A arte de dizer não as pequenos
O desenvolvimento infantil é descrito pela literatura como um processo dinâmico e progressivo e a maturidade cerebral da criança está diretamente associada a idade cronológica. Assim sendo, a partir dos oito meses de idade, o bebê já começa a entender o significado da palavra “não”, talvez essa seja a palavra mais escutada na infância, pois é uma palavra limitadora e poderosa.
Uma criança que não aprende a lidar com as frustações e limites, não aprende a viver nesse mundo cheio de desafios. É preciso também que a criança saiba lidar com escolhas e perceba que muitas vezes, no decorrer do dia, ao escolher uma determinada coisa ou caminho, estará abrindo mão de outra. Nesse momento, cabe aos pais resistir ou a essa criança terá certeza de que o choro é capaz de dominar a família inteira.
Segundo pesquisas, quando os pais conseguem resistir a gritaria, as birras e as brigas, eles também estão mostrando à criança que se preocupam com ela. Saber dizer não na hora certa é fundamental. A birra por exemplo, só será evitada se ela souber claramente o que pode ou não fazer. No caso de uma birra em público os pais devem agir como se estivessem em casa, ou seja, sem público, mesmo que os olhos alheios critiquem. Quando os adultos conseguem manter a calma, olhar a birra e não se envolver com ela, em poucos minutos a criança se acalma e aprende que o melhor caminho para o que deseja não é aquele.
É muito importante não dar atenção somente na hora que a criança faz coisas erradas, pois estará reforçando esses comportamentos indesejados. Para estimular comportamentos positivos é preciso dar atenção e estimular a criança dando carinho, beijos, abraços e reconhecendo quando ela faz algo de bom. Esses pequenos limites devem ir acompanhando a capacidade da criança de tolerar e compreender.
Segundo Tânia Zagury, “é fundamental acreditar que dar limites aos filhos é iniciar o processo de compreensão e apreensão do outro (atualmente muita gente acredita que o limite provoca trauma psicológico, e em consequência, acaba abrindo mão desse elemento fundamental na educação). Ninguém pode respeitar seus semelhantes se não aprender quais são seus limites – e isso inclui compreender que nem sempre se pode fazer tudo o que se deseja na vida.” (Zagury. Limites sem trauma. 2003. 48ª ed. Pg.17).
Impor limites aos filhos nos dias de hoje é um grande desafio. Veja algumas dicas que podem orientar suas ações:
• Ser objetivo de forma clara, por exemplo: “fale baixo” ou invés de “não grite”; “segure minha mão para atravessar a rua”, essas expressões dizem à criança realmente o que deve ser feito.
• Ofereça opções: em algumas situações podemos dar a criança oportunidade de escolha, por exemplo: na hora de se vestir oferecer duas opções da roupa “você quer colocar qual dessas?” são escolhas limitadas, mas que dão a sensação de autonomia e domínio, mas não podemos deixá-las escolher se quer comer chocolate ou um prato de comida.
• Ser firme: dizer a criança o que ela deve fazer de maneira clara e direta, por exemplo: “pare agora” e explicar o porquê.
Os pais tem o direito de dizer não aos filhos, frustramos nossos filhos porque eles esperam que, a todo momento estejamos à disposição de seus interesses. Se você não fizer todas as suas vontades, não se preocupe. A última palavra sempre deve ser sua.
Ao ensinar o filho lidar com suas frustações da vida, os pais aumentam as chances deles se tornarem adultos mais felizes. São os limites que dão proteção à criança interna e externamente, que vão ensiná-la a viver bem em sociedade, a ter moral e ética para o futuro.
Artigo escrito pelas professoras: Karina Rech Herves e Lidiane Leonardelli da Escola Municipal de Educação Infantil Amor Perfeito.