive, proibidos na Europa), fazem com que a alimentação, de um modo geral, esteja longe de ser 100% eficaz.

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Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), o combate contra a fome é um desafio global.

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Os gestores brasileiros precisam cuidar do país, de maneira mais humana; e não pensar apenas no viés econômico: os melhores produtos deveriam ficar no Brasil, as políticas públicas deveriam ser expostas e desenvolvidas com eficiência. A estratégia alimentar para o sustento de uma população de 213,3 milhões de habitantes tem que ser forte o suficiente.

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Nilceu Francisco é Professor, Educador, Escritor, Jornalista, Poeta, Articulista, Ambientalista,

Videorrepórter, Videojornalista etc.

Nilceu Francisco
Enviado por Nilceu Francisco em 05/01/2024
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