Universidade da Maturidade forma turma de idosos indígena em Tocantínia
A primeira turma indígena do Brasil da Universidade da Maturidade, um projeto de extensão da UFT, vai se formar nesta quinta-feira, 21, em Tocantínia, região central do Estado. A colação de grau dos 28 alunos está prevista para ocorrer às 19h, no Centro de Ensino Médio Indígena Xerente Warã.
A turma se iniciou em novembro de 2021 e colam grau após dois anos de formação com professores orientados pela universidade, em parceria com a Prefeitura de Tocantínia.
Dois alunos falecidos serão homenageados: Brudi Xerente e Simnãwẽ Xerente.
A coordenadora nacional da Uma, Neila Osório, destaca a importância da turma. “Pela primeira vez daremos o direito de oferecer título para quem já possui experiência. É um momento inédito na nossa vida de educadora porque adentramos nas nossas origens, onde fomos aprender de onde viemos e a respeitar o pertencimento de tudo que nos rodeia. A universidade quebra o paradigma do saber formal e dá o devido valor aos saberes de quem sempre viveu aqui”, comentou.
O professor Leonardo Sampaio Baleeiro Santana explica que o processo de ensino exigiu adaptações às necessidades dos alunos. “O polo indígena foi diferente das demais, todas as outras tinham ementas pré-destinadas. Nossos anciões falam português, mas nada melhor do que ouvir e falar na própria língua materna. Então, todas as nossas ementas que imaginamos e fizemos foram traduzidas para a língua materna e fácil compreensão”, contou.
Para o professor, a estratégia pedagógica principal para engajar e motivar a turma, foi colocá-los como protagonistas.
“A UMA vem com esse propósito: educação ao longo da vida. Eles são bibliotecas vivas, memórias, saberes e conhecimentos dos antepassados. Colocarem eles como protagonistas da vida deles e desse ensino e aprendizado, foi a cereja do bolo, pois eles sentiam que a universidade foi feita com eles, para eles e a partir deles”.
O secretário municipal da educação de Tocantínia, André Ribeiro de Goveia, ressalta a alegria e emoção na formação da primeira turma da UMA Indígena do Brasil.
“Por ser a primeira, gera um sentimento de muita satisfação e felicidade. É um caminho aberto para oportunizar para esses povos uma qualidade de vida superior, fortalecer a valorização e sistematização dos saberes das chamadas bibliotecas vivas que são os anciãos indígenas”.
A UMA faz parte do projeto da Universidade Federal do Tocantins, que leva educação e atividades extracurriculares para pessoas idosas em todo o estado. Há três polos na cidade de Tocantínia: um na zona urbana, um no Assentamento Água Fria II e o outro na aldeia.